sábado, 3 de setembro de 2011

Mais do mesmo: PT quer controle da imprensa

Congresso do partido, que teve início nesta sexta-feira em Brasília, deve aprovar resolução atacando veículos de comunicação e pedindo intervenção estatal

Política Partidária

Gabriel Castro
Lula, Dirceu e Dilma no congresso do PT: ofensiva sobre imprensa está explícita na proposta de resolução que será aprovada no domingo (Ueslei Marcelino/Reuters)

A abertura de mais um congresso do PT em Brasília, nesta sexta-feira, marcou a volta de uma antiga obsessão do partido: o controle dos meios de comunicação. A mais nova ofensiva do partido sobre a imprensa está explícita na proposta de resolução que será aprovada ao fim do encontro, no domingo. Diz o texto: “A crescente partidarização, a parcialidade, a afronta aos fatos como sustentação do noticiário preocupam a todos os que lutam por meios de comunicação que sejam efetivamente democráticos. Por tudo isso, o PT luta por um marco regulatório capaz de democratizar a mídia no país”.

Nos discursos do presidente da legenda, Rui Falcão, e do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, os meios de comunicação se transformaram no principal alvo de um partido que enfrenta uma oposição cada vez mais enfraquecida. Falcão defendeu que o Parlamento aprove um marco regulatório para os meios de comunicação.

Até quando declarou apoio à propalada “faxina do governo”, Falcão não poupou a imprensa: “Apoiamos incondicionalmente o combate sem tréguas da corrupção. Sem transferir acriticamente para setores da midia que se erigem juízes da moralidade uma responsabilidade que é pública, a ser compartilhada por todos os cidadãos”, teorizou.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso curto e não ficou até o final do evento. Logo no início, admitiu estar inseguro: “Eu não sei muito o que dizer. Não posso me meter muito mas coisas do partido porque o presidente já falou. Segundo porque não posso me meter nas coisas do Brasil, porque a presidente vai falar".

Prévias - Depois, Lula garantiu que não é contra as prévias para a escolha de candidatos nas eleições de 2012: o ex-presidente, que trabalha para emplacar a qualquer custo o nome de Fernando Haddad na prefeitura paulistana, se fez de desentendido. E, claro, culpou a imprensa: "É uma bobagem, porque fui eu que propus a criação das prévias num Congresso do PT em São Bernardo, em 1991. Cada um decide fazer prévias ou não de acordo com a realidade política de cada região", disse.

A reunião da Executiva do PT reúne mais de 1 300 delegados em Brasília. Os militantes devem atualizar o estatuto do partido e decidir as condições da realização de prévias para a disputa das prefeituras em 2012. A disputa interna entre os pré-candidatos tem criado desgastes em algumas capitais, especialmente em São Paulo. O encontro também deve terminar com a aprovação de uma nota de apoio ao mensaleiro José Dirceu. Dirceu, aliás, teve lugar de destaque na mesa principal do evento desta sexta-feira. E, ao ser anunciado, foi aplaudido de pé pelos militantes.

Além da referência ao controle da imprensa, o texto apresentado pela direção do partido e que deve ser aprovado ao fim do congresso defende ainda uma reforma política com voto em lista e financiamento público de campanha e declara apoio à redução da taxa de juros.






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