quinta-feira, 22 de setembro de 2011

BC faz operação no mercado futuro que tende a amenizar alta do dólar

Venda de 'swaps cambiais' não era realizada desde 26 de junho de 2009.
Da oferta total de US$ 5,6 bilhões, US$ 2,71 bi foram vendidos pelo BC.


Alexandro Martello
Do G1, em Brasília

Com a persistente alta do dólar, que está oscilando nesta quinta-feira (22) ao redor de R$ 1,90, o Banco Central anunciou que realizaria a oferta de contratos de "swap cambial" tradicionais - que equivalem à venda de divisas no mercado futuro.

Do valor de até US$ 5,6 bilhões da oferta em contratos de "swap", US$ 2,71 bilhões (cerca de metade da oferta), foram vendidos pelo BC. Após o fim do leilão, o dólar diminuiu sua alta frente ao fechamento desta quarta-feira (R$ 1,85). Depois da abertura, na manhã de hoje, chegou a ser cotado em R$ 1,95.

Este tipo de operação, que tende a amenizar as pressões de subida do dólar no mercado à vista, não era realizado desde 26 de junho de 2009, quando o Brasil ainda sentia os impactos da primeira etapa da crise financeira internacional.

Os "swaps cambiais" são contratos entre o Banco Central e instituições financeiras no mercado futuro, negociados via BM&FBovespa, nos quais a autoridade monetária é vendedora de dólar a uma determinada taxa pré-estabelecida. Nesta quarta-feira, a autoridade monetária já havia informado que deixaria de rolar vencimentos de contratos de "swap cambial reverso" - que equivalem à compra de moeda norte-americana no mercado futuro.

Posição comprada do BC
Até esta quarta-feira (21), o BC ainda estava "comprado" em US$ 8,34 bilhões no mercado futuro de câmbio. Com a não rolagem dos vencimentos, e agora com o reinício da venda de contratos de "swap cambial", essa posição recuará.

Em outubro, novembro e dezembro, respectivamente, vencem US$ 1,98 bilhão, US$ 910 milhões e US$ 150 milhões em contratos de "swap cambial reverso". A posição comprada da autoridade monetária no mercado futuro voltou a crescer somente em 2011, ou seja, com o início do mandato da presidente Dilma Rousseff e, também, de Alexandre Tombini no comando da autoridade monetária.

Até o fim do ano passado, o Banco Central estava "zerado" no mercado futuro, ou seja, sem operações ativas. Entretanto, com a forte entrada de divisas na economia nos primeiros meses deste ano, a autoridade monetária voltou a ofertar contratos de "swap cambial reverso" - apesar da reticência de alguns analistas sobre a eficácia deste tipo de atuação na cotação do dólar.

Fluxo cambial
Números divulgados pela autoridade monetária também nesta quarta-feira revelam que os dólares continuaram ingressando na economia brasileira em setembro, embora o ritmo de entrada de divisas no país tenha caído na semana passada. A entrada de recursos no país, segundo analistas, teoricamente favoreceria a queda do dólar, e não o seu aumento.

Especialistas, entretanto, apostam que a alta do dólar, verificado nos últimos dias, seria transitória. Sidnei Moura Nehme, da NGO Corretora, argumenta que a alta recente do dólar está ligada a especulações justamente no mercado futuro (derivativos) - no qual o BC acabou de informar que não ofertará mais contratos de "swap cambial reverso".

"A alta que verificaríamos seria pontual e não sustentável. No nosso ponto de vista, nada mudou em perspectiva, não teremos nenhum terremoto e nem se justificam os alaridos magnânimos que assistimos, ouvimos e lemos hoje em torno do assunto. Não há, no nosso entendimento, fundamentos críveis que possam levar o real a uma depreciação expressiva, e, dentro do conceito flutuante, deve ter a curva apontando para um preço no intervalo de R$ 1,60 a R$ 1,65 ao final do ano", avaliou Nehme em comunicado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário