terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Eólicas vão investir em centro de pesquisa no RN

Andrielle Mendes - repórter

A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) está mapeando instituições que pesquisam a temática em todo o país. O objetivo é implantar uma rede de pesquisa nacional. O documento que trará as diretrizes da rede ficará pronto até 2013. As visitas, que vão resultar na confecção do documento, começaram pelo Rio Grande do Norte, que contará com um Centro Internacional dedicado à eólica, estruturado pela Fundação de Apoio a Pesquisa no Estado. No RN, líder em oferta de energia eólica (somando todos os leilões realizados), pelo menos seis instituições já desenvolvem trabalhos na área. Este é o caso do CTGás que já desenha um túnel de vento. Ontem representantes da associação, entre eles a presidenta Élbia Melo, visitaram instituições e discutiram a implantação da rede com pesquisadores e autoridades potiguares. Élbia preferiu não fixar datas nem citar valores.

Rodrigo Sena
Élbia Melo: medidas para fortalecer o mercado interno e reduzir a importação de parques eólicos

Embora o ano de 2011 tenha marcado a consolidação da eólica na matriz energética brasileira (o setor conseguiu emplacar mais de 2 gigawatts no último leilão), sua participação ainda é pequena quando comparada a de outras fontes de energia. A eólica não representa nem 1% da matriz energética brasileira, destaca Élbia. A meta prevista no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDEE), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é atingir 7% em 2020. As companhias do setor querem chegar a 15% em oito anos. A implantação da rede pode acelerar este processo.

De acordo com Delberis Lima, professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e consultor da associação, a rede de pesquisa nacional, que congregará todos os estudos referentes à temática, vai facilitar o acesso a financiamentos através de instituições públicas e de empresas privadas. "É mais fácil obter recursos se juntarmos os pesquisadores", justifica. A unificação do banco de dados, complementa Alexandre Street, também professor do Departamento de Engenharia Elétrica da PUC e consultor da Abeeólica, evita duplicidade de estudos e desperdício de recursos.

Além de implantar a rede, o papel da associação neste processo, segundo eles, será informar demandas e trazer recursos. Atualmente, a associação é composta por 100 empresas nacionais e estrangeiras que atuam na cadeia da eólica. Todas são clientes em potencial dos institutos de pesquisa. A rede também tem como objetivos estimular a fabricação de equipamentos no país e capacitar mão de obra para o setor. Hoje, o Brasil importa boa parte dos equipamentos. 'Tropicalizar' a fabricação, segundo Alexandre, baratearia os projetos e tornaria a energia ainda mais competitiva. A concorrência das empresas não atrapalharia o processo, segundo ele. "A palavra é cooperação e não concorrência".

LINHAS DE PESQUISA

Uma das linhas de pesquisa abordará os impactos causados pela instalação dos parques eólicos nas comunidades. A iniciativa, segundo Alexandre Street, evitará que casos como o de Galinhos se repitam. Para a comunidade, cujas principais fontes de renda são a pesca e turismo, a instalação dos aerogeradores afugentaria peixes e turistas. Para Élbia Melo, presidenta da associação, trata-se de um caso isolado, reflexo da falta de informação. Alexandre explica que reação é natural diante de algo novo. "Mas sempre há algum tipo de compensação. Uma escola, um hospital. A instalação dos parques, por si só, gera emprego e renda e ajuda a desenvolver a região", acrescenta. Para Élbia, parques eólicos também podem se transformar em pontos turísticos.

*Tribuna do Norte

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