William Correia e Luiz Ricardo Fini
São Paulo (SP)
O primeiro jogo da Copa do Mundo no Brasil teve choro de emoção, raiva dos dois times em campo, gol contra, pênalti polêmico e, principalmente, Neymar. O camisa 10 fez dois gols na vitória de virada por 3 a 1 sobre a Croácia que fez a Seleção superar gol contra de Marcelo e vencer de virada.
A sensação final da partida foi de alívio graças ao astro do Barcelona. Tudo porque a equipe de Luiz Felipe Scolari não conseguiu controlar a emoção e começou o Mundial errando demais. O pior deles ocorreu aos dez minutos do primeiro tempo, quando Daniel Alves deixou seu setor totalmente livre para Olic cruzar e Marcelo marcar gol contra.
Oscar, então, apareceu no jogo e venceu divididas para dar a Neymar a bola que o astro chutou para empatar, aos 29 minutos do primeiro tempo, dando chance de o time controlar os nervos. O que não foi possível para os croatas, que tiveram um segundo tempo cheio de reclamações contra o árbitro.
Aos 23 minutos, Fred caiu na área ao ser tocado por Lovren e foi marcado pênalti, intensamente contestado pelos europeus. Mas Neymar converteu e ainda vibrou quando o japonês Yuichi Nishimura também viu falta de Olic em Júlio César para anular o gol de Perisic, que seria o de empate, aos 37. Aos 45, Oscar fechou a conta.
Contestações à parte, o Brasil começa o Mundial com três pontos e buscará outros três diante do México, às 16 horas (de Brasília) de terça-feira, no Castelão, em Fortaleza. A Croácia tenta somar pontos diante de Camarões, na quarta-feira, às 18 horas, em Manaus.
Wagner Carmo/Gazeta Press
O jogo – O privilégio de jogar uma Copa do Mundo no próprio País resultou em choro nos atletas brasileiros, emoção que contagiou o estádio, mas que demorou a sair do time. A Croácia, que entrou em campo armada para não sair atrás do placar, teve exatamente o que queria.
Como prometeu o técnico Noko Kovac, os europeus tiveram as duas linhas de quatro e a dupla de atacantes compactas, com os dois da frente marcando como volante. O Brasil, então, logo obedeceu Luiz Felipe Scolari, ocupando o campo adversário com todos os seus jogadores de linha. Mas sem encontrar espaço.
A tática croata logo deu certo gerando erros, começando por Oscar, o primeiro a errar passes e proporcionar os contra-ataques que os rivais queriam. Quando a Seleção só tinha finalizado em cabeçada sem perigo de David Luiz, Perisic escapou pela direita e Daniel Alves cometeu seu primeiro grave erro defensivo ao se posicionar mal e deixar Olic cabecear rente à trave de Júlio César, aos seis minutos.
A tensão brasileira, ainda fruto da emoção do hino nacional, ficou clara quando David Luiz quis agilizar uma cobrança de falta da defesa e acertou um forte chute nas costas de Luiz Gustavo. Neymar tentava ajudar voltando até a defesa para dar dinâmica e quebrar as linhas defensivas croatas, mas não era suficiente.
Felipão se irritava com os espaços dados para o contra-ataque e, aos dez minutos, fez questão de apontar que Olic passava livre nas costas de Daniel Alves e ainda tinha Ratkic totalmente desmarcado para iniciar uma troca de passes. Mas Olic resolveu cruzar rasteiro para Jelavic, que desviou sem força. Logo depois dele, porém, Marcelo inaugurou o placar da Copa do Mundo com um gol contra.
Marcelo Ferrelli/Gazeta Press
Vítima de erro de Daniel Alves, Marcelo logo cobrou seus colegas por perderem muita bola no meio-campo, enquanto Júlio César gritava “Vamos, vamos, vamos” para motivar os companheiros. Mas as consequências da emoção incontida ficaram claras quando até Thiago Silva cometia erros incomuns para ele no campo de defesa.
Foi quando Oscar, titular mais criticado do Brasil, resolveu aparecer para o jogo. Primeiro, passou a jogar em cima do improvisado lateral esquerdo croata, virando preocupação que evitava a exploração dos rivais nas costas de Daniel Alves. Assim, aos 13, cruzou bola que atravessou o gol sem ser desviada por Fred nem Neymar.
Para auxiliar seu lateral direito, Felipão ordenou a Henrique que trocasse de lado, segurando mais croatas no lado esquerdo da defesa europeia. Oscar, então, ficou tão solto quanto Neymar e, assim, entregou a bola para Paulinho entrar na grande área e finalizar em cima do goleiro Pletikosa, aos 20.
O Brasil, enfim, mostrava competitividade, personificada na insistência de Neymar em ir até a linha de fundo para superar a marcação de Raktic e cruzar bola que sobrou para Oscar soltar a bomba aos 21. A impressão de nervos exaltados só voltou quando Neymar levou amarelo por deixar o braço no pescoço de Modric, aos 25.
Mas Neymar já acertava mais do que errava. Oscar, também. Aos 29, o camisa 11 venceu dividida no círculo central e, mais à frente, deixou o pé duro para vencer dois marcadores e rolar para Neymar, que deixou um rival no chão, aproveitou a passagem de Fred abrindo espaço e ignorou o posicionamento sem marcação de Paulinho paara chutar. A bola tocou no pé da trave esquerda croata antes de gerar alívio a todos.
O gol de empate foi celebrado com abraço coletivo em Scolari. A sensação era de que os prejuízos do nervosismo inicial tinham sido sanados. O carrinho firme de Oscar logo depois da saída de bola croata comprovou que o jogo já tinha dono. O Brasil tinha dois ou três jogadores marcando cada croata que ficava na bola e terminou o primeiro tempo mais animado.
Wagner Carmo/Gazeta Press
O intervalo serviu para os brasileiros entenderem que a emoção precisava estar controlada, e o time voltou bem mais tranquilo, tocando a bola em busca de espaços em vez de forçar jogadas. Todos no estádio de Itaquera sabiam que a Croácia estava disposta a ficar com a bola ou virar espectador para garantir, ao menos, um ponto diante do grande favorito a ser campeão mundial em 2014.
A Seleção, no entanto, mal fazia o goleiro Pletikosa trabalhar e o croata Modric sabia dominar a troca de passes quando seu time tinha a bola, para segurar os donos da casa. Assim, aos 18 minutos, Felipão resolveu trocar Paulinho, cansado, para mexer na dinâmica do meio-campo com a entrada de Hernanes.
Mas foi na base da vontade de Neymar em tirar a bola do rival já no campo de defesa que o Brasil cresceu. Aos 20 minutos, o atacante foi derrubado com violência e arrumou cartão amarelo para Corluka. Scolari entendeu como furar a retranca adversária e trocou Hulk para apostar na velocidade de Bernard, aos 22.
As faltas croatas se tornaram fatais. Aos 23, Fred domina de costas e cai na grande área ao ser tocado por Lovren. Sob intensa contestação, o árbitro marcou pênalti e ouviu por dois minutos a reclamação dos europeus. Quando foi autorizado, Neymar cobrou na mão de Pletikosa, que não colocou força suficiente para espalmar e permitiu que a bola entrasse, proporcionando a virada brasileira.
A Croácia teve que controlar a irritação para ir à frente e acabou dando espaços para o Brasil controlar a bola. A defesa de Scolari, contudo, estava longe de ser confiável e uma saída errada de Júlio César resultou em gol de Perisic, aos 37. O empate só não foi confirmado porque o árbitro apontou falta de Olic ao se chocar com o goleiro.
O resultado, então, deu à torcida a oportunidade de gritar “olé”. Em campo, o desempenho da defesa deixou a desejar, tanto que Felipão abriu mão de Neymar para Ramires ajustar a marcação nos fim do jogo. Júlio César salvava o time com defesas até que, nos acréscimos, um chute de bico de Oscar nas redes garantiu a vitória.
*Gazetaesportiva.net
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