Nadjara Martins
repórter
Os efeitos gerados pela chegada do novo inquilino do município de São Gonçalo do Amarante, o Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, já começaram a ser sentidos, principalmente pelo mercado de trabalho. De acordo com relatório do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, somente em maio foram gerados 200 novas vagas de emprego no município, com destaque para os setores de comércio e serviços.
Adriano AbreuAeroporto não tem estrutura para voos extras, como os que ocorreram na Copa. Passageiros ficaram aguardando check in na calçada
O engate, para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, foi a abertura do terminal, em 31 de maio: somente para área de alimentação do terminal foram geradas 125 vagas, impulsionadas pela abertura dos restaurantes Pizza Hut, Delfina, Espaço Árabe e Casa do Pão de Queijo. Outras duas filiais do restaurante Cassol abriram na cidade. Na opinião do secretário de desenvolvimento, Klênio Alves Ribeiro, a geração de emprego pode ser visto como um balanço parcial sobre o início das atividades no aeroporto.
De acordo com o Caged, 200 pessoas foram admitidas em maio, somente no setor de serviços, contra 134 demissões, gerando um saldo positivo de 66 vagas. No acumulado do ano, foram geradas 477 vagas no setor. Já no comércio o desempenho foi menor: 65 admitidos contra 54 demissões, gerando um saldo positivo de 11 vagas.
“A nível de Estado somos o segundo maior na geração de emprego neste mês. Ficamos atrás só de Natal. A nossa principal fonte neste quadrimestre foi a contratação de empresas que foram selecionadas para trabalhar no aeroporto. Do nosso conhecimento, foram mais 320 contratações no total, desde a gastronomia até a gerência de recursos humanos. Fora os indiretos”, salientou o secretário.
A turismóloga Claudilane Gadelha, 25 anos, conseguiu uma vaga como atendente há duas semanas, em uma das filiais da conveniência Hudson News no aeroporto. Apesar de o emprego ser temporário, uma vez que ela atua apenas como revendedora de produtos da Copa do Mundo, Claudilane afirma que o novo aeroporto tem potencial para mudar o município, ainda conhecida como uma “cidade dormitório”. “Tenho a possibilidade de ficar fixa no aeroporto, já que me inscrevi em outra seleção”, ressaltou.
De acordo com Klênio Ribeiro, o município tem investido em programas de capacitação, preparando a população para a cadeia gerada pelo aeroporto. Ele destaca a chegada de filiais do Instituto Federal do RN (IFRN) e do Senac. A secretaria de tributação do município ainda não tem o número de novos empreendimentos que surgiram na cidade desde o início das atividades do aeroporto. Segundo o secretário Mário David, o balanço mensal deve ser fechado na semana que vem. Entretanto, ele salienta que esses novos investimentos não vêm apenas gerar empregos, mas arrecadação para o município. Além do Imposto Sobre Serviço (ISS), há o valor arrecadado pelo licenciamento de novos empreendimentos – boa parte deles no perímetro do aeroporto. “Neste mês tivemos uma arrecadação de licenciamentos estimado em R$260 mil”, afirmou Mário David.
Porém, o desenvolvimento que se inicia na cidade só se consolidará se o aeroporto se tornar o tão falado terminal de cargas, com a capacidade de atrair indústrias. Quatro empresas já estão em negociação com o Município com o objetivo de instalar condomínios empresariais na cidade, próximos ao aeroporto: três industriais e um comercial.
Bate-Papo - Alysson Paolinelli
CEO do Consórcio Inframérica
Alex RégisAlysson Paolinelli, CEO do Consórcio Inframérica
Qual a avaliação que a Inframérica faz sobre o primeiro mês de funcionamento do novo aeroporto?
Nossa avaliação é a melhor possível, executamos uma ação inédita no Brasil: a transferência total de um aeroporto de um local para outro, e tudo ocorreu de forma tranqüila e organizada. Nosso objetivo é trabalhar para que o novo aeroporto faça do Rio Grande do Norte um Estado competitivo no setor aéreo.
Os primeiros dias de funcionamento trouxeram à tona algumas falhas de estrutura. Isso atrapalhou?
Há espaços internos ainda em acabamento, como alguns banheiros e obras ao redor do terminal, na área externa, que estão em andamento que nada interferem na operação, justamente por conta do tamanho do projeto.
Com o fim da Copa, quais são as medidas do Consórcio para fazer com que o crescimento não se perca?
Há um grande potencial de crescimento das rotas de Natal. O Consórcio trabalha com uma consultora internacional que já está trabalhando para mapear novas rotas nacionais e internacionais. Além disso, o Consórcio faz negociação direta com companhias aéreas nacionais e internacionais. Quanto mais rotas nacionais, mais rotas internacionais – pois Natal pode se tornar ponto de conexão para diversas regiões do país.
Bate-papo - Wellington Moreira Franco
Ministro da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC)
Júnior SantosWellington Moreira Franco, ministro da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC)
Como a SAC avalia o início das operações do aeroporto?
Do ponto de vista dos passageiros, São Gonçalo tem funcionado a contento durante a Copa do Mundo, processando uma média de seis e sete mil passageiros por dia nos dias de Copa. É normal, no entanto, quando se inaugura um aeroporto, que ocorram ajustes operacionais durante alguns dias. Há uma curva de aprendizado. Ainda não chegamos ao alto dessa curva no Governador Aluízio Alves. Mas há um diálogo que tem se aprofundado entre a Inframérica e os órgãos públicos que atuam no aeroporto.
Nas primeiras semanas, o aeroporto sofreu algmas críticas quanto ao funcionamento, principalmente devido às obras ainda inacabadas dentro do terminal e lojas ainda fechadas. Como a SAC avalia esses problemas? Não há problema com obras dentro do terminal se elas não atrapalharem o fluxo de passageiros. É preciso lembrar que São Gonçalo foi entregue seis meses antes do prazo contratual. É um aeroporto novo. Muito foi feito, mas ainda há muito a fazer.
E quanto ao alfandegamento provisório do aeroporto? Pode atrapalhar a atração de voos?
Há um diálogo que vem sendo aprofundado entre os órgãos públicos e os operadores do aeroporto a fim de solucionar essa e outras questões. Não creio que isso vá prejudicar a operação ou a competitividade do aeroporto, um dos mais modernos do Brasil.
TRIBUNA DO NORTE
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