DA REDAÇÃO COM GAZETA DO OESTE
A Festa de Santa Luzia, que este ano traz como tema ‘Em Luzia a Luz de Jesus’, foi aberta oficialmente ontem, 3, e segue até o domingo, 13 de dezembro. A abertura foi marcada por uma procissão, saindo da sede da antiga Rádio Rural, em direção ao adro da Catedral, onde foi realizado o cerimonial civil, com boas-vindas aos peregrinos, devotos, autoridades civis e religiosas, apresentação da temática da festa e dos dois freis italianos, seguida de solenidade religiosa, com a Bênção do Santíssimo Sacramento. Ainda ontem houve com a cantora Maria do Rosário.
A abertura dos festejos este ano contou com a participação de dois freis italianos, Salvatore Cállari e Alfio Lanfranco. Frades franciscanos que fazem parte de uma das comunidades da Ordem dos Frades Menores, responsáveis pela guarda do túmulo de Santa Luzia, que fica localizado dentro de uma igreja, com formato de um octógono em Siracusa, cidade italiana onde a padroeira de Mossoró nasceu, viveu e foi martirizada. A Igreja possui conexão subterrânea com a Basílica dedicada a Santa Luzia. O convento do qual os frades fazem parte fica junto à Basí-lica.
Na abertura dos festejos, eles, que estão na cidade pela primeira vez, explicaram a razão de suas presenças. A participação está ligada ao fato de que Mossoró é a única cidade do mundo, com exceção de Siracusa, a possuir uma Diocese que tem Santa Luzia como padroeira.
Separadas por milhares de quilômetros de distância, tendo idiomas e tradições diferentes, Siracusa e Mossoró têm em comum a devoção a Santa Luzia, expressa distintamente, de acordo com a forma como os devotos enxergam a padroeira. O frei Alfio Lanfranco explica que em Siracusa Santa Luzia é venerada, em primeiro lugar, por ser da cidade, então é vista como conterrânea dos devotos, que têm o sentimento de pertencer ao mesmo local da santa católica. Em segundo lugar, ela é vista como protetora, defensora da cidade. “Saindo lá de Siracusa, no restante da Sicília, uma grande ilha da Itália, nos outros cantos, é mais venerada como aqui, como protetora da visão, dos olhos”, disse o pároco da Catedral, padre Walter Collini, que traduz as palavras do frade.
Durante a procissão, um dos freis conduziu a relíquia de Santa Luzia, e o outro levou uma lâmpada. “O que significa isso? Nós queremos dar esse sentido, é a lâmpada da luz de Luzia que vem de Siracusa para Mossoró. Hoje tem dois representantes que estão, de certa maneira, representando também Siracusa, a ci-dade de Siracusa, os devotos de Siracusa. A cidade natal da nossa santa, então é uma ligação muito estreita que liga duas cidades com um amor único. Todas as duas cidades amam Luzia”, disse padre Walter.
Outra diferença entre a devoção em Siracusa e Mossoró pode ser conferida na própria imagem da padroeira. Como Santa Luzia foi morta degolada, na cidade italiana a imagem traz uma Luzia com punhal no pescoço. Já em Mossoró, onde a proteção conferida à visão é exaltada, ela traz um prato com dois olhos nas mãos.
Antes de sua morte, a Virgem de Siracusa passou por várias formas de tortura, como a retirada dos olhos, as tentativas de violência sexual e até de esquartejamento. Padre Walter comenta que muitas são as histórias, dificultando saber o que é lenda e o que é realidade exatamente, já que a cada história outros pontos vão sendo somados, mas ressalta que fica a lição da obediência a Cristo, da sensibilidade em relação aos pobres e da venda de todos os seus bens doados aos mais necessitados, que servem de exemplo. “Quando o tirano morre, seu reino se acaba. Quando um mártir morre, seu reino começa”, destacou o sacerdote.
Oratório de Santa Luzia estreia hoje
Após a abertura da festa, as solenidades religiosas se intensificam a partir desta sexta-feira. Padre Walter Collini informa que hoje haverá missa às 6h, além de duas novenas na Catedral, celebradas às 16h e às 19h30. É também hoje, após a novena das 19h30, que estreia o Oratório de Santa Luzia, que será apresentado até o dia 13, data que marca o encerramento da Festa. As apresentações acontecem no adro da Catedral.
Em cena, 60 atores, entre veteranos e membros da comunidade, recontam a história da padroeira de Mossoró, com a ajuda de, aproximadamente 25 pessoas da equipe de apoio.
Apostando na subjetividade, o espetáculo contará não apenas a história da Virgem de Siracusa, que teve a visão restituída após ter os olhos arrancados, mas falará sobre a cegueira espiritual e a possibilidade de recuperar ‘a visão’ através de Cristo.
A edição 2015 do Oratório de Santa Luzia conta com texto de João Marcelino e adaptação de Júnior Félix; música de Danilo Guanais, além de algumas canções do grupo Shalom, que este ano serão introduzidas no espetáculo; coreografia de Adriano Duarte e customização de figurino de Alan Oliveira. Tudo isso sob a direção-geral de Júnior Félix.
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