terça-feira, 28 de agosto de 2012

QUADRILHA USAVA CADASTRO DE MORTOS E APLICAVA GOLPES

Estelionatários exploravam vítimas mortas

O trabalho dos policiais desbaratou um grupo de pessoas que atuava em Recife-PE e Natal-RN utilizando-se do cadastro financeiro de pessoas recém-falecidas para conseguir financiamentos de carros e cartões de crédito, alguns sem limite de compra. O grupo, formado por oito pessoas das quais sete já foram presas, ainda utilizava de empresas de fachada para adquirir materiais no comércio e não pagar. Todos estão sendo acusados pela polícia por formação de quadrilha, estelionato e furto mediante fraude. Ainda foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão.

As investigações que levaram à prisão do grupo foram iniciadas em junho após um integrante do setor de segurança corporativa de um banco sediado em São Paulo alertar a segurança pública a respeito de uma suspeita de fraude que teria o Rio Grande do Norte como base. Os integrantes solicitaram um novo cartão de crédito, sem limite de gasto, em nome do empresário Marcos Kitano Matsunaga, dono da empresa Yoki, que tinha há poucos dias tinha sido assassinado e esquartejado pela esposa Elize Araújo Matsunaga.

A sensação de impunidade era tão grande, que eles tiveram coragem de fazer, afirma o delegado Ben-hur de Medeiros, titular da Delegacia de Capturas (DECAP) e responsável pela investigação, o cartão e enviar à residência da família de Tiago Soares da Cruz.

O potiguar foi preso em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, e, segundo a polícia, dava a localização da casa dos seus pais no bairro de Capim Macio para praticar os golpes. Tiago ainda era o responsável por conseguir os cadastros financeiros, através de contatos na internet. Os cartões foram por vários meses utilizados em compras e restaurantes, além de serem passados em maquinetas de empresas participantes do esquema, como a Distribuidora Almeida e, no conjunto Satélite, e o salão de beleza Hair Show, em Candelária.

O grupo ainda utilizou-se de outros nomes famosos. O empresário Fernando Arruda Botelho, alto executivo de uma das maiores empreiteiras do Brasil, a Camargo Corrêa, teve seu nome usado para financiar uma Toyota Hillux SW4, em Natal. Fernando faleceu em um acidente de avião no interior de São Paulo.

Para entrada foi pago cerca de R$ 19 mil em cheques e o resto do valor - mais de R$ 120 mil - foi financiado por Clóvis Alberto Almeida de Araújo, apontado como líder do bando e que se passava por Fernando Botelho. Estes carros não passavam muito tempo com eles. Quando o banco não identificava o pagamento, os veículos eram passados para receptadores.

A informação é de que a Hillux estaria no Norte do País. Isto será confirmado com a sequência de investigação, declarou Ben-hur Cirino. A polícia ainda investiga a utilização de nomes de desembargadores, engenheiros e empresários recém-falecidos nas fraudes, além de confirmar os nomes de mais três pessoas que tiveram seus cadastros financeiros furtados.

Além dos financiamentos e cartões, o grupo ainda se utilizava da fachada legal de empresas para realizar compras e não pagar. Até agora a polícia identificou três empresas que faziam parte deste esquema. O grupo comprava junto a fornecedores e pagava até adquirir confiança. Após isso, realizava uma grande compra, não pagava e simplesmente sumia do mapa. Um exemplo é a distribuidora de material de construção Lustosa, em Parazinho (a 115 km de Natal). Eles compraram 33 mil kg de argamassa e não pagaram. O material está no prédio e estamos esperando apenas a ordem judicial para apreender, afirmou o delegado Ben-hur. Os responsáveis pelo esquema eram Jorge Inque e Iram Carlos da Silva, que chegaram a se passar por outras pessoas para realizar as compras. No caso da empresa-fantasma de Parazinho, por exemplo, o escritório ficava no bairro do Alecrim, em Natal.


A QUADRILHA

Clóvis Alberto Almeida de Araújo - responsável pela compra de veículos em nome de pessoas falecidas e pela abertura de empresas fantasmas;

Tiago Soares da Cruz - responsável pela obtenção de cadastro de pessoas falecidas;

Sílvio Pereira da Silva - morador do Ibura, em Recife (PE), é o técnico em contabilidade que abria as firmas fantasmas;

Jorge Inoue - Simulava ser o proprietário de uma empresa, a Lustosa e Paiva, e realizava compras pela internet em nome do estabelecimento comercial;

Iran Carlos da Silva - ligava para as empresas e fingia ser a pessoa de Alexandre, um dos membros da empresa Lustosa, e assim realizava compras pela internet e por telefone;

Andréa Paula da Silva - proprietária de um salão de beleza em Candelária, era responsável por passar os cartões obtidos pela quadrilha no seu estabelecimento comercial;

Gleice Kelly de Almeida Araújo - irmã de Clóvis, passava-se por proprietária das empresas "fantasmas" para fazer compras no comércio.

(Informações e fotos Diário de Natal).

Nenhum comentário:

Postar um comentário