quinta-feira, 3 de março de 2022

GUERRA DA RÚSSIA-UCRÂNIA: Rússia avança pelo sul da Ucrânia e intensifica ataques a Mariupol e Odessa

Da redação com BOL
Do UOL*, em São Paulo


O oitavo dia da invasão da Rússia à Ucrânia começou com uma nova onda de ataques, atingindo áreas civis pelo país. O foco de atenção está no sul ucraniano. Após os russos tomarem a cidade de Kherson ontem, as cidades portuárias de Mariupol e Odessa são hoje alvo de avanços das forças do país presidido por Vladimir Putin.

Na região de Kiev, a capital ucraniana, há relatos de destruição e revide a avanços russos. Para hoje, há a expectativa de uma nova rodada de negociações a respeito do conflito. A Ucrânia descarta uma rendição e exige um cessar-fogo, assim como a retirada das forças invasoras de seu território. A Rússia exige o reconhecimento da Crimeia, anexada por Putin em 2014, como território russo, assim como a "desmilitarização do Estado ucraniano".

A ONU (Organização das Nações Unidas) já estima em 1 milhão o número de pessoas que fugiram da Ucrânia em razão dos ataques no país. A Rússia reconhece ter perdido cerca de 500 soldados no conflito, número menor do que os quase 9.000 russos mortos contabilizados pelos ucranianos. Não é possível confirmar a veracidade dos números. A Ucrânia diz ter perdido mais de 2.800 de seus soldados.

Em entrevista coletiva hoje, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov afastou o risco de uma guerra nuclear. Para ele, essa possibilidade está na "mente do Ocidente, não na dos russos".

Cerco a Mariupol

Após a Rússia tomar a cidade de Kherson, a Ucrânia vê a intensificação do avanço sobre Mariupol, outra cidade portuária na região do mar Negro, considerada estratégica. Segundo o prefeito, Vadim Boichenko, a cidade está "sem energia elétrica, sem água, sem calefação".

Se Mariupol cair, a Rússia poderia garantir uma continuidade territorial entre as forças procedentes da península da Crimeia e as unidades dos territórios separatistas pró-Moscou da região de Donbass, no sudeste, onde ficam Lugansk e Donetsk .

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL


Movimento em Odessa

Também no sul da Ucrânia, Odessa, outra cidade portuária, vê a aproximação de um grupo de desembarque da Rússia, com quatro navios de desembarque e três barcos de mísseis. As unidades do exército ucraniano estão preparadas para enfrentar o inimigo com fogo, segundo as Forças Armadas da Ucrânia.

"Na zona operacional do mar Negro, o inimigo continua a implantar o grupo de navios de guerra relevante e está se preparando para realizar um desembarque naval na costa de Odessa. Todas as forças e meios do distrito de defesa do Exército estão preparados para revidar", disse o chefe do Conselho Público da Administração Estatal Regional de Odessa, Serhiy Bratchuk.

Tensão em Kiev

Na manhã desta quinta (3), sirenes foram acionadas em Kiev, capital da Ucrânia, alertando para que os moradores buscassem abrigo devido à possibilidade de ataques aéreos.

Foram ouvidas fortes explosões durante a noite, de acordo com mensagens nas redes sociais. Segundo a prefeitura, as explosões foram resultado da ação do "sistema de defesa aérea das Forças Armadas, que derrubou mísseis inimigos". Dezenas de famílias permanecem refugiadas na estação de metrô de Dorohozhychi.

A prefeitura de Kiev diz que "a situação na cidade é difícil, mas controlada". As autoridades da cidade divulgaram mensagem hoje pedindo para os cidadãos não irem à cidade sem uma necessidade urgente.

Ucrânia diz que derrubou avião russo

A Defesa Aérea ucraniana derrubou um avião russo sobre Irpin, cidade na região de Kiev, disse o comandante-em-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valeriy Zaluzhny.

"Acabamos de derrubar uma aeronave SU-30 russa sobre Irpin. A tripulação do sistema de defesa aérea reagiu bem!", escreveu Zaluzhny em mensagem nas redes sociais nesta quinta-feira. Bucha, outra cidade na área da capital, também conseguiu repelir avanço dos russos.

A Alemanha disse que entregará cerca de 2.700 mísseis antiaéreos para a Ucrânia utilizar nas zonas de conflito.

Rastro de destruição

Novas imagens de satélite mostram a extensão de destruição deixada por ataques militares russos na região ao norte da capital. Nelas, é possível observar casas em chamas em vilarejo na região de Chernihiv, cidade localizada a cerca de 80 quilômetros de Kiev.

A ponte que passa sobre o rio Stryzhen, em Chernihiv, está destruída, já os edifícios residenciais e uma fábrica nas proximidades sofreram diversos danos após a invasão das tropas russas. Um comboio militar também foi visto em uma estrada próxima.

Em Sukachi, uma pequena cidade a 70 quilômetros a noroeste de Kiev, uma grande cratera é vista no meio de uma estrada, com casas danificadas ao redor.

Hoje, o serviço de emergências da Ucrânia informou que um depósito de óleo diesel foi atingido por um bombardeio em Chernihiv, gerando uma grande coluna de fumaça.

"O fogo foi causado por bombardeios pelos ocupantes russos. Foi organizada a proteção dos tanques adjacentes, alguns danificados por detritos. Medidas estão sendo tomadas para eliminar o fogo", disse o serviço de emergências. Outros ataques a áreas residenciais são registrados por Chernihiv.

Também na região de Kiev, a cidade de Fastiv foi atingida por um bombardeio, que gerou um incêndio que destruiu uma casa.


Outros ataques

Outro ponto importante do conflito é Khariv, a segunda maior cidade do país, com 1,4 milhão de habitantes, cenário de intensos bombardeios e combates desde ontem, quando tropas aerotransportadas russas desembarcaram na localidade. Os ataques deixaram ao menos 34 mortes.

Hoje, a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) denunciou a morte de uma funcionária na cidade, afirmando que "mísseis, projéteis e foguetes atingem edifícios residenciais e centros urbanos, matando e ferindo civis inocentes".

Líderes religiosos citados pela agência Interfax afirmaram que uma igreja ortodoxa em Kharkiv foi atingida, mas sem provocar vítimas. Autoridades locais também denunciaram ataques aéreos na cidade próxima de Izium que mataram oito pessoas, incluindo duas crianças. Também no leste da Ucrânia, Lysychansk foi outra cidade atingida por bombardeios.

O jornal ucraniano The Kyiv Independent reportou que um prédio da faculdade militar da Universidade Estadual de Sumy, na cidade de Sumy, no nordeste da Ucrânia, foi bombardeado por forças russas, citando como fonte o chefe da Administração Militar Regional de Sumy, Dmytro Zhyvytsky.

O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, disse que o exército russo começou a cometer crimes contra a humanidade. "Eles estão bombardeando hospitais, matando mulheres e crianças. Isso não é mais um exército —são covardes e terroristas comuns. Há muito mais testes pela frente. Haverá sangue, lágrimas, dor. Mas agora, mais do que nunca, temos todos os motivos para confiar em nós mesmos. E naqueles que estão por perto. Com certeza, venceremos."

Nova rodada de negociações

A Ucrânia e a Rússia devem iniciar nesta quinta-feira uma nova rodada de negociações de paz.

Na quarta-feira (2), o principal negociador da Rússia, Vladimir Medinsky, disse que a delegação russa estava esperando no sudoeste de Belarus e que representantes ucranianos estavam a caminho. Medinsky também informou à emissora Rossyia 24 que soldados russos criaram um "corredor de segurança" para as delegações ucranianas.

Os dois lados se encontraram para uma primeira rodada de negociações na segunda-feira (28), mas a reunião não teve resultados tangíveis.

Para o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, as dificuldades que as forças comandadas pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem encontrado estariam fazendo com que os soldados russos perdessem a motivação. "Somos um povo que quebrou os planos do inimigo em uma semana." (Com DW, AFP e EFE)

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