Ao chegar ao Legislativo, Cunha desviou de protesto organizado contra ele.
Do G1, em Brasília, e do G1 RN
Em palestra sobre reforma política no Rio Grande do Norte, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), citou nesta sexta-feira (10) slogan de campanha do deputado federal Tiririca (PR-SP) e afirmou que o sistema eleitoral "pior que está não fica".
O peemedebista viajou à capital potiguar para participar de uma audiência pública sobre o sistema político e eleitoral do país na Assembleia Legislativa do estado. O evento desta sexta-feira é a quinta edição do programa "Câmara Itinerante", que pretende levar a Câmara dos Deputados até aos Legislativos de diferentes regiões do país.
"Ninguém mais consegue fazer uma eleição como a que foi feita em 2014. Ninguém aguenta mais. [...] Está igual ao nosso companheiro Tiririca: 'pior do que está não fica'", disse o presidente da Câmara.
Em fevereiro, a Câmara dos Deputados instalou uma comissão especial para analisar propostas de reforma política. Cunha já afirmou que o conjunto de projetos será submetido à votação no plenário mesmo se a comissão não concluir a apreciação das sugestões.
O pacote da reforma política propõe, entre outros pontos, voto facultativo para todos os eleitores, acaba com a reeleição para mandatos do Executivo e cria a chamada “cláusula de barreira”, que dificulta a atuação de partidos menores.
No entanto, o texto em discussão na Câmara não altera as regras de financiamento privado de campanha, questão que é alvo de divergência entre os partidos políticos. O PT defende o financiamento exclusivamente público, enquanto o PMDB quer manter as doações privadas.
Em um dos trechos de seu discurso em Natal, Cunha reclamou das dificuldades políticas para aprovar a reforma política. Segundo ele, "todo mundo fala em reforma política", mas "cada um tem a sua".
"Todo mundo fala em reforma politica, mas na hora que vamos buscar consenso para votar, reforma politica é como escalação da Seleção Brasileira: 'cada um tem a sua'", ironizou.
O peemedebista ressaltou, ao encerrar o discurso, que está aberto para debater qualquer ideia, "por mais absurda que seja". Ele disse, entretanto, que não irá debater, em lugar algum do país, num ambiente de "natureza de contestação de forma agressiva".
"Aqueles que têm intolerancia e agressão como método para impor suas ideias, a esses só resta a gente mostrar à sociedade. E que a sociedade faça seu julgamento", disse.
Questionado sobre a proposta em discussão no Congresso Nacional de redução da maioridade penal, Eduardo Cunha disse que o tema é polêmico, mas ele defendeu a redução de 18 anos para 16 anos da idade mínima para responsabilização penal. Ele argumentou que aqueles que podem eleger os políticos também devem ter "responsabilidade por tudo", em referência ao fato de os brasileiros adquirirem o direito de votar aos 16 anos.
Crítica a manifestações da CUT
Após a palestra, em entrevista coletiva, Cunha criticou os protestos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) contra o Projeto de Lei 4330, que regulamenta contratos de terceirização no mercado de trabalho. Na útima terça-feira (7), manifestantes entraram em confronto com policiais em frente ao Congresso Nacional, em Brasília. Para Cunha, os protestos tiveram motivação financeira.
"A briga da CUT foi por dinheiro e o discurso foi ideológico", disse. Na visão do parlamentar, a CUT quer manter a contribuição sindical e evitar que o recurso seja dividido com sindicatos criados pelos prestadores de serviço terceirizados.
Cunha também acusou o PT de se aproveitar do projeto de forma ideológica. "A CUT e o PT querem se aproveitar do projeto para empunhamento de uma bandeira ideológica. Como se fossem os únicos a defender os trabalhadores do país", afirmou. O projeto foi aprovado pela Câmara nesta quarta-feira (9), por 324 votos favoráveis e 137 contrários.
Protesto em Natal
Ao chegar ao parlamento estadual, Cunha ingressou pela lateral do prédio para evitar contato com um grupo de manifestantes que o aguardava na fachada do Legislativo. Porém, o reforço da Polícia Militar à segurança da Assembleia evitou que o grupo entrasse no edifício.
Ao contrário do que havia ocorrido na manhã desta sexta em evento na capital paraibana, quando integrantes de movimentos sociais e sindicalistas invadiram as galerias do plenário do parlamento estadual e impediram que o presidente da Câmara discursasse (assista ao vídeo ao lado), desta vez, ele conseguiu se pronunciar sem protestos.
Sem protestos no plenário, Cunha recebeu uma homenagem dos deputados estaduais do Rio Grande do Norte. Os parlamentares potiguares entregaram ao peemedebista um relógio de mesa em pedra no formato do mapa do Rio Grande do Norte e uma placa alusiva ao projeto Câmara Itinerante.
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Protesto em João Pessoa
Na manhã desta sexta, em João Pessoa, integrantes de movimentos sociais e sindicalistas invadiram a Assembleia Legislativa para protestar contra o presidente da Câmara, em outra edição do programa "Câmara Itinerante".
Em uma rede social, Cunha classificou de "lamentável" a violência registrada no protesto e atribuiu ao PT as agressões que ocorreram no parlamento paraibano. A direção estadual do Partido dos Trabalhadores negou envolvimento com a organização da manifestação.
Por conta da confusão, Eduardo Cunha não discursou na Assembleia da Paraíba e antecipou sua saída do parlamento. Depois de deixar o Legislativo, ele embarcou para o Rio Grande do Norte.
Ao chegar em Natal, o presidente da Câmara voltou a criticar os manifestantes que interromperam o evento em João Pessoa. Ele também defendeu o projeto de lei que regulamenta a terceirização, o qual os deputados federais aprovaram o texto-base na última quarta (8). O tema foi um dos alvos das pessoas que invadiram o Legislativo da Paraíba.
"Foram 324 votos a favor da matéria. Aqueles que perderam não podem querer reverter a perda com agressão e depredação do patrimônio público", comentou Cunha.
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