sábado, 27 de janeiro de 2018

Procurador-Geral de Justiça abre investigação contra o governador do RN

Ministério Público vai investigar possível prática de improbidade de Robinson Faria (PSD). Portaria foi publicada no Diário Oficial deste sábado (27).

Da redação com G1 RN
Por Igor Jácome, G1 RN

O procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Norte, Eudo Leite, abriu um inquérito civil contra o governador do estado, Robinson Faria (PSD). A suspeita é de que o governador tenha cometido improbidade administrativa, que significa prática de atos ilegais ou contrários aos princípios básicos da administração pública. A portaria que determina a instauração da investigação foi publicada no Diário Oficial do Estado deste sábado (27).

Robinson terá um prazo de 10 dias para apresentar uma manifestação, por escrito, a respeito dos fatos que levaram o a PGJ a instaurar a investigação. De acordo com a publicação, o governador teria cometido atos ilegais na prestação de contas públicas. Também foram apontados como razões, a elevada participação da folha de pessoal nos gastos do governo e o aumento dos restos a pagar entre 2016 e 2017.

O G1 tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa do governo do estado no início da manhã deste sábado (27), mas até a publicação desta reportagem, não teve as ligações atendidas.

Segundo a publicação no Diário Oficial, o PGJ tomou a decisão de investigar o governador após receber notificação do acórdão do Tribunal de Contas do Estado que reprovou as contas do governo em 2016. Além disso, Eudo Leite afirmou que o Poder Executivo utilizou fontes de recursos que não tiveram existência comprovada. É o caso de uma suplementação por excesso de arrecadação no valor de R$ 131,5 milhões. "Os decretos que abriram tais suplementações informavam fonte 100 como a origem dos recursos e, no entanto, no exercício em análise, não houve excesso de arrecadação nessa fonte", constatou o procurador.

Ainda de acordo com o procurador, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico também fez pagamentos de RS 67,8 milhões por meio de oficios, sem autorização no orçamento estadual, no Proadi - Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial.

Restos a pagar

Segundo o Ministério Público, os poderes e órgãos do estado comerçaram o ano de 2016 com dívidas inscritas nos "restos a pagar" que somavam R$ 561,9 milhões. Pelo menos 92% desse total eram do Poder Executivo, comandado pelo governador. Os restos a pagar são aqueles gastos que o Estado teve dentro do orçamento de um ano, mas que ficaram pendentes para pagamento no ano seguinte.

Ao final de 2016, somando os restos a pagar de 2016 com os de 2017, as dívidas já ultrapassavam R$ 1 bilhão.

"Esse crescimento substancial do volume de Restos a Pagar que passa de um exercício para o outro representa um risco a programação financeira do Estado, com impactos potenciais negativos sobre o planejamento e a execução das políticas públicas, vez que embora não demande nova dotação orçamentária, caso não haja a devida disponibilidade de caixa decorrente do exercício anterior para arcar com esses pagamentos, o pagamento dos restos a pagar será feito com recursos financeiros dos exercícios posteriores, os quais devem ser destinados as despesas do respectivo orçamento em curso", considerou Eudo Leite.

Enriquecimento ilegal do Estado

O procurador ainda ressaltou que o Estado cancelou pagamento de R$ 5.667.880,l5 de 'restos a pagar', o que, de acordo com ele, caracteriza enriquecimento ilícito do Estado, já que os prestadores de serviço cumpriram o que estava previsto em contrato, mas não receberam por isso.

Eudo Leite também lembra que os valores dos bens (ativos) que o Estado está vendendo não vão para uma conta específica, o que impede o uso do recursos dentro do exercício financeiro.

Despesa com pessoal

Ainda de acordo com o PGJ, ao fim de 2016 o governo teve despesa com pessoal no valor de R$ 4.360.3l9.823,08 - que representaram 53,39% da Receita Corrente Líquida e ultrapassaram em 4,39% o limite legal determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

O total da despesa com pessoal do Estado ao final de 2016 representou 62,77% da Receita Corrente Líquida, o que também extrapolou o limite global de 60% determinado pela lei. "Situação esta de descumprimento que, além das implicações legais, representa perda da capacidade de manutenção das outras despesas de custeio e perda da capacidade de investimento do Estado", ponderou.

Por fim, o procurador ainda considerou que na Administração Indireta do estado não há equilíbrio entre o nível de receitas e despesas para a maioria dos órgãos, o que gera "um imenso esforço fiscal do Governo do Estado no aporte de recursos para cobrir tais déficits".

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