sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Luxemburgo não resiste à goleada para o Flu e deixa o Atlético-MG

Luxemburgo grita com o time na goleada diante do Flu, em seu último jogo no Atlético

CAMPEONATO BRASILEIRO SÉRIE A

Do UOL Esporte
Em Belo Horizonte

Após a goleada por 5 a 1 para o Fluminense, na noite desta quinta-feira, o técnico Vanderlei Luxemburgo revelou, em entrevista coletiva nos vestiários do Engenhão, que foi demitido do Atlético-MG por decisão do presidente Alexandre Kalil, comunicada pelo diretor de futebol, Eduardo Maluf. “Saio chateado não com o Kalil, mas comigo, porque a gente quer fazer as coisas acontecerem”, afirmou.

“Pela primeira vez, saio de um clube em uma situação complicada, porque estou acostumado a disputar lá em cima, saio com coração um pouco doído”, destacou o treinador.

Segundo ele, apesar disso, acaba sendo uma situação natural. “É preciso passar por situações diferentes para você crescer. Com 58 anos, com tudo aquilo que passei no futebol, é o momento de ver se tem de passar por uma reciclagem, alguma análise mais profunda. Existe a tendência de que o Luxemburgo está em decadência, mas não é nada disso. Futebol é complicado, tem situações que não consegue fluir e foi o que aconteceu no Atlético”, afirmou.

Luxemburgo revelou que se despediu dos jogadores e disse que fica torcendo para que os atletas possam manter o Atlético na elite do futebol nacional. “Por tudo aquilo que já vi de clube e já vi no futebol, o Atlético não pode ir para a Segunda Divisão, não é justo com o futebol, não é justo com o clube. Entendo a minha demissão como coisa normal do futebol”, ressaltou.

Para Luxemburgo, que classificou como “feia” a derrota para o Fluminense, a receita para o Atlético-MG se livrar do rebaixamento passa pela atitude dos jogadores. “Eles deveriam se unir ainda mais, eles estão unidos, percebi isso num jantar que fizemos com a família dos jogadores, existe um gostar, um carinho, mas o futebol foi muito duro com a gente”, comentou.

O ex-treinador atleticano enfatizou que os jogadores têm um compromisso moral com o clube que paga em dia. “O Atlético dá todas as condições de trabalhar, poucos times têm estas condições que o Atlético dá, então eles têm de se unir muito mais”, disse.

Luxemburgo reconhece que a situação atleticana é complicada, mas acredita que é possível revertê-la e aponta o Avaí, que tem 25 pontos, quatro a mais que o alvinegro mineiro, como principal foco. “O Campeonato do Atlético é outro. Agora, é direcionar para o Grêmio, para o Ceará, para o Atlético-GO, então, pensar para cima não tem jeito”, destacou o técnico, referindo-se aos três próximos adversários.

Encarregado pelo presidente Alexandre Kalil de comunicar a demissão a Luxemburgo, Eduardo Maluf explicou que a decisão de dispensar o treinador foi tomada em função da forma como o time foi goleado pelo Fluminense.

Conversei com o Kalil agora por telefone, achamos que o momento é de mudança. O Vanderlei vem fazendo tudo o que é possível, demos todas as condições e, infelizmente, no futebol é assim, acho que poucas vezes na história o Atlético teve um técnico da competência do Vanderlei, mas o futebol está muito vinculado com resultado. Nós esperávamos que a equipe tivesse recuperação, mas entendemos que neste momento precisava mudar”, salientou.

Luxemburgo assumiu o time mineiro no começo da temporada e esteve à frente do Atlético em 53 partidas, com 22 vitórias, 12 empates e 19 derrotas. No Campeonato Brasileiro, o aproveitamento atleticano é de apenas 29%.

No comando da equipe mineira, Luxemburgo conquistou o Campeonato Mineiro, em cima do Ipatinga. Na Copa do Brasil, a equipe alvinegra foi eliminada pelo Santos, nas quartas de final da competição.

Após o primeiro semestre, Luxemburgo, juntamente com o presidente Alexandre Kalil, fez uma reformulação no elenco atleticano. No total, do final da Copa do Brasil, em maio, até o início do segundo turno do Campeonato Brasileiro, 17 jogadores saíram, e outros 15 atletas chegaram.

Apesar de contratar jogadores de renome no futebol brasileiro, como o meia Diego Souza, o meia-atacante Daniel Carvalho e o zagueiro Réver, os resultados e o futebol não apareceram no Campeonato Brasileiro. O time, desde o começo da competição, esteve perto da zona de rebaixamento.

E ao longo da campanha atleticana no Campeonato Brasileiro mostrou a fragilidade do time alvinegro. Sob o comando do treinador, o Atlético jogou 24 vezes, perdeu 15 vezes (é a equipe com mais derrotas no torneio), venceu seis e empatou outras três. Além disso, a equipe consta com a pior defesa da competição, com 45 gols sofridos e 28 gols marcados. Das 24 rodadas, o time ficou 16 na zona de rebaixamento, sendo 15 consecutivas.

O DESABAFO DE LUXA



[O presidente Kalil entendeu que tinha de ser feito uma troca e me dispensou, o momento é muito delicado, eu entendo isso como uma coisa natural do futebol, é uma postura do futebol e faz parte do processo]

[Não tem nenhum problema com os jogadores, agradeci, falei que entendia a postura do clube em me mandar embora. Falei para os jogadores que o nosso grupo é um grupo muito bom, tem muita qualidade e que as vaidades, pensamentos individuais, tudo aquilo que possa conduzir o Atlético a uma situação pior que está, é ruim]

[Lamento muito, pela 1ª vez na minha carreira eu peguei um clube redondo, com toda possibilidade para trabalhar. Contratamos jogadores, mas a coisa não fluiu. Não tem nenhum ressentimento com o Kalil, com a diretoria do Atlético]

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