quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Prenúncio de filas // Começa greve dos bancários

Andrielle Mendes // andriellemendes.rn@dabr.com.br

Apenas 40% dos serviços bancários serão mantidos no Rio Grande do Norte a partir de hoje. Após 39 dias de campanha salarial, os bancários de todo o Brasil optaram por entrar em greve, reduzindo drasticamente os serviços oferecidos a população. De acordo com a coordenadora geral do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte (Seeb/RN), Marta Turra, apenas os serviços oferecidos nos caixas automáticos e pela internet serão mantidos durante a greve, a ser mantida por tempo indeterminado. "Serão mantidos 40% dos serviços oferecidos pelos bancos, juntando tecnologia e recursos humanos. Mas haverá menos de 30% pessoas trabalhando nas agências", esclarece.

Prevendo os transtornos causados pela paralisação de parte dos serviços, o funcionário público Edson Bezerra, 47, antecipou ontem a ida até a Caixa Econômica Federal. "Um amigo me avisou da greve. Sou funcionário público do município e meu pagamento sai nesta quarta-feira. Resolvi vir até o banco para tirar um empréstimo. Não sei como as coisas vão ficar durante esta greve. Este é o pior período para fechar os bancos. Os pagamentos dos funcionários públicos e aposentados começa a sair nesta semana", afirma.

Os bancários reivindicam um reajuste imediato de 24% no salário e reposição das perdas salariais desde a década de 90. Os bancários do setor público são os mais penalizados, de acordo com Marta. No setor público, os salários ficaram congelados durante oito anos e as perdas salariais chegam a 100%. "Queremos 24% agora e o restante depois, de forma parcelada". Segundo a coordenadora geral do Seeb/RN, o salário inicial do bancário era de nove salários mínimos na década de 90. Hoje, fica em torno de dois salários mínimos, valor recebido por 60% dos bancários que trabalham no setor público.

Os bancários também reivindicam a realização de concursos públicos e a contratação urgente de pessoal. "A Caixa Econômica Federal tem um déficit de 17 mil funcionários no Brasil. O governo federal lançou uma série de programas, mas não contratou pessoal. A Caixa tem 83 mil empregados em todo o país. Precisaria de 100 mil. O Banco do Brasil precisa contratar 10 mil empregados urgentemente. O banco se comprometeu em contratar pessoal num acordo no ano passado e não cumpriu".

Na avaliação dos sindicalistas, o número reduzido de funcionários resulta na sobrecarga de trabalho, no descumprimento da carga horária diária, na demora no atendimento e na formação de filas nas agências bancárias. Enquanto a população é mal atendida, os bancários adoecem. Somando-se a Grande Natal e regiões Central, Seridó, Salineira e Agreste, o estado tem 2,5 mil bancários. Deste total, 300 estão afastados por doença, número considerado bastante alto pelo sindicato no RN. A maioria está afastada por Lesão por Esforço Repetitivo (Ler) e doenças psicológicas. "Hoje, o bancário adoece muito mais que qualquer outro funcionário", explica Marta.

Fonte: DIÁRIO DE NATAL

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