quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Candidato Wendel Lagartixa é alvo de tentativa de assassinato na Grande Natal

Da redação
Por Tribuna do Norte


O candidato a deputado estadual pelo Partido Liberal (PL), Wendel Fagner Cortez de Almeida, conhecido como “Wendel Lagartixa”, foi alvo de uma tentativa de assassinato enquanto fazia campanha em Ceará-Mirim, município da Região Metropolitana de Natal, na tarde desta quarta-feira (28). Ele estava acompanhado do colega de sigla, o candidato a deputado federal Sargento Gonçalves, no momento da ação. Segundo a Polícia Militar, quatro homens participaram do atentado. Um deles morreu em confronto. Até o início da noite, a polícia não dispunha de informações sobre os suspeitos.
De acordo com a PM, Wendel e Sargento Gonçalves participavam de um ato político quando quatro homens chegaram disparando contra um dos candidatos. Houve revide. Um dos suspeitos foi baleado e morreu no local. Um fuzil de calibre 556 e coletes balísticos utilizados pelos criminosos foram apreendidos pela Polícia Militar. O Itep e a Polícia Civil foram acionados para a ocorrência.

Viaturas da 7ª CIPM e 11º Batalhão de Polícia Militar realizaram diligências na região em busca dos autores dos disparos. A ocorrência se deu na Rua Meira e Sá, em Ceará-Mirim. Procurada no início da noite de quarta-feira, a Polícia Civil disse que ainda não tinha informações a repassar. A TRIBUNA DO NORTE procurou o Itep, que informou, também no início da noite que, provavelmente, a identificação do corpo do suspeito morto só deve acontecer nesta quinta-feira (29).

Em um vídeo que circula na internet sobre o caso, é possível observar parte da ação, registrada por meio de aparelhos celulares. A gravação mostra Wendel Lagartixa conversando com alguns adolescentes, quando um carro se aproxima e tiros são disparados contra o grupo. Após o atentado, Wendel e Sargento Gonçalves publicaram vídeos nas redes sociais. Em um deles, os dois posam com um fuzil que, conforme afirmam, teria sido utilizado na ofensiva.

“Olha aqui, um [fuzil] T-4, arma de guerra. Bandidos atirando contra a minha esposa e a minha mãe. A gente cobra das autoridades competentes, [porque] é necessário dar uma resposta. Isso aqui é um crime político. Vieram atentar contra dois candidatos. Isso não pode ficar impune”, disse Sargento Gonçalves.

Wendel Lagartixa pediu, também em vídeo, união à Polícia Civil e cobrou um posicionamento sobre o caso ao secretário de Segurança do Estado. “Vamos ver se terá investigação”, disse. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed/RN) disse, por meio da assessoria de comunicação, que não iria comentar o assunto.
Suspeita
Wendel Cortez teve a confirmação da candidatura a deputado estadual em julho deste ano, mesmo estando preso à época. Ele é um dos 25 nomes que compõem a legenda do Partido Liberal (PL) no Rio Grande do Norte, mesma sigla do presidente e candidato à reeleição, Jair Messias Bolsonaro. Ainda em julho, Lagartixa, que é policial militar reformado, foi preso temporariamente junto com mais dois PMs por suspeita de participação em um triplo homicídio que ocorreu em abril, no bairro da Redinha, na zona Norte de Natal.

Imagens de câmeras de segurança mostraram a ação e, de acordo com a investigação da Polícia Civil, Wendel Lagartixa e os outros dois policiais são as pessoas que aparecem executando três vítimas e ferindo outras três. A prisão temporária do atual candidato tinha validade de 30 dias. Lagartixa sempre negou os crimes e disse que a prisão ocorreu por perseguição política.

"Sou inocente e vou provar a inocência. É perseguição política, é armação do Governo", disse ele. No dia 15 deste mês, Wendel teve a prisão revogada. De acordo com o advogado João Antônio Dias, que representa o candidato, a decisão para a soltura ocorreu porque o juiz acatou a tese de que não havia requisitos suficientes para justificar a prisão.

A candidatura de Wendel foi deferida por unanimidade pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). A relatora dos autos, a juiza Erika Paiva, alegou que nenhum pedido de impugnação ou notícia de inelegibilidade foi apresentada contra o pedido de registro de candidatura, embora o Ministério Público Eleitoral tenha apresentado parecer pelo indeferimento, aduzindo que ele teria sido condenado em ação penal pela prática de crime hediondo.

Em agosto do ano passado, Wendel Lagartixa foi vítima de uma tragédia familiar, quando a filha, de 4 anos de idade, foi morta a tiros no Dia dos Pais, no momento em que estava na companhia do policial reformado. Ela foi atingida no rosto por disparos de arma de fogo e não resistiu. O hoje candidato a deputado estadual ofereceu R$ 50 mil para quem tivesse informações que pudessem ajudar a identificar o paradeiro do suspeito.

Wendel Lagartixa já havia sido preso pela operação Hecatombe, da Polícia Federal, em 2013, acusado de fazer parte de um grupo de extermínio (ao todo, a operação levou 18 acusados à prisão). Em maio de 2015, ele foi solto porque a Justiça entendeu que o prazo da prisão preventiva estava extrapolado. O PM reformado havia sido apontado como um dos líderes da organização criminosa à época. O grupo seria responsável por, pelo menos, 22 assassinatos. Lagartixa também esteve envolvido em outras operações, como a Fronteira, da Polícia Civil.

Ativo nas redes sociais, onde acumula dezenas de milhares de seguidores em pelo menos três perfis, Lagartixa sempre apareceu em vídeos cobrando ações do Poder Público na zona Norte de Natal e também no interior do Estado, principalmente no litoral norte. Também nas redes, Lagartixa costuma expor suspeitos de crimes e mandar recados a eles.

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