segunda-feira, 23 de outubro de 2017

RN atinge 2 mil homicídios e supera registros de 2016

Assassinatos chegam a 2 mil no Rio Grande do Norte, e projeção é encerrar o ano com 2.300 casos.

Da redação com Tribuna do Norte

Pela primeira vez o Rio Grande do Norte chegou a 2 mil assassinatos num único ano. A triste marca foi atingida neste domingo (22), segundo levantamento feito pelo Observatório da Violência Letal Intencional (OBVIO/RN). O total de ocorrências corresponde a quase sete (6,8) assassinatos por dia no Estado. Em 2016 — de 1º de janeiro a 31 de dezembro —, foram 1988 assassinatos. Projeção feita por especialista do Observatório é que o Rio Grande do Norte chegue ao fim deste ano com 2.300 mortes.

Observando apenas o período que vai de 1º de janeiro até 22 de outubro, houve um aumento de 25,8% de mortes em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com o coordenador do OBVIO, o especialista em segurança pública Ivênio Hermes, os números não surpreendem. “Infelizmente já esperávamos chegar a marca dos 2 mil homicídios antes do fim do ano. Em junho, fizemos um prognóstico que apontava outubro como o mês que chegaríamos a esse triste recorde histórico. E, segundo esse mesmo prognóstico, deveremos terminar o ano com cerca de 2.300 assassinatos”, comenta.
Jovens são maioria entre as vítimas
Dos 2 mil crimes registrados, mais da metade aconteceu na Região Metropolitana de Natal, com um total 524 ocorrências circunscritas apenas na capital potiguar – na sequência das cidades com mais assassinatos estão Mossoró (192), Ceará-Mirim (127), Parnamirim (122) e São Gonçalo do Amarante (103). O levantamento ainda aponta que só em Natal houve um aumento de 10,5% de crimes em relação ao mesmo período de 2016. Dentre os bairros com mais assassinatos estão Nossa Senhora da Apresentação (72), Lagoa Azul (48), Felipe Camarão (42), Quintas (39) e Pajuçara (35).

Para Ivênio, a escalada do crime no Estado é resultado da falta de planejamento das ações em segurança pública e a escassez de investimentos na área. “O início do ano foi marcante por causa das mortes no presídio de Alcaçuz. Mas não foi suficiente para atingirmos essa marca. O que tem acontecido é que não existe programa efetivo de gestão em segurança pública no Estado. Em abril o governo lançou um plano de combate. Se vê que foi falho. Já em maio a escalada de mortes cresceu e a cada novo mês os números estão superados com marcas históricas”, avalia o especialista. Em setembro o OBVIO registrou o mês mais violento, com 228 mortes. “Quando Ceará-Mirím mostrou uma grande incidência de crimes, o governo agiu no município. Mas se percebe que em outra localidade os assassinatos aumentaram. Essas ações pontuais não funcionam”, afirma. 
Ivênio Hermes, Coordenador do OBVIO Observatório da Violência do Rio Grande do Norte
Embora os 2 mil assassinatos já sejam uma marca histórica, o período que vai de 1º de janeiro a 22 de outubro pode reunir uma quantidade maior de mortes, acredita Ivênio. “A mancha de Alcaçuz ainda não está bem explicada. Não se sabe exatamente o número de mortes, nem o paradeiro dos cerca de 70 fugitivos. Ou seja, falta comunicação. Quando essa comunicação é feita corretamente, os números aumentam por causa do alcance da cobertura”, conta.

Dos tipos criminais, o homicídio lidera as estatísticas com 1662 registros. A lesão corporal seguida de morte vem na sequência com 140. Há ainda a ação típica de estado (102), latrocínio (55), feminicídio (34) e outros. Do perfil das vítimas, 1869 são homens, contra 129 mulheres.

A reportagem procurou a secretária Sheila Freitas, na manhã deste domingo (22), mas foi informada através da assessoria de comunicação que ela não iria comentar os dados neste momento. A secretária, em entrevistas anteriores, tem afirmado que maioria dos casos está relacionada ao tráfico de drogas.

Natal é a 5ª capital do Brasil com mais assassinatos de jovens, diz Unicef

De acordo com um estudo do Governo Federal com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em municípios com mais de 100 mil habitantes a taxa de assassinatos de jovens chegou a 3,65 por mil adolescentes – ou seja, para cada mil adolescentes que completam 12 anos, mais de três são vítimas de homicídios antes de chegar aos 19 anos.
A capital potiguar está em 5º lugar no ranking, com a taxa de 7,34, aparecendo na lista depois de Fortaleza (10,94), Maceió (9,37), Vitória (7,68) e João Pessoa (7,34).

O estudo alerta que, se as condições que prevaleciam em 2014 não mudarem, 43 mil adolescentes poderão ser mortos dentro do período de 2015 a 2021, nos 300 mil municípios analisados. Segundo os cálculos da pesquisa, os adolescentes do sexo masculino tinham um risco 13,52 vezes superior ao das adolescentes do sexo feminino, e os adolescentes negros, um risco 2,88 vezes superior ao dos brancos.

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