domingo, 27 de maio de 2018

Crise: No RN, desabastecimento de alimentos e combustíveis preocupa

Da redação com Tribuna do Norte
Por Mariana CeciRepórter

Enquanto o Exército e outros segmentos das forças da segurança pública do Rio Grande do Norte se reúnem desde esta sexta-feira (25) a fim de traçar um plano para cumprir o decreto presidencial que ordena a retirada dos caminhões que estão bloqueando as rodovias das estradas, os caminhoneiros permanecem trancando parcialmente as vias do Estado e de mais 387 outros pontos espalhados pelo país. No sexto dia de protesto pelo aumento no preço do Diesel, diversos serviços já começam a ser seriamente afetados pela ausência de insumos e mercadorias, que dependem do transporte dos caminhões para chegarem nas cidades. 
Caminhoneiros bloqueiam parcialmente a BR-101, em Parnamirim. É o sexto dia consecutivo de greve da categoria e não há sinais de desmobilização
Até o início da tarde deste sábado (26), não havia previsão para o início das ações físicas de remoção dos manifestantes que estavam na BR-101 em Parnamirim

De acordo com o departamento de relações públicas do Exército no RN, a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Rodoviária Estadual e outros setores da Secretaria do Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) vêm se reunindo com os militares desde o lançamento do decreto para traçar um plano conjunto de ação. A retirada dos caminhoneiros deverá ser "multisetorial", e ainda não há previsão para o início das ações físicas de remoção dos manifestantes, que em Parnamirim permaneciam fechando uma faixa da BR-101 na manhã deste sábado (26). 

"Missão dada é missão cumprida. Vamos atender a ordem do decreto presidencial, mas com toda atenção a legalidade e na busca sempre de encontrar uma solução pacífica, que causa o mínimo de dano à população", afirmou o relações públicas do Exército no RN, Coronel Erland. O decreto assinado pelo presidente Michel Temer nesta sexta-feira, autoriza aos militares "tomarem" os caminhões dos grevistas, sob a justificativa de assegurar o abastecimento da população. O decreto também prevê a remoção ou condução de veículos que estiverem obstruindo a via pública, a escolta de veículos que prestem serviços ou produtos considerados essenciais, a garantia de acesso a locais de produção ou distribuição de produtos considerados essenciais e medidas de proteção para a infraestrutura considerada crítica. Após o lançamento do decreto, a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo apurou que 132 pontos das rodovias já haviam sido liberados, e 387 permaneciam bloqueados. 

Enquanto isso, em Natal, ao passo em que o Exército se prepara para retirar os bloqueios, os mesmos caminhoneiros que podem ter seus caminhões tomados e devem ser retirados à força do local da manifestação pedem “intervenção militar já”, enquanto entoavam o hino nacional ao longo da manhã de sábado. 

O caminhoneiro Valdir Pereira, de 39 anos, que desde o primeiro dia participa da paralisação e é um dos porta-vozes do movimento na cidade, afirma que caso o Exército utilize força para retirar os caminhoneiros, a categoria não pretende revidar. "O nosso movimento é pacífico. Se o Exército chegar, vamos todos sentar na pista e abaixar a cabeça. Não acredito que se estivermos todos sentados, na pista, os militares vão nos prender a força, já que não estamos praticando violência contra ninguém", afirma Valdir que, ao mesmo tempo, pede "intervenção militar". 

Greve no RN
Confira os impactos da greve em alguns serviços do Rio Grande do Norte. Veja a lista abaixo: 

Transportes:
Frota está reduzida em Natal devido à falta possibilidade de faltar nos postos. Apenas 70% dos ônibus estão circulando pela cidade.

Ceasa:
Os produtores e distribuidores afirmam que, a partir de segunda-feira, não haverá mais alimentos perecíveis para serem vendidos pela Central de Abastecimento. 

Segurança:
A Secretaria do Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) está reunida desde a sexta-feira (25) com membros do Exército, a fim de traçar um plano de ação para a retirada dos caminhoneiros das rodovias estaduais, em cumprimento ao decreto presidencial lançado por Michel Temer nesta sexta-feira (25). Não há previsão para quando o Exército vai atuar fisicamente nos bloqueios, mas eles já se reuniram com o governador Robinson Faria e garantiram a retirada dos caminhoneiros. 

Saúde:
A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) afirmou que a rotina nos hospitais e serviços administrativos permanece sem alteração, mesmo após cinco dias de bloqueios dos caminhoneiros em rodovias no RN. Não há registro de falta de alimentos, ou insumos ambulatoriais. Funcionamento de ambulâncias também permanece normal.

Supermercados:
A associação que representa os supermercados no Estado disse que os estoques estão baixos, e que algumas lojas de hipermercados de redes nacionais e internacionais informaram que estão com problemas de abastecimento. Ainda não há recomendação sobre limitação a quantidade de produtos comprados pelos consumidores.

Coleta de lixo:
A Companhia de Serviços Urbanos de Natal (URBANA) solicitou à população natalense que evite colocar lixo domiciliar em locais inapropriados, e nem deposite o lixo da sua casa, podas e entulhos em terrenos baldios. Em virtude da possibilidade da falta do combustível, trechos mais longos, e fora do previsto, podem acarretar a paralisação dos serviços de coleta nos próximos dias. Os serviços continuam normais na cidade. Em Parnamirim, a Secretaria de Limpeza Urbana (Selim) informou que o serviço de coleta na cidade ficou 70% comprometido.

Bancos:
A TecBan, empresa que administra a RedeBanco24horas, disse que há o risco dos caixas não serem abastecidos devido à paralisação. Caso não haja a disponibilidade de combustível em algumas regiões, os carros fortes poderão ficar impossibilitados de realizar o abastecimento dos caixas. Até o momento, no entanto, a empresa não relatou casos de caixas sem dinheiro devido à falta de combustíveis.

UFRN
A Universidade Federal do RN informou, através de nota que, até segunda ordem, a UFRN estará aberta e com atividades regulares. Entretanto, não está descartada a adoção de tratamento diferenciado à condução das atividades acadêmicas e administrativas previstas para os próximos dias caso a situação não seja normalizada.

Trechos das BRs parcialmente interditados no Rio Grande do Norte:
BR-101: Parnamirim (Km 105)
BR-226: Santa Cruz (Km 107)
BR-304: Mossoró (Km 33); Assú (Km 106)
BR-405: Apodi (Km 72)
BR-406: João Câmara (Km 103)
BR-427: Caicó (Km 104)

Nenhum comentário:

Postar um comentário