sábado, 9 de junho de 2018

Delação aponta 52 desembargadores e políticos envolvidos em fraudes

Da redação com Tribuna do Norte
Por Aura MazdaRepórter

Dez desembargadores (sendo dois aposentados), quatro ex-governadores, o atual governador, cinco deputados federais, um ex-deputado federal, dois senadores, um ex-senador, deputados estaduais, oito conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (sendo três já aposentados) e outros políticos são citados nas Colaborações Premiadas da ex-procuradora da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, Rita das Mercês, e cinco familiares.

Operação do Ministério Público Dama de Espadas foi deflagrada em agosto de 2015 e recolheu documentos na Assembleia Legislativa
Operação do Ministério Público Dama de Espadas foi deflagrada em agosto de 2015 e recolheu documentos na Assembleia Legislativa 

Os agentes políticos e membros do Judiciário são apontados como supostos beneficiados e mandantes do esquema de inclusão de funcionários fantasmas no poder legislativo. As ações criminosas teriam ocorrido durante nove anos, entre 2006 e 2015. 

Firmado em 4 de agosto de 2017 com o Ministério Público Federal (MPF), a delação foi homologado em 4 de outubro do mesmo ano pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. No Acordo de Colaboração, detalhado ao longo de 19 páginas às quais a TRIBUNA DO NORTE teve acesso com exclusividade, ficou estabelecido que os seis colaboradores (Rita e familiares) não serão presos quando houver um julgamento, entre outras vantagens.

Rita das Mercês terá a substituição de uma possível pena por quatro anos de prestação de serviços comunitários, durante sete horas por semana. Gustavo Villarroel (filho) e Tangriany de Negreiros Reinaldo (nora) também terão que prestar serviços comunitários por dois anos. A Mariana Morgana (neta), Maria Lucien Reinaldo (irmã) e Maria Nilza (tia) foi prometido o perdão judicial. Os colaboradores terão o passaporte devolvido.

Provas
A primeira fase das audiências de instrução das testemunhas de acusação da “Dama de Espadas” começam em 28 de junho. As oitivas deveriam ter iniciado em 30 de maio, mas foram adiadas a pedido da defesa dos envolvidos, alegando que não tiveram acesso aos depoimentos de Rita. Na ocasião, a advogada da procuradora-aposentada da ALRN confirmou à TRIBUNA DO NORTE que Rita e os familiares irão confirmar tudo o que disseram em juízo.

Rita das Mercês foi presa e aceitou detalhar esquema à Justiça
Rita das Mercês foi presa e aceitou detalhar esquema à Justiça 

Termos
No termo de colaboração, Rita das Mercês se comprometeu a identificar autores, coautores, participantes das diversas organizações criminosas que tenham relação com a “Operação Dama de Espadas”. Ela também se comprometeu a revelar a hierarquia, divisão e tarefas, e recuperar total ou parcialmente o produto de proveito das infrações. Rita prometeu entregar documentos ou qualquer prova material que comprovassem os ilícitos.

No Acordo de Colaboração, Rita firma o compromisso de devolver aos cofres públicos dois apartamentos em Pirangi do Norte, avaliados, juntos, em R$ 660 mil; 50% de um lote e uma casa em Areia, na Paraíba (o lote é avaliado em R$ 70 mil). Mariana Morgana terá que pagar uma multa de R$ 30 mil parcelado em dez vezes. Também será levantado o sequestro de uma casa em Nísia Floresta.

Quem é Rita das Mercês
Rita das Mercês foi presa em agosto de 2015, em decorrência da Operação Dama de Espadas, comandada pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte ( MPRN). Ela foi solta três dias depois. Advogada, começou a trabalhar na Assembleia Legislativa em 1981 como consultora jurídica, cargo que seria posteriormente transformado em procurador. No local, exerceu diversas funções de chefia, até ser convidada (em 2003) pelo então presidente da ALRN, Robinson Faria, para exercer o cargo de chefia na Procuradoria-Geral, função que permaneceu até 29 de setembro de 2015, quando foi exonerada. Ela responde o processo em casa, em Natal. 

Aposentada já após a deflagração da Operação, Rita das Mercês recebeu da ALRN, R$ 30.471,11 brutos em maio deste ano, de acordo com dados do Portal da Transparência do órgão.

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