quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Política: Carlos é nome mais provável para senador de Fátima; Jean critica

Da redação
Fonte: Tribuna do Norte


A tendência de o ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT) ser o nome para o Senado na composição que terá a governadora Fátima Bezerra (PT) como candidata à reeleição tem avançado e, com isso, o senador Jean Paul Prates (PT) tenta reagir para evitar que se consolide a formação na qual estaria fora dessa chapa majoritária para a disputa eleitoral.

“Como estratégia não me parece justificável. Como recado aos eleitores e à militância é um desastre”, afirmou Jean Paul, ontem, em nota. Ele se referia ao que classificou como “especulações sobre a possibilidade da vaga ao Senado, na aliança liderada por Fátima, ser disputada por alguém estranho a esse projeto [do PT]”. Para o senador petista, a possibilidade, “representa um retrocesso”.

O senador Jean Paul se autodeclarou, na nota, “como pré-candidato do PT à vaga no Senado pelo Rio Grande do Norte”. Mas não citou qualquer decisão de uma instância do partido sobre a definição de pré-candidatura para as eleições deste ano. Nem a governadora se declarou, oficialmente, como pré-candidata escolhida pelo PT à reeleição. “Tenho muito a contribuir ainda neste longo caminho que é a construção de um país melhor", afirmou Jean Paul.

A reação foi diante das informações que circulam sobre a tendência que tem evoluído no diálogo entre os interlocutores designados pela governadora para tratar com o ex-prefeito. A tendência é favorável à definição no sentido de Carlos Eduardo compor na condição de candidato ao Senado na aliança com o PT. Faltaria a definição dos espaços para os demais aliados.

Fátima Bezerra precisaria também de tempo para o convencimento interno no Partido dos Trabalhadores e para costuras de seus representantes junto às legendas que devem integrar a coligação, antes de admitir publicamente essa formação na chapa.

Mas, há aliados e adversários da governadora que tiveram conhecimento de conversas recentes do ex-prefeito com o secretário-chefe da Casa Civil, Raimundo Alves. Eles não têm dúvidas de que a intenção dos que articulam com autorização de Fátima Bezerra é buscar viabilizar para Carlos Eduardo a vaga de candidato a senador. Por enquanto, a orientação dos que participam das conversas decisivas é não dar declarações públicas sobre a evolução do acordo.


O objetivo é não precipitar o anúncio para evitar constrangimentos com partidos e pré-candidatos com os quais estão em andamento conversas.

No caso do PT, um dos problemas envolve o senador Jean Paul Prates, que insiste em uma candidatura à reeleição, e afirmou também, em entrevistas recentes, que não disputaria outros cargos eletivos, além de questionar uma aliança com o ex-prefeito, que foi adversário da governadora nas eleições de 2018. Jean Paul chegou a cobrar um pedido de desculpas de Carlos Eduardo por críticas a Fátima Bezerra e ao PT, como condição para tratar de possíveis alianças.

Outro ponto que os interlocutores governistas precisam resolver é o espaço do MDB para ter o partido na composição. Nas conversas desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Natal sinalizam para o deputado federal Walter Alves, presidente estadual do MDB, ser candidato a vice-governador. Mas, com Carlos Eduardo Alves na vaga de senador, alguns conselheiros políticos da governadora consideram que ela deveria partir para outra solução. Mesmo assim, tentam manter diálogo com o MDB.

O problema é que a oposição também procura atrair o MDB. Se Walter Alves não ficar na vaga de vice de Fátima, pode ter motivação para aderir à coligação oposicionista.

Apesar dessas dificuldades, o discurso para justificar a coligação entre PT e PDT está em construção. Os petistas que defendem a articulação em curso afirmam que o PDT, partido ao qual Carlos Eduardo está filiado, é “de esquerda” e “neste momento histórico há uma busca por ampliar as alianças, a exemplo do que faz Lula nacionalmente”.

Apesar do PDT ter um candidato a presidente, Ciro Gomes, e o PT outro, o ex-presidente Lula, argumentam que as duas siglas sempre se comprometeram com “bandeiras progressistas”, que não estariam em contradição com o governo de Fátima Bezerra, embora o ex-governador do Ceará tenha adotado posições que avaliam como “lamentáveis e deveriam ser revistas”.

Quanto às críticas de Carlos Eduardo na campanha de 2018 e a aproximação que teve com a candidatura de Jair Bolsonaro, no segundo turno, dizem que “não se pode fazer política com rancor” e que é preciso ter a visão de que se tratava de outra conjuntura. Além disso, “em outros momentos”, afirmam, “ele se mostrou um democrata, ao dialogar com os progressistas, e percebeu o erro como muitos que agora voltaram no campo democrático”.

Hamilton Mourão avalia possibilidades

A poucos meses do fim dos prazos legais para a transferência do domicílio eleitoral, o caminho do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) nas eleições de outubro começa a se tornar mais claro. Mourão está propenso a concorrer a uma cadeira no Senado, mas também não descarta uma candidatura ao Executivo. O vice-presidente segue dividido entre o Rio Grande do Sul, seu Estado natal, onde liderou o Comando Militar do Sul, e o Rio de Janeiro, onde cresceu e mantém residência quando não está na capital federal.

Segundo interlocutores, Mourão pende hoje para uma candidatura no Rio, mas aguarda uma definição mais clara do quadro regional e o anúncio da escolha do vice de Jair Bolsonaro, embora seja dado como certo que não haverá repetição da chapa de 2018.

Qualquer que seja o cargo que Mourão escolha, porém, ele só poderá disputar um posto diferente da Vice-Presidência se não tiver sucedido ou substituído formalmente o titular nos seis meses anteriores à eleição. Bolsonaro, porém, tem uma série de viagens internacionais previstas ao longo do ano. Para entrar na corrida eleitoral, Mourão não precisa renunciar ao cargo, mas também não pode assumir interinamente a Presidência a partir de 2 de abril.

“Mourão não é obrigado a assumir o cargo. Caso o presidente viaje, por exemplo, ele pode não assumir. Quem assume são os demais na linha sucessória. Se o vice-presidente assumir interinamente, por um dia que seja, fica inelegível”, afirma o advogado especialista em Direito Eleitoral e membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep) Lucas Lazari.

Na ausência de Bolsonaro e Mourão, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estão na linha sucessória. Caso também não assumam o cargo – ambos estão sujeitos às mesmas restrições de desincompatibilização – , a responsabilidade fica com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

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