quinta-feira, 24 de março de 2011

Temer quer peemedebista no governo


Brasília (AE) - Descontente com a partilha do poder, o vice-presidente da República, Michel Temer, aproveitou a festa de comemoração pelos 45 anos do PMDB, ontem à noite, para defender a ocupação de cargos no governo por integrantes do partido. Diante de uma plateia de 300 peemedebistas, Temer foi ovacionado ao argumentar que o partido venceu as eleições e, por isso, "tem o direito" a participar do governo, sem ter a pecha de fisiologista.
"Nós participamos de uma eleição em que fomos vencedores. PT e PMDB fizeram uma aliança. Então, estamos no direito de, tendo participado de uma eleição, de ocupar os cargos", disse Temer. Para ilustrar seu discurso, o vice-presidente usou de ironia. "Proponho que daqui a cinco, quatro anos nós lancemos um candidato à presidência da República e se ganharmos e quando ganharmos dizer que, como nós não somos fisiológicos, nós não vamos indicar ninguém para o governo."
Depois de reunir-se hoje à tarde com a bancada do PMDB no Senado, Temer reiterou que não defendeu o lançamento de candidatura própria à sucessão da presidente Dilma Rousseff, em 2014. Explicou que "muitas vezes" ouve críticas de que o PMDB não pode participar do governo, apesar de o partido ter vencido a eleição. Temer não descartou, no entanto, que no futuro o PMDB venha a lançar candidato próprio à presidência. Não é a primeira vez que Temer "ameaça" com candidatura própria do PMDB. Já parte do governo Lula, Temer chegou a defender candidatura própria nas eleições de 2010.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o PMDB pretende lançar candidaturas na maioria dos municípios, nas eleições do ano que vem. É uma forma de o partido se preparar para ter candidato próprio à presidência da República. "Não quer dizer que seja na próxima eleição. Nós teremos candidato à presidência no momento em que tivermos condições de ganhar as eleições. Não se falou especificamente em 2014, não se falou em datas", observou.
Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), a discussão sobre sucessão presidencial é prematura. "O PMDB, não é apenas um participante do governo. Ele é governo. Tem a vice-presidência da República, tem espaços importantes no Congresso. E eu acredito que, além de ser imprópria essa discussão agora, o PMDB não tem porque se sentir insatisfeito com o tratamento recebido da presidente", afirmou o petista.
Mas passados quase três meses do início do governo Dilma Rousseff, a maioria dos cargos de segundo e terceiros escalões reivindicados pelo PMDB ainda não foram preenchidos pelos apadrinhados políticos de lideranças do partido. Essa demora desagrada parte da bancada da Câmara e do Senado, que defende uma participação maior do PMDB no governo na máquina pública. O partido também está insatisfeito com o cancelamento de restos a pagar do Orçamento de 2010.
Para demonstrar fidelidade ao governo, o PMDB tem votado em bloco a favor do Palácio do Planalto. Foi assim na votação que fixou o salário mínimo em R$ 545: todos os 77 deputados votaram a favor da proposta do governo. No Senado, houve dissidências. Essa fidelidade foi lembrada na festa do PMDB de ontem à noite. Em seu discurso, Temer defendeu a união do partido nas votações do Congresso. "Ou votamos inteiramente a favor ou votamos inteiramente contra. É isso que nós dá respeitabilidade", disse.
Sem a presença de peemedebistas históricos, como os senadores Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE), a saia justa na festa do partido ficou por conta do presidente do Senado, José Sarney (AP). Depois de chegar atrasado mais de uma hora porque estava participando do lançamento de sua biografia. Sarney surpreendeu a todos com um discurso enaltecendo a si próprio e com rasgados elogios ao período em que foi presidente da República.

Fonte: Jornal de Fato

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