terça-feira, 31 de maio de 2011

Senador diz que bancada do PMDB não assinará CPI contra Palocci

Eunício Oliveira diz que acordo foi feito durante jantar com Temer.
Ministro da Casa Civil aumento patrimônio em 20 vezes de 2006 a 2010.


Iara Lemos
Do G1, em Brasília

O vice-presidente da República, Michel Temer,
reuniu os senadores da bancada do PMDB para
um jantar na noite desta segunda-feira (30).
(Foto: Dida Sampaio/Agência Estado)


O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) disse nesta segunda-feira (30) que a bancada do PMDB no Senado decidiu não assinar o requerimento de CPI na Casa para investigar ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Oliveira disse a jornalistas que o acordo foi firmado durante jantar nesta noite com o vice-presidente da Repúbica, Michel Temer.

Segundo o senador, o partido vai esperar uma manifestação do Ministério Público sobre a evolução patrimonial de Palocci.

“Conversamos sobre a CPI. O PMDB deve esperar a decisão do Ministério Público. O PMDB já tinha esta intenção [de não assinar], mas tinham alguns senadores que tinham a intenção. Mas ficou acordado que não vão assinar enquanto não houver manifestação do MP”, explicou Oliveira a após jantar com a bancada do PMDB no Senado e o vice, no Palácio do Jaburu, em Brasília.

De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, o patrimônio do ministro cresceu 20 vezes, nos quatro anos (2006-2010) do mandato de deputado federal. Na última sexta-feira (27), o ministro entregou explicações à Procuradoria-Geral da República sobre o aumento dos bens e o Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF) informou que investiga desde a última terça-feira (24) a evolução do patrimônio de Palocci e as atividades da empresa de consultoria dele, a Projeto.

Temer recebeu senadores do PMDB para preparar a pauta do encontro da bancada com a presidente Dilma Rousseff, na quarta-feira (1). A reunião com Dilma foi anunciada depois de um encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os líderes partidários do Senado na última quarta-feira. "Será um almoço de confraternização", disse o senador do Ceará.

A reunião com Lula serviu para pedir “mais entrosamento” da base com o governo da presidente Dilma Rousseff, informou o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR). No almoço com Dilma, o projeto do Código Florestal deverá ser um dos principais temas.

Ao todo, 16 senadores participaram do encontro com o vice-presidente na noite desra segunda-feira. Segundo Eunício Oliveira, a decisão dos senadores de não assinarem o requerimento da CPI contra Palloci mostra a unidade do partido. "Não há crise instalada", disse o senador.

Oposição

Diante da dificuldade de reunir assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a evolução patrimonial do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, no Congresso, a oposição pode adotar a estratégia de propor uma investigação apenas no Senado, disse nesta segunda-feira (30) o líder do PSDB na Casa, Álvaro Dias (PR).

A estratégia deve ser posta em prática a partir de quarta (1), quando a oposição já terá uma análise do cenário em torno da colega de assinaturas. Para abrir uma CPI mista no Congresso, a oposição precisaria de 171 assinaturas na Câmara e de 27 assinaturas no Senado. Até esta segunda, o líder tucano tinha 18 assinaturas de senadores no requerimento. Na Câmara, no entanto, o número ainda é inferior a 100.

Atrito com Palocci
Na semana passada, durante os debates do Código Florestal na Câmara, o PMDB votou contra a orientação do governo. No dia da votação, na última terça (24),o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, conversou com Temer em nome da presidente e teria ameçado de demissão os ministros peemedebistas, conforme informou Cristiana Lôbo.

Nesta segunda-feira, Temer disse a ministros que participaram de uma reunião sobre conflitos fundiários que os atritos com o ministro estão “superados”, segundo informou uma fonte do governo.

Segundo a fonte do governo ouvida pelo G1, no mesmo dia Palocci pediu desculpas ao vice-presidente pelo tom da conversa.

*G1 Política

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