quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Contas: Desequilíbrio da previdência pública é maior no Nordeste

Da redação com Tribuna do Norte

Preocupado com a piora das contas da Previdência de Estados e municípios, o governo federal resolveu fazer uma radiografia da situação e montou um ranking para acompanhar de perto o problema. O Indicador de Situação Previdenciária (ISP), que lista 2.107 regimes próprios, revela que o desequilíbrio é maior no Norte e Nordeste.

Secretário de Previdência Social, Marcelo Caetano, ressalta que é necessário garantir o equilíbrio no longo prazo para evitar calotes
Secretário de Previdência Social, Marcelo Caetano, ressalta que é necessário garantir o equilíbrio no longo prazo para evitar calotes 
Na primeira avaliação, o indicador médio nacional ficou em 0,583 numa escala de 0 a 1. A nota leva em conta o grau de cumprimento das normas de organização e funcionamento, o equilíbrio da Previdência dos servidores e a transparência das contas. Quanto mais próximo de 1, mais eficiente e com as contas em dia está o plano. O Rio Grande do Norte obteve média 0,537 – abaixo da média nacional: 0,583.

A situação é grave porque, se os governos tivessem de desembolsar hoje o dinheiro necessário para bancar os benefícios futuros, haveria um rombo de R$ 4,6 trilhões nos Estados e de R$ 769,3 bilhões nos municípios. É o chamado déficit atuarial. O secretário de Previdência, Marcelo Caetano, ressalta que é necessário garantir o equilíbrio no longo prazo, para que o servidor não fique sem receber. 

Os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) são assegurados exclusivamente a servidores públicos e mantidos por União, Estados e municípios. Eles são diferentes do regime geral (INSS) vinculado a trabalhadores da iniciativa privada ou a servidores de municípios que não têm regimes próprios.

Os regimes municipais têm nota melhor que os estaduais porque são mais recentes e pagam menos benefícios. O Rio Grande do Sul tem o maior número de municípios com RPPS, o que alçou os gaúchos à segunda melhor colocação no ranking, com nota média de 0,764. O resultado é contraditório, uma vez que o governo estadual tem uma das situações fiscais mais graves no País.

Segundo o governo gaúcho, 57,8% da folha de pagamento vai para 209 mil aposentados e pensionistas. O Rio Grande do Sul tem mais inativos do que os 153 mil em atividade. A previsão é que o rombo na Previdência chegue a R$ 9,5 bilhões em 2017. Já a maioria dos municípios gaúchos sustenta boas notas. Um exemplo é Sapiranga, onde existe o Fundo de Aposentadoria e Pensões dos Servidores (FAPS). Em 2016, as receitas que entraram no caixa do FAPS foram maiores do que as despesas em R$ 26,3 milhões. Apesar disso, o equilíbrio atuarial que existia até 2013 mudou com a menor rentabilidade dos investimentos, por conta da crise. Há um buraco de R$ 41,8 milhões para cobrir pagamentos futuros. 

Para resolver o problema, a Prefeitura Municipal colocou em curso um plano de recuperação, com alíquota extraordinária. A situação é oposta no Norte e Nordeste, onde só 36,8% e 25% dos regimes próprios têm indicador melhor que a média nacional, respectivamente. Para Caetano, um dos motivos é o alto índice de judicialização.

Muitas cidades tentam obter o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP), mesmo sem estar em dia com as obrigações legais. Isso ajuda a “maquiar" a situação previdenciária e piora o quadro, pois sem a “punição" que é ficar sem o CRP, o gestor se sente dispensado de cumprir as normas de regularidade e equilíbrio dos regimes.

Ranking
Conheça abaixo o posicionamento dos estados brasileiros no ranking do Indicador de Situação Previdenciária. A média brasileira é de 0,583. O Rio Grande do Norte obteve 0,537 – abaixo da média nacional. Veja abaixo:

Brasil......................................................0,583
Mato Grosso...........................................0,780
Rio Grande do Sul..................................0,764
Santa Catarina........................................0,762
Mato Grosso do Sul................................0,748
Roraima..................................................0,743
Rondônia................................................0,696
Paraná....................................................0,689
Acre........................................................0,676
São Paulo...............................................0,669
Tocantins................................................0,596
Espírito Santo.........................................0,574
Distrito Federal.......................................0,574
Goiás......................................................0,555
Minas Gerais..........................................0,553
Rio Grande do Norte..............................0,537
Piauí.......................................................0,526
Rio de Janeiro........................................0,494
Ceará......................................................0,456
Pernambuco............................................0,404
Bahia.......................................................0,367
Paraíba....................................................0,332
Sergipe....................................................0,311
Amapá.....................................................0,273
Amazonas...............................................0,269
Pará........................................................0,261
Alagoas..................................................0,244
Maranhão...............................................0,229

Fonte: Secretaria de Previdência

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