quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Folia do “Baiacu na Vara” termina em confusão na Redinha

Marcelo Lima - repórter

Um conflito entre policiais militares e foliões do bloco "Baiacu na Vara" encerrou no pior estilo o carnaval na Redinha. A pancadaria generalizada aconteceu quando uma viatura da Polícia Militar tentou atravessar a multidão do Baiacu, que estava nas proximidades bar do Pé do Galo. Cinco pessoas foram detidas. Dezenas de foliões e dois policiais ficaram feridos.


Por volta das 13h30 de ontem, um trio-elétrico teria entrado em parte do percurso do Baiacu. Segundo a Policia Militar, uma viatura tentou atravessar o bloco para atender o chamado da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) de Natal. "A gente pediu calma que a gente ia abrir. Mas aí, eles desceram da viatura com cassetete e tudo e atiraram pra cima. Foi um pânico. Todo mundo começou a correr", contou Cristina Medeiros, fundadora do Baiacu na Vara. Boa parte das testemunhas disse ter ouvido três tiros mirados para o alto.

Pessoas correram para dentro do bar do Pé do Galo. Foliões e pessoas que estavam no bar vaiaram os militares. Quem ainda estavam na rua reagiu aos policiais, atirando o que havia por perto como, cocos e pedras contra os policiais. Dois deles ficaram feridos na cabeça.

O professor João Batista da Silva foi detido por ter agredido um policial. Quando chegou na delegacia de Plantão da Zona Norte, passou mal e foi levado para o hospital Santa Catarina, mas retornou para depor ainda na tarde de ontem. Mais duas pessoas foram detidas por desacato e outras duas por lesão corporal aos policiais e dano ao patrimônio (danificaram viaturas segundo policiais). Até o fechamento desta edição, a Polícia Civil não havia divulgado oficialmente os demais nomes.

Durante o tumulto, um policial utilizou um alicate gigante contra os foliões. Testemunhas afirmam que um mulher foi atingida na boca pela ferramenta. Os policiais também lançaram spray de pimenta. "Era uma guerra campal, eu tentei negociar com eles, mas eles não queriam papo", disse o vereador Hugo Manso (PT), folião do bloco.

Muitas pessoas que tentaram registrar a ação policial por meio de máquinas fotográficas e celulares tiveram os equipamento apreendidos ou danificados pelos policiais. Um deles foi o repórter fotográfico freelancer Paulo Almeida. "Quando chegou o reforço, o policial pediu para apagar as imagens, depois puxou da minha mão", afirmou, acrescentando que não esboçou nenhum tipo de reação. Mesmo assim, ele apresenta arranhões nas costas. Em seguida, ele foi para a delegacia de Plantão da Zona Norte com o intuito de realizar queixa contra o policial. "Eles chegaram de uma forma provocativa e sem controle emocional", classificou Almeida, que pretende processá-los para reaver o material de trabalho.

A dona de casa Suely Regina da Silva também registrou boletim de ocorrência contra policiais militares. "Eu estava fazendo umas fotos pra mim. Aí o motorista da viatura 422, quando viu que eu estava filmando a prisão, chutou minha mão", relatou. Segundo ela, também irá ajuizar ações contra o Estado. "Quando eu disse 'olhe, isso não vai ficar assim' e ele riu de mim, isso foi o que mais me indignou. Ele ser pago com o dinheiro dos meus impostos e ainda debochar de mim depois do que fez é revoltante", desabafou. A dona de casa também disse que sua filha também foi agredida dentro do Pé do Galo. Um policial teria jogado uma mesa contra menina.

O proprietário do bar Iuri Xavier disse nunca ter visto uma tumulto daquelas proporções nos 42 anos de existência do estabelecimento. "O prejuízo maior foi o meu. Os foliões correram pra dentro e levaram três litros de uísque, quebraram mesas e garrafas", descreveu. Ainda na tarde de ontem o bar voltou a funcionar.

A diretora-fundadora do Baiacu disse que a tranquilidade sempre foi uma marca do Baiacu. "Nunca houve um puxão de cabelo em 23 anos de bloco. Foi um abuso de autoridade. Quem fez a baderna do bloco foram os policiais, os grandes marginais. Agora o governo do Estado vai ter que arcar com as consequências", concluiu Cristina Medeiros.

CEDIDAA confusão no bloco Baiacu na Vara, que foi às ruas da Redinha na manhã desta quarta-feira de Cinzas (13), foi registrada por foliões. pelo bloco.
A confusão no bloco Baiacu na Vara, que foi às ruas da Redinha na manhã desta quarta-feira de Cinzas (13), foi registrada por foliões. pelo bloco.
PM usa alicate como arma contra os foliões

Embora as imagens mostrem claramente o uso de um alicate como arma dos policiais, o tenente Gustavo Silva, responsável pelo efetivo do local, não reconhece que os policiais tenham usado no momento do tumulto. "Nós trabalhamos com fuzil, a gente não trabalha com alicate não", falou.

Sobre as pessoas agredidas, o tenente não reconhece nenhum tipo de excesso."Foi usada a força necessária para contê-los, tanto é que no meio daquele multidão cinco pessoas foram detidas e ninguém ficou baleado", comentou. Ela também diz não saber de nenhuma máquina fotográfica apreendida. 

Dois policiais ficaram feridos. O soldado Policarpo foi ferido com uma pedra de paralelepípedo próximo ao olho. Ele foi atendido no hospital Santa Catarina. Conforme o tenente Gustavo Silva, o cabo Mariano também foi encaminhado para o Hospital Walfredo Gurgel. "Ele foi atingido com um coco na cabeça e depois começou a vomitar. Nós deduzimo que foi pela pancada", disse. 

O comandante da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, coronel Francisco Araújo, disse que as pessoas que tiverem alguma queixa devem ir a delegacia onde o caso foi registrado ou fazer denúncia na Corregedoria da Polícia Militar

TRIBUNA DO NORTE

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