Da redação com Tribuna do Norte
Por Ícaro Carvalho - Repórter
Os longos períodos de seca que castigaram o semiárido nordestino nos últimos anos aparentam dar uma trégua ao povo potiguar. Apresentando bons índices de chuva em 2020 e reservatórios com bom armazenamento de água, o norteriograndense se vê mais tranquilo com relação a um dos principais problemas enfrentados pelo RN nos últimos 10 anos: a seca. Durante os últimos três meses, que incluiu a chegada da pandemia do novo coronavírus, o Monitor das Secas, desenvolvido pela Agência Nacional de Águas (ANA), apontou os melhores índices de recuo da seca no RN desde julho de 2014. Em maio de 2020, o RN apresentou seu melhor percentual em seis anos: 57,44% do território potiguar, segundo os dados da ANA, está fora da área de seca.
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O número é referente a maio de 2020 e é de longe o melhor cenário vivido pelo Rio Grande do Norte desde que a situação passou a ser monitorada pela ANA, que também analisa os outros oito estados do Nordeste, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Tocantins. Os dados positivos do RN sem seca vêm sendo uma constante a partir de fevereiro e não pararam de subir. No mês de março, o índice de território potiguar sem seca era de 31.9%. Em abril, o número já saltou para 49,82%, alcançando os 57,44% em maio. Para se ter uma ideia, os melhores índices registrados, antes de 2020, haviam sido em julho de 2014 (27.27%) e 2015 (24.69%) e abril de 2019 (23,21%).
Os índices de “Seca Fraca” no RN, segunda categoria no ranking do Monitor das Secas, também caíram consideravelmente durante a pandemia do novo coronavírus. Entre março e maio, o dado despencou de 68,1% para 42,56%.
Criado em 2014, o Monitor das Secas une dados de diversos segmentos para “dar o retrato da seca atual mais completo possível”. São reunidos números e índices meteorológicos, hidrológicos e agrícolas para se chegar aos índices de seca, que são definidos em cinco categorias: Seca Fraca, Moderada, Grave, Extrema e Excepcional. Essas categorias descrevem os impactos da seca nas lavouras, na disponibilidade de água, nas pastagens, entre outros.
“Esse dado é um índice, calculado levando-se em conta várias variáveis como evapotranspiração, vegetação, temperatura, etc. Esse índice é calculado e especializado, então, calculada a área de cada categoria. Como choveu bem, e a chuva é a principal variável climática no Nordeste, o peso dela é maior, dando esse resultado”, aponta Gilmar Bristot, chefe da unidade de meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn).
De acordo com dados da Emparn, entre fevereiro e maio de 2020, a média de precipitações no Rio Grande do Norte foi de 602,4 milimetros. O índice superou a quantidade esperada e prevista pelos meteorologistas potiguares, que era de 526,2. Todas as mesorregiões do Estado tiveram registros acima do previsto, com destaque para a região Oeste, que registrou soma de 718,4 milímetros. Segundo ele, a avaliação das chuvas em 2020 é analisada em três aspectos: as condições hídricas dos açudes, as condições agrícolas e a pluviometria.
“Na pluviometria, nós tivemos um ano em que os índices ficaram acima do normal. O índice ficou em torno de 15 a 16% acima do normal. A previsão desde dezembro que vínhamos divulgando que teríamos um ano de 2020 de normal acima do normal e foi o que aconteceu”, completa o meteorologista da Emparn.
“A questão agrícola nós analisamos se houve ou não ocorrência de veranicos, que são períodos de cinco a dez dias sem chuvas dentro do período chuvoso. Se acontecer pode trazer prejuízos para o desenvolvimento da agricultura. Não observamos veranicos significativos capazes de inviabilizar o desenvolvimento das culturas. Todas as culturas feitas, colocadas no campo desde janeiro a março, não faltou água para o desenvolvimento. Tivemos alguns pequenos de dois a três dias, mas não foi generalizado”, completou.
Dados do monitor de secas
Área sem seca no RN em 2020
- Maio: 57,44%
- Abril: 49,82%
- Março: 31,9%
- Fevereiro: 12,47%
- Janeiro: 0
Seca fraca no RN em 2020
- Maio: 42,56%
- Abril: 50,18%
- Março: 68,1%
- Fevereiro: 87,53%
- Janeiro: 100%
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