domingo, 18 de setembro de 2011
No Ibama: triste fim dos animais silvestres vítimas do tráfico ilegal
Arara mutilada está condenada ao cativeiro - Fotos: Heldon Simões
Mutilados, agonizando e sem muitas chances de sobreviver. É assim que chega a maioria dos macacos, araras, jabutis e periquitos, dentre outros, ao Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama.
Vítimas de maus tratos, muitos morrem antes mesmo de receber os primeiros socorros.
A captura, a prisão em cativeiro e a venda de animais silvestres são proibidas por lei, sob pena de responder legalmente e multa de R$ 500 por animal. Porém, essa ação cruel e criminosa vem sendo praticada com bastante frequência no RN, mesmo com a forte ofensiva do Ibama contra esse crime.
Segundo o superintendente estadual do Ibama-RN, Alvamar Queiroz, apreensões de animais silvestres são comuns: – “Estamos fazendo o máximo possível para conter esse crime. Atuamos através de denúncias feitas pela população e também pelo nosso serviço de inteligência, que já mapeou as feiras em que existe o tráfico. As pessoas precisam se conscientizar que criar ou vender um animal silvestre é crime”.
Acompanhados do pelotão ambiental, os fiscais do Ibama fazem rondas nas feiras livres. Trabalho resulta em muitas apreensões, mas, é difícil encontrar e punir os responsáveis.
– “Os traficantes jogam as gaiolas e se evadem do local assim que sentem a nossa presença. Como o principal objetivo é garantir o bem estar dos animais, primeiro nos preocupamos em recolhê-los, depois vamos atrás dos criminosos”, destaca Alvamar.
Os animais apreendidos recebem os primeiros socorros e ficam em quarentena.
Triste revelação da analista ambiental Fabíola Rufino: – “Animais vendidos nas feiras dificilmente sobrevivem, pois ficam em gaiolas apertadas, os donos cortam suas asas, tiram suas penas e não os alimentam. Chegam praticamente mortos”.
Após a recuperação, é observada a possibilidade de reintrodução na natureza, o que é muito raro, tendo em vista que vários fatores impossibilitam.
Explica Fabíola: – “Quando o animal é retirado de seu habitat natural é quase impossível que ele volte. Um Macaco Prego macho, por exemplo, se reintroduzido na natureza não será aceito em nenhum grupo, pois o macho dominante não irá permitir. Se for uma fêmea, pode até aceitar”.
Além da não aceitação pelos seus pares, outras agravantes: animais que viviam em cativeiro por anos, como é o caso da maioria dos papagaios e araras apreendidos, não sobreviverão se reintroduzidos na natureza. Estão condenados à prisão nas gaiolas e jaulas minúsculas nas dependências do Ibama. Triste fim para seres indefesos.
Existe também a possibilidade de doar animal apreendido a zoológicos ou parque de conservação, mas é muito difícil.
Lamenta Fabíola: – “Todos os Ibamas estão abarrotados. Os zoológicos não querem receber, pois não tem como introduzir um macaco a um grupo já existente. Por isso ficam aqui até morrer”.
Além do mais, a equipe de profissionais especializada para prestar assistência aos animais é pequena. Apenas cinco funcionários.
Ou seja: não há preocupação do Governo Federal com a fauna.
Se uma pessoa decente conhecesse as condições em que esses animais apreendidos vivem, não compraria um animal silvestre.
A estrutura do Ibama é precária, os animais ficam separados por jaulas e gaiolas minúsculas, escuras, velhas e enferrujadas. O nível de estresse deles é altíssimo.
Nessas dependências vivem 40 macacos Prego, 25 araras, 30 periquitos e 170 papagaios (Canindé e Verdadeiro).
A equipe do Ibama tem dificuldades de montar uma dieta balanceada necessária. Para se ter ideia, macacos Prego comem ‘ração’ para cachorro ao invés de ração para primatas, pois a mesma é muito cara.
Retirar um animal silvestre da natureza acarreta sério danos ao ecossistema. “O animal é um polinizador e dispersor de sementes naturais. As pessoas desconhecem como é nocivo tirar um animal de seu habitat”, alerta o superintente.
Crimes na Internet:
Em Currais Novos foi identificado um jovem que criava animais silvestres e exóticos no porão de sua residência. Vendia pelo Orkut. Até ratos ele criava para alimentar as cobras.
O Ibama aposta em campanhas educativas para esclarecer aos jovens que lugar de animal silvestre é na natureza e não em uma gaiola ou jaula, servindo como bicho de estimação.
– “Fizemos rodadas de palestras nos Correios, agora estamos nas escolas. Pretendemos visitar toda Grande Natal”, espera AQ.
Para denúncias, o Ibama possui a Linha Verde: 0800-806161 ou 3201-0100.
Macacos Prego e Araras em gaiolas minúsculas
Papagaios aos montes
Instalações precárias
Jaulas
Laboratório
*Tribuna do Norte
Publicado em: Especial
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