Promessa de greve ameaça projetos
As obras das arenas que vão sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014 podem parar. As centrais sindicais que lutam pela implementação do piso único para ajudante de pedreiro, pedreiros e carpinteiros ameaçam decretar uma greve geral da categoria em março. Faltando 859 dias para o início do Mundial e com cronograma apertado, os efeitos desse protesto correm risco de ser devastadores para Recife e Salvador, especialmente, que podem ficar fora da Copa das Confederações. Em Natal, o secretário da Secopa, Demétrio Torres, evita até falar no assunto, muito embora a governadora Rosalba Ciarlini tenha garantido uma folga de até 35 dias em relação ao cronograma oficial de construção da Arena das Dunas.
Pode ocorrer no Brasil o mesmo problema que a África do Sul enfrentou na reta final dos preparativos para Copa do Mundo de 2010, onde o governo teve de ceder as reivindicações dos operários sob o risco de não conseguir aprontar os palcos para os jogos no tempo estabelecido pela Fifa. A greve nacional está sendo articulada pela Força Sindical, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Confederação Sindical Internacional (CSI) e Federação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada.
Demétrio Torres foi econômico nas declarações, ressaltando que não podia falar em cima de projeções, mas não deixou de apresentar preocupação. "Não tenho qualquer informação sobre isso, em Natal as coisas continuam correndo de forma tranquila", disse o secretário, ressaltando que se o movimento se concretizar vai estar evidente de que algumas pessoas "estão querendo politizar as questões relativas ao Mundial". Frente ao problema que se anuncia, Demétrio ressaltou que vai ter de esperar para ver se a ameaça irá se confirmar.
Da pauta de negociação divulgada pelas centrais sindicais, as principais reivindicações são: um piso nacional unificado de R$ 1,1 mil para ajudantes de obras e de R$ 1,580 para pedreiros e carpinteiros, hora extra com percentual de 100% durante os dias de semana, cesta básica no valor de R$ 35 e planos de saúde extensível a familiares, além de Folga de cinco dias úteis consecutivos a cada 60 dias trabalhados, para visitar familiares, com custo de transporte bancado pelas empresas.
Os organizadores do movimento estão realizando uma articulação nacional e pretendem se pronunciar sobre a realização do protesto até o dia 25 de fevereiro, quando delegações de todas as 12 sub-sedes (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Cuiabá, Brasília, Natal, Fortaleza, Manaus, Recife e Salvador) irão cruzar os braços para ir até o Distrito Federal se reunir com o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI).
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, disse ao portal G1, que a possibilidade da greve é grande, caso as autoridades brasileiras não atendam as reivindicações da categoria. "A ideia, na realidade, é de iniciarmos um processo de negociação com governo. As centrais sindicais acharam por bem uma negociação unitária, com uma pauta unificada", disse.
João Carlos Gonçalves ressaltou que com a ameaça de greve, as centrais sindicais não desejam colocar as autoridades brasileiras contra a parede, mas sim se antecipar a um problema registrado na África do Sul, onde uma queda de braços entre governo e trabalhadores quase inviabilizou a realização do Mundial naquele país. "Não queremos que esse tipo de coisa aconteça e prejudique o andamento da Copa no Brasil", assegurou.
O dia nacional de luta dos cerca de 25 mil operários lotados nos canteiros de obras das arenas, ainda não está definido, mas existe a possibilidade dele coincidir com a data da visita que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o secretário-geral da entidade, Jérôme Valckle, farão ao Brasil em março. As forças sindicais, no entanto, garantem que a tudo não passa de uma mera coincidência.
O movimento único seria novidade no país, que vem acompanhando apenas paralisações esporádicas em algumas cidades-sedes. Em Recife, na Arena Pernambuco, os trabalhadores estão parados deste o dia 25 de janeiro. Na última quinta-feira, a Justiça do Trabalho de Pernambuco julgou a greve ilegal. Em Salvador, por sua vez, os trabalhos na Arena Fonte Nova ficaram parados por dois dias. As atividades só retornaram ontem. Novas paradas poderão colocar em risco a inclusão das duas cidades na Copa das Confederações, que será aberta em 497 dias e os estádios mal chegaram a metade do projeto final.
Aldo Rebelo elogia beleza da Arena Amazônia
O ministro Aldo Rebelo visitou as obras da Arena Amazônia ontem, em Manaus, e disse que leva a melhor impressão possível do estádio, segundo ele um dos mais bonitos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. O governador do Amazonas, Omar Aziz, acompanhou o chefe da pasta do Esporte ao mirante que dá uma visão completa do empreendimento. "O Brasil tem orgulho do que está sendo feito aqui", disse Rebelo, que plantou uma muda de caramuri, fruto amazônico para o qual há uma campanha na tentativa de que seja escolhido como nome da bola da Copa.
Em uma apresentação do projeto, antes da visita às obras pelas autoridades, a construtora responsável pela arena informou que 35% do projeto está concluído. O ministro Aldo Rebelo elogiou o projeto arquitetônico: "É a sexta arena que visito e, para mim, a mais bonita esteticamente. Parabéns ao projeto arquitetônico porque de fato a arena está à altura do Brasil e da Copa". Aldo fez o compromisso de voltar a cada três meses ao estádio para acompanhar o andamento das obras.
Ritmo
O governador do Amazonas destacou que a parte mais difícil da obra da Arena Amazônia já foi concluída e prometeu a obra para daqui a um ano e quatro meses. "É natural que, quando vamos ver a obra, achemos que não está avançada, mas a parte mais difícil já foi feita e 2.600 estacas estão prontas. Agora é um trabalho de montagem. Tivemos que trazer equipamentos que não temos em Manaus, como guinchos que levantam 600 toneladas. Tivemos de trazer de fora do país. Daqui a um ano e quatro meses, teremos tudo pronto", disse Omar Aziz.
A visita do ministro do Esporte integra uma série de passagens pelas cidades-sede do Mundial de 2014. Nos últimos dias, Aldo Rebelo passou por Brasília, São Paulo e Cuiabá. Na segunda-feira, está prevista uma visita a Natal, no Rio Grande do Norte.
*Tribuna do Norte
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