Júri acontece três anos após o sequestro e a morte da adolescente.
Lindemberg responde por 12 crimes e MP pede até 100 anos de prisão.
Kleber Tomaz
Do G1 SP
Lindemberg Alves Fernandes, de 25 anos, acusado
de matar a ex- namorada Eloá Pimentel em 2008,
no banco dos réus (Foto: Diogo Moreira/ Futura Press
/ AE)
Começou por volta 10h50 desta segunda-feira (13) no Fórum de Santo André, no ABC paulista, o julgamento de Lindemberg Alves Fernandes, acusado de matar a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel em 2008.
O júri iniciado pela juíza Milena Dias ocorre mais de três anos após um dos sequestros mais longos do país - cerca de 100 horas - acompanhado ao vivo pela TV, que terminou com a morte da estudante, com 15 anos à época.
Seis homens e uma mulher compõem o júri que irá definir se Lindemberg é culpado ou inocente. O réu chegou algemado, mas ficou definido que ele não usará algemas durante o julgamento.
Lindemberg responde por 12 crimes. Além da morte de Eloá, duas tentativas de homicídio (contra Nayara Rodrigues, baleada no rosto, e o sargento da Polícia Militar Atos Antonio Valeriano, que escapou de um tiro); cárcere privado (de Eloá, Victor Campos, Iago Vilera e duas vezes de Nayara) e disparo de arma de fogo (foram quatro) praticados entre os dias 13 e 17 de outubro de 2008 dentro do apartamento onde Eloá morava, no segundo andar de um bloco da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) no Jardim Santo André.
O julgamento de Lindemberg estava marcado para iniciar às 9h, mas atrasou devido a ausência de algumas testemunhas.
O júri deve durar três dias, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Ao todo, foram arroladas 19 testemunhas para prestarem depoimentos. Depois será feito o interrogatório de Lindemberg.
Desde que foi preso pela PM, ele nunca falou oficialmente sobre o desfecho do sequestro na delegacia, nem na reconstituição e nem na audiência de instrução na Justiça. A advogada garante que ele vai se pronunciar sobre o episódio.
Segundo o Ministério Público, responsável pela denúncia, se Lindemberg for condenado por todos os crimes atribuídos a ele, a pena mínima poderá ser de 50 anos e a máxima de 100 anos de reclusão. Pela legislação do país, no entanto, ninguém pode ficar preso a mais de 30 anos.
Nayara Rodrigues chega a fórum para julgamento
de Lindemberg (Foto: Nelson Antoine/AE)
Testemunhas
Nayara será uma das cinco testemunhas arroladas pela acusação. Além da estudante, que atualmente está com 18 anos, prestarão depoimento os dois colegas dela que foram feitos reféns, o policial militar que escapou de um tiro e o irmão mais velho de Eloá, Ronickson Pimentel dos Santos, que era amigo do agressor. (confira a lista completa de testemunhas no fim da reportagem).
A defesa indicou 14 testemunhas, incluindo seis jornalistas que cobriram o caso – alguns deles conversaram por telefone com Lindemberg-, um advogado que o defendeu inicialmente durante o sequestro, dois policiais militares que participaram da negociação e invasão, um delegado que investigou os crimes, três peritos do IC que fizeram laudos técnicos sobre a autoria dos disparos e um perito em fonética independente que analisou um vídeo da incursão policial.
Pai de Eloá
Durante o sequestro de Eloá, ocorreu uma situação que parece roteiro de filme. O pai da adolescente chegou a passar mal ao saber que a filha era mantida refém de Lindemberg no apartamento da família em Santo André. Imagens da TV mostraram ele entrar numa ambulância. Posteriormente, a Polícia Civil de Alagoas viu as cenas e identificou o homem como Everaldo Ferreira dos Santos, um ex-cabo da PM de Maceió, procurado desde 1993 pela polícia alagoana sob a suspeita de integrar um grupo de extermínio no Nordeste que cometia assassinatos por encomenda. Ele está preso em Maceió.
*G1.São Paulo
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