Ricardo Araújo
repórter
NATAL
adriano abreu
Inspetor Morais: - muitos condutores desrespeitam legislação
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou no primeiro semestre deste ano, 1.127 acidentes no trecho da rodovia BR-101 que corta o Rio Grande do Norte. Foram 25 mortes e 383 feridos entre leves e graves. Para o inspetor da PRF, Everaldo Morais, a grande quantidade de acidentes vem ocorrendo nos últimos anos e alguns fatores em potencial contribuem para tais ocorrências. "O brasileiro está culturalmente habituado a desobedecer as leis de trânsito. Muitas infrações são cometidas a todo o tempo", analisa.
No Estado, os atropelamentos de pedestres são os maiores causadores de mortes no trânsito e ocorrem, principalmente dentro das cidades. Foram oito vítimas fatais de janeiro a junho de 2011 por este tipo de acidente. Por falta de atenção, foram tabulados 460 ocorrências com 30 feridos graves e três mortes. A maioria dos acidentes se deram em janeiro, com 211 notificações. Já a maioria dos óbitos aconteceu em fevereiro, com oito registros.
Para o inspetor Morais, inúmeros dos imprevistos que ocasionaram a morte de 25 pessoas somente em um semestre, poderiam ter sido evitadas. "O condutor costuma mudar de faixa sem sinalizar, ultrapassa em pontos proibidos. Ou seja, desrespeita as sinalizações. Além disso, a baixa capacidade de fiscalização dos órgãos envolvidos, contribui para o aumento das estatísticas". Para fiscalizar 1.500 quilômetros de rodovias federais que cruzam o estado, a PRF dispõe de 210 policiais rodoviários que trabalham em regime de escala.
Somado-se ao reduzido número de profissionais habilitados para fiscalizar, há uma demora excessiva no julgamento dos crimes de trânsito cometidos nas rodovias e até mesmo nos perímetros urbanos. "Alguns crimes levam até 10 anos para serem julgados. Isto gera um sentimento de impunidade e as pessoas ficam alheias ao que possa vir a ocorrer se atropelarem algum pedestre ou colidirem com outro veículo", afirma o inspetor.
No relatório da Polícia Rodoviária Federal, a maioria das eventualidades ocorrem às quintas-feiras, dia no qual jovens e adultos costumam sair para um "happy hour" pós-trabalho ou faculdade. Foram 182 acidentes catalogados nas quintas-feiras, contra 175 das sextas e 174 das segundas. Aos sábados, registraram-se 156 eventualidades. A maioria delas ocorre, portanto, na saída para o final de semana e no retorno ao trabalho no primeiro dia útil da semana seguinte.
Um outro dado relevante analisado pela PRF, foi o número de colisões traseiras ocorridas nos primeiros seis meses deste ano. Foram 522 ocorrências, uma média de 2,9 por dia. Das batidas, 75 pessoas saíram levemente feridas, 21 em estado grave e quatro foram à óbito. "Os motoristas dirigem muito próximos dos veículos que estão à sua frente. Não respeitam a distância prudencial, não analisam que o condutor pode acionar o freio bruscamente. Por isso, o elevado número deste tipo de ocorrência", afirma Morais. Um outro tipo comum de acidente, são as colisões frontais. Elas ocorrem, principalmente, em ultrapassagens em áreas proibidas. Entre janeiro e junho foram 14 acidentes deste tipo. Já as colisões transversais foram 128. Seis pessoas saíram mortas dessas colisões.
Acidentes aumentam gastos com saúde
De acordo com levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado em 2009, cerca de 1,3 milhões de pessoas morrem anualmente em acidentes de trânsito nos 178 países pesquisados. O Brasil ocupa a quinta posição do ranking, ficando atrás da Índia, China, Estados Unidos e Rússia. Os custos dos acidentes são altíssimos e o Governo brasileiro desembolsa, em média, R$ 25 bilhões por ano no custeamento das despesas relacionadas aos acidentes e no tratamento das vítimas.
O inspetor da PRF, Everaldo Morais, analisa que os acidentes de trânsito empobrecem a União. "O desrespeito às leis de tráfego ocasionam as colisões, os atropelamentos e, posteriormente, a superlotação dos hospitais da rede pública. O acidente de trânsito é pernicioso. Com um acidente é gerada uma cadeia de custos muito alta". No estado, quase 100% dos acidentados são encaminhados ao Hospital Walfredo Gurgel, referência em urgência e emergência e no tratamento de politraumatizados.
Deste percentual, a maioria está envolvida em acidentes com motocicletas. No ano passado, 45% das mortes em acidentes de trânsito no país foram de condutores de motos. Eles representam os maiores custos aos Estados pois, geralmente, chegam aos centros cirúrgicos com múltiplas fraturas. "Os acidentes com motos se tornaram um epidemia. No Walfredo Gurgel, um motociclista morre a cada três dias", destaca o presidente da Associação Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Julimar Nogueira.
Para Julimar, ortopedista com especialização em coluna vertebral, os corredores do Walfredo Gurgel estão sempre cheios de vítimas do trânsito pois as campanhas de educação não são severas e a fiscalização não é rígida o suficiente. Além da superlotação, há a demora na realização das cirurgias. "Quanto mais o paciente espera, maior é o gasto para o Estado. Além disso, há os custos sociais que a vítima pode pagar pelo resto da vida", afirma.
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