Crise política no Paraguai
Do UOL Notícias, em São Paulo
Franco discursa depois de assumir a Presidência do Paraguai (Reprodução)
O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, admitiu nesta sexta-feira (22) sua surpresa com o "rápido" processo de destituição de seu antecessor, Fernando Lugo, em sua primeira entrevista coletiva após a posse.
"O processo foi um pouco rápido para mim e surpreendeu todos os paraguaios", disse Franco na sala Independência da sede de governo, onde empossou alguns dos novos ministros.
Lugo, acusado "de mau desempenho de suas funções, negligência e irresponsabilidade" após a morte de 11 trabalhadores sem-terra e de 6 policiais em um confronto armado na sexta-feira passada, durante a desocupação de uma fazenda, foi destituído ao final de um processo parlamentar que durou pouco mais de 24 horas.
Ele pediu aos líderes vizinhos, em particular os parceiros do Mercosul (Brasil, Argentina e Uruguai), que "entendam" a situação criada em seu país e aceitem que fará "o maior dos esforços para que esta se normalize".
Franco empossou Carmelo Caballero como ministro do Interior e José Félix Estigarribia como chefe das Relações Exteriores, no momento em que Venezuela, Argentina e Bolívia qualificam seu governo de "ilegítimo". Aldo Pastore foi nomeado chefe da Polícia Nacional. Carmelo Caballero será o ministro de Interior.
"O objetivo é deixar clara a mensagem de que o Paraguai tem um norte que orienta sua política externa, assim como a vontade do novo governo de devolver a segurança aos cidadãos", disse Franco, pedindo "paciência" à imprensa sobre os nomes dos demais integrantes do gabinete.
O novo presidente citou a próxima cúpula do Mercosul, que será realizada na Argentina, dando a entender que não participará do encontro, pois "o mais importante é ficar a organizar a casa" e "se for necessário irá o chanceler" paraguaio.
"O mais importante é manter as relações com os países vizinhos", observou. Franco disse que as outras nomeações do novo gabinete serão anunciadas em "pouco tempo".
22.jun.2012- Policiais e apoiadores de Fernando Lugo entram em confronto em Assunção, Paraguai, após a decisão do Senado que determinou o impeachment de Lugo, nesta sexta-feira Andrés Cristaldo/Efe
O novo presidente afirmou que gostaria de formar um Executivo plural, com os "melhores paraguaios, sem levar em conta sua filiação política", pela primeira vez na história do país.
Uma solução "imediata" ao conflito da terra foi a primeira promessa do governante, que também ofereceu a seu antecessor "que fique o tempo necessário" na residência presidencial até organizar sua mudança, assim como frisou "as garantias constitucionais" a que ele tem direito.
Vários países latino-americanos, como Argentina, Equador, Bolívia e Venezuela anunciaram que não reconhecem Franco como presidente. Analistas também questionaram a rapidez na aprovação do impeachment de Lugo.
Ao assumir o cargo, Franco foi muito aplaudido pelos senadores, que o saudaram aos gritos de “Federico, Federico”.
"A República do Paraguai vive momentos difíceis. E nessas circunstâncias Deus e o destino quiseram que eu assumisse a Presidência da República. Esse compromisso só será possível com a ajuda de todos vocês. É a única maneira de levar adiante o Paraguai, que tem que ser reconstruído em todos os setores, católicos e não católicos, com a união de todos os partidos e todos os movimentos sociais", discursou na tribuna do Senado paraguaio, enfatizando o pedido de união do Congresso. Franco citou nominalmente vários partidos em seu pedido de união: Partido Colorado, Partido Liberal, Partido Democrata Progressista.
"Eu me comprometo a respeitar as instituições democráticas. Diante desse honorável Congresso, venho ratificar minha vontade irrestrita de respeitar as instituições democráticas e o Estado de direito e os direitos humanos", acrescentou.
Ele deverá governar até agosto de 2013, quando assumirá o presidente eleito em abril próximo.
(Com AFP e EFE)
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