Rio (AE e ABr) - Depois de quatro dias de especulações, a Petrobras anunciou ontem reajuste de 7,83% para a gasolina e de 3,94% para o diesel vendidos nas refinarias da companhia a partir de segunda-feira (25). O aumento, no entanto, não deverá ter impacto sobre o preço pago pelo consumidor nos postos, segundo o governo federal.
Em nota oficial, o Ministério da Fazenda anunciou que o governo zerou a alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para os dois combustíveis. A diminuição do imposto tem o objetivo de evitar que o aumento chegue aos consumidores e afete a inflação.
No Rio Grande do Norte, o Sindicato dos postos de combustíveis (Sindipostos RN), informou, por meio da assessoria de imprensa, que não poderia estimar se, em quanto e quando haveria reajuste para o consumidor porque o preço depende da negociação das distribuidoras com os revendedores. De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro da gasolina custa em média R$ 2,717 no estado, no mínimo R$ 2,54 e no máximo R$ 2,87. O diesel, por sua vez, custa em média R$ 2,016. A pesquisa foi realizada na semana encerrada em 16 de junho e é a mais recente divulgada pelo órgão.
Segundo comunicado da Petrobras, os preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste anunciado, não incluem os tributos federais CIDE e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS. "Esse reajuste foi definido levando em consideração a política de preços da companhia, que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo", disse a estatal, em nota.
DEFASAGEM
Os reajustes são insuficientes para compensar a defasagem de preços entre o que a Petrobras compra no exterior e os produtos que vende no mercado interno. No entanto, o aumento encampado pelo governo, que abre mão de R$ 420 milhões mensais de arrecadação, atende parcialmente a um pleito da presidente da companhia, Graça Foster, que reivindica a correção de preços desde que assumiu o cargo, em fevereiro.
O mercado também aguardava com ansiedade o anúncio, já que a companhia opera com uma defasagem de 17% no preço da gasolina e de 21% no do diesel. Para atender à demanda crescente no mercado interno, a Petrobras vem importando gasolina a preços mais altos no mercado internacional.
O reajuste autorizado também é inferior aos 15% que a Petrobras recomendou em no plano estratégico, conforme antecipou o Grupo Estado na quarta-feira. Na segunda-feira, o plano será detalhado pela direção da empresa, que calculou a necessidade de elevação do faturamento da empresa em 15%, como forma de garantir o financiamento do pesado plano de investimentos, de US$ 236,5 bilhões para o período 2012-2016. A recomendação feita no plano, porém, não citou datas, nem se o reajuste seria feito de uma só vez.
A resistência do governo, sócio majoritário da Petrobras, em manter inalterados os preços dos combustíveis tem como justificativa o controle inflacionário.
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