quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Garanhuns se enfeita e prepara festa para receber de volta Dominguinhos

Mausoléu traz trecho de canção do músico. FOTO: ELAYNE SERAFIM/ARQUIVO PESSOAL
Mausoléu traz trecho de canção do músico. FOTO: ELAYNE SERAFIM/ARQUIVO PESSOAL
O corpo do sanfoneiro Dominguinhos, morto em julho deste ano, repousará a partir desta quinta-feira (26) na cidade de Garanhuns, em Pernambuco. O corpo foi transferido do Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, para a cidade no agreste do estado.
Garanhuns está em festa. O clima fúnebre, do cortejo de um corpo até o cemitério, dá lugar à alegria de ter “um homem ilustre” de volta ao seu aconchego, como afirma a auxiliar administrativa Elayne Serafim, de 30 anos, que é moradora da cidade. “A expectativa em Garanhuns está grande. É o comentário da cidade. A rua que dá acesso ao cemitério foi fechada. O assunto da cidade é a volta do Dominguinhos. A emoção é grande de ele ser enterrado aqui, um homem ilustre”, pontua a pernambucana. “Me sinto feliz por ele ser um cidadão garanhuense que saiu de sua terra para divulgar a sua música por todo o País e não esqueceu suas origens. Por nunca ter esquecido de sua terra, manteve o desejo que após sua morte seu corpo retornasse a Garanhuns, de volta para o seu aconchego”, declara.
O cemitério de Garanhuns foi enfeitado para receber Dominguinhos. E no lugar de choro, terá muito forró e sanfona. “Arrumaram o cemitério, fizeram uma minirreforma. O túmulo dele está muito bonito. Tem até um palco onde vários artistas da cidade, sanfoneiros, farão um show. E vai ter uma missa com o bispo, para receber o corpo”, diz Elayne.

Imagens: Elayne Serafim
Quase um São João fora de época
A animação na cidade é tamanha que dá para se comparar com os festejos de São João, só que alguns meses atrasados. “Está todo mundo feliz porque ele vai vir pra cá. Estão tocando as músicas dele na rádio, nas casas, nas lojas, principalmente a ‘De volta pro meu aconchego’. Eu tô animada, feliz de estar vendo isso acontecer”, afirma.
O túmulo de Dominguinhos foi enfeitado e, na lápide, foram escritos trechos da canção “De Volta para o meu aconhego”.
Relembre o sucesso “De volta para o meu aconchego”, de Dominguinhos:
A aposentada Maria Madalena Félix, de 75 anos, é outra fã incondicional do sanfoneiro Dominguinhos. Ela garante que ‘fará um esforcinho’ para acompanhar a recepção ao corpo do músico. “É uma coisa muito boa ele ser sepultado aqui, pois é a terra natal dele. Tem muita gente aqui (esperando). Ele só poderia vir pra cá mesmo. Tá tudo muito bonito, com muita gente na rua, e ainda vai chegar mais, pois ele merece. Tem muitas escolas fazendo homenagens a ele”, detalha.
A mulher reforça ainda que é necessário valorizar o que é da terra. “Nós adoramos as músicas dele, principalmente nós que somos velhos. Temos que dar valor às pessoas da cidade da gente. Não se pode deixar de ir (prestigiar a chegada ao corpo). Tem de deixar tudo em casa para prestigiar ele, pois ele merece”, afirma, animada em saber que terá por perto novamente o homem que levou o nome da cidade por onde andou.
 

Corpo de Dominguinhos é exumado para inumação (novo sepultamento) em sua cidade natal
O corpo do cantor Dominguinhos foi transferido na manhã desta quinta-feira (26) do Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, para Garanhuns, agreste do estado. Sob aplausos de familiares, amigos e fãs, o sanfoneiro deu seu último adeus ao Recife.
A pedido do filho, Mauro Moraes, o corpo do músico foi levado ao restaurante Arriégua na manhã desta quinta-feira, na Cidade Universitária, local favorito de Dominguinhos, onde foi aplaudido por familiares, amigos e fãs emocionados.
Apesar do pouco tempo no restaurante, o clima foi de celebração. O corpo do cantor chegou em um Cadilac estampado com a bandeira de Garanhuns e recebeu benção e oração. O sanfoneiro Waldonys estava no local e tocou ao lado de outros artistas.
> Assista ao vídeo com Waldonys homenageando Dominguinhos
Em seguida, o corpo seguiu para a cidade natal do cantor, a 229 km de Recife, em um comboio com dois ônibus de turismo e vários carros. Um palco foi montado na cidade, onde foi tocado músicas em homenagem ao artista. O cortejo será nesta tarde e o corpo será recebido com uma queima de fogos.
No cemitério onde será enterrado, foi construído um mausoléu com sua imagem e um trecho da música “De volta para o Aconchego”.
Filho fez pedido a partir de desejo do pai
No dia 8 de agosto, o filho de Dominguinhos, Mauro Moraes havia entrado com pedido de liminar na Justiça a fim de levar o corpo do pai na 1ª Vara Cível da Comarca de Paulista.
No dia 29 do mesmo mês, o Tribunal de Justiça de Pernambuco autorizou a transferência do corpo do cantor . Na decisão, a juíza Andréa Duarte Gomes considerou “salutar” o enterro definitivo do músico em sua cidade natal. “É uma forma de tutelar o patrimônio histórico, cultural e artístico envolvidos, e fazer com que o mestre sanfoneiro seja sepultado em sua terra natal e receba as merecidas homenagens, ‘retornando’ ao seu local de aconchego, em alusão à música ‘De volta pro meu aconchego’, de sua autoria em parceria com o músico Nando Cordel”, apontou a juíza.
Era desejo antigo do cantor ser enterrado em Garanhuns. Antes de ser internado, Dominguinhos havia dito em entrevista a uma rádio da cidade natal que queria ser sepultado lá.
O procedimento de exumação foi acompanhado por técnicos da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), pela filha do cantor, Liv Moraes, a ex-mulher, Guadalupe Mendonça, e alguns amigos da família.
Como o corpo foi enterrado há pouco tempo, não foi necessário trocar a urna funerária. Apenas uma manta, que isola o caixão e evita que líquidos e gases possam escapar, foi colocada.
Dominguinhos
O músico morreu no dia 23 de julho deste ano e estava internado desde o dia 13 de janeiro no Hospital Sírio Libanês. Ele havia entrado em coma irreversível após apresentar um quadro deinfecção respiratória e arritmia cardíaca.
Durante velório, Dominguinhos recebeu Grammy Latino de melhor disco regional do Brasil de 2012.
Com informações do repórter Levi de Freitas
Diário do Nordeste

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