quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Presos promovem quebra-quebra e destroem CDP Z. Sul

Felipe Galdino e Carlos Arthur da Cruz - repórteres 

Menos de um mês se passou e outro motim é registrado numa das unidades do sistema prisional de Natal. Internos do Centro de Detenção Provisória de Candelária, ao lado da Delegacia de Plantão da Zona Sul, se rebelaram no início da manhã de ontem. Após uma fuga frustrada, 88 homens começaram o quebra-quebra. Depois da situação ser controlada, 53 detentos foram transferidos para a Penitenciária Estadual de Alcaçuz. No último dia 28, o cenário se repetiu, só que daquela vez, no CDP da Ribeira, na zona Leste.

Magnus Nascimento
Após motim, 53 presos que estavam no CDP Zona Sul, em Candelária, foram transferidos para a Penitenciária Estadual de Alcaçuz

Eram por volta das 6h30 quando o preso Edielson Francisco da Costa, encarcerado por tráfico de drogas, terminou de cavar um buraco na parede de sua cela, e tentou a fuga. O problema para o detento foi que, primeiro, a abertura dava justamente para a delegacia vizinha; segundo: ele ficou preso no buraco e derrubou uma bicicleta que estava encostada na parede. Acabou por chamar a atenção dos policiais civis, que evitaram a sua fuga e uma possível debandada em massa.

“Os policiais viram ele preso no buraco e fizeram a recaptura”, disse a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do RN (Sindasp), Vilma Batista, que esteve presente na unidade prisional. Depois de os detentos terem seus planos frustrados, começou o motim. Eles começaram queimando os colchões e passaram a quebrar as celas. Cinco dos sete cubículos presentes no CDP foram danificados.

As grades das celas foram todas danificadas. A ira dos detentos entortou muitas das estruturas de metal usadas para prende-los. O incêndio, com a queima dos colchões, atingiu as paredes e o teto, tanto é que o Corpo de Bombeiros precisou ser chamado. A destruição era impossível de não ser percebida. 

“As celas foram destruídas e não tem como esses presos ficarem na unidade, então eles serão transferidos pra Alcaçuz enquanto os reparos são feitos”, declarou o coordenador de administração penitenciária, major Castelo Branco, na manhã desta terça-feira, 17.

O diretor da unidade, Canindé Alves, afirmou que o princípio de motim gerou tumulto no local, e por isso o Grupo de Operações Especiais (GOE) foi contatado para ajudar a controlar a situação. Também foram chamados o Batalhão de Choque da PM e policiais do 5º Batalhão. Segundo o comandante da PM no Rio Grande do Norte, coronel Francisco Araújo, a situação foi mantida sob controle e nenhum dos detentos fugiu. Ninguém, ficou ferido.
Reforma

O diretor da unidade disse que a situação foi controlada após pouco mais de uma hora. “Por causa do motim, a unidade terá de passar por uma reforma, e por isso temos de transferir os detentos”, disse. Segundo Alves, apesar da destruição, os reparos são simples de se fazer e devem duram menos de um mês. “Acho que não dá nem trinta dias porque apesar de parecer muita coisa, foi pouco o prejuízo”, garantiu. A reforma deve começar ainda nesta semana.

Após o motim, o CDP Ribeira, que está com sua reforma ainda em andamento recebeu de volta seus internos, que estavam em Alcaçuz. Retornaram à zona Leste de Natal, 35 homens. Eles tinham sido levados para Alcaçuz, no dia 28 de agosto, após motim, no CDP Ribeira, durante o apagão que atingiu todo o Nordeste. 

Após a transferência desses homens para a Ribeira e com as vagas abertas na maior penitenciária do Estado, os presos da rebelião de ontem foram para a ala de isolamento do presídio, em Nísia Floresta. Segundo o diretor do CDP de Candelária, 53 foram transferidos. Na transferência, uma das principais avenidas da capital, a Prudente de Morais, foi interditada pelos homens do BP Choque.

De acordo com a Coape, a Grande Natal possui dez unidades carcerárias para detentos provisórios, sendo cinco só na capital. Há o CDP Candelária, onde houve o motim na manhã de ontem; e também o da Ribeira. Além deles, existem dois prédios na Zona Norte e um para triagem de presos na Avenida Ayrton Senna. Três unidades em Parnamirim, sendo um masculino, um feminino e um para crimes sexuais. Uma estrutura em Macaíba e outro em Ceará-Mirim completam a lista.

No caso de Candelária, o máximo de vagas é 70, sendo aproximadamente dez homens em cada cela. Mas há momentos em que existem mais de 90 presos dentro do prédio. De acordo com a direção da unidade, ontem, quando houve o motim, haviam 88 internos. Após a transferência, ficaram 35 dividindo duas celas.

TRIBUNA DO NORTE

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