'Foi um sinal de que estava focado', diz brasileiro após bater mexicano na final do peso ligeiro e aumentar para seis o número de medalhas douradas
Por Gabriele Lomba
Direto de Guadalajara, México
Felipe Kitadai superou uma situação delicada e, depois, enfrentou um ginásio lotado, todo contra, em Guadalajara. Cinco horas após o incidente em que sujou o quimono, pegou emprestada uma calça de Sarah Menezes e foi para a final contra o mexicano Nabor Castillo. Com um ippon, levou o ouro da categoria ligeiro (-60kg) e fez o Brasil quebrar seu recorde no judô em Jogos Pan-Americanos e ainda ser o único país a conquistar seis medalhas douradas no masculino.
Com a vitória de Kitadai, o judô brasileiro fecha o Pan com o mesmo número de medalhas de quatro anos atrás, quando levou quatro ouros, seis pratas e três bronzes. Desta vez, porém, além dos seis ouros (Felipe Kitadai, Leandro Guilheiro, Leandro Cunha, Bruno Mendonça, Tiago Camilo e Luciano Corrêa), foram três pratas ( Rafael Silva, Rafaela Silva e Érika Miranda) e quatro bronzes (Sarah Menezes, Mayra Aguiar, Maria Portela e Maria Suellen Altheman). Katherine Campos foi a única da seleção que não subiu ao pódio.
Felipe Kitadai conquista o sexto ouro no Brasil no Pan de Guadalajara (Foto: Reuters)
Meio sem jeito, feliz pela conquista inédita em sua carreira, o judoca de 22 anos tentava driblar o assunto. Queria esquecer o episódio mais estranho dos Jogos de Guadalajara: a mancha marrom no quimono branco.
- Não foi muito importante. Foi um sinal de que estava focado. Mesmo com o incidente consegui manter o foco e buscar meu objetivo. Entrei para ganhar, não entrei para ficar preocupado com roupa. Foi importante para ver o quanto consigo me concentrar.
Até chegar ao alto do pódio da categoria ligeiro, Kitadai deixou para trás o venezuelano Javier Antônio Guedes, vencendo o combate em 1m40s por imobilização. Depois, passou pelo americano Aaron Kunihiro, aplicando um ippon. Deixou a área de competição com pressa e foi avisado de que sua calça estava suja, arrancando risadas dos companheiros de seleção.
Kitadai foi direto para o chuveiro. Teve seis horas de descanso até voltar para o ouro. Nesse intervalo, almoçou e até bateu bola, usando uma bola de fisioterapia, com Leandro Guilheiro, que assistia às competições. O judoca manteve a concentração e foi para a final. De novo de branco, mas agora com uma calça de Sarah, que pouco antes, de azul, tinha levado o bronze.
Em abril, também em Guadalajara, Castillo tinha visto o brasileiro calar a torcida e comemorar o título pan-americano da modalidade. Neste sábado, pisou no tatame disposto a mudar aquela imagem. Em vão. Kitadai manteve a freguesia com um ippon.
- Parecia que o ginásio estava explodindo em cima de mim - disse.
*Globoesporte.com
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