Depois de pensar em desistir do atletismo, brasileira comemora título dançando até o chão em Guadalajara ; Ana Cláudia Lemos chega em quarto
Por Lydia Gismondi
Direto de Guadalajara, México
Rosângela Santos não sabia se ria ou chorava. Preferiu dançar. E com motivo. Tinha acabado de fazer o melhor tempo da carreira e de conquistar a medalha de ouro nos 100m rasos nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. Coisa que nenhuma outra velocista brasileira tinha conseguido após Esmeralda Garcia, na edição de Caracas-83. Nesta terça-feira, apesar de não ter saído bem, Rosângela acreditou que ainda assim poderia cruzar a linha de chegada na frente. Com 11s22, deixou para trás a americana Barbara Pierre (11s25) e Shakera Reece, de Barbados (11s26). A outra representante do Brasil na prova, Ana Cláudia Lemos chegou na quarta colocação (11s35).
Rosângela Santos capricha na dancinha durante a comemoração da medalha de ouro (Foto: AP)
- Este ano está sendo muito especial para mim. Minha retomada depois de dois anos parada. Já tinha pensando em parar de fazer atletismo. Eu nem vinha para o Pan, porque estava me sentindo cansada. Mas meu técnico disse para eu vir, que eu iria conseguir uma marca boa. Não estava acreditando muito. Mas consegui. Fiz a minha melhor marca e ouro no meu primeiro Pan - comemorava.
A força que mostrou nos últimos metros da prova contou com a mãozinha de uma campeã olímpica. Maurren Maggi disse as palavras que Rosângela precisava ouvir. Lembrou delas. Procurou se isolar antes da disputa. Escolheu uma música de Beyoncé para entrar no clima. Dançava no aquecimento. Cena que se repetiu depois de ver seu nome em primeiro lugar no placar. Agora, para todo mundo ver.
Velocista brasileira acreditou até o fim que poderia cruzar a linha de chegada na frente (Foto: AFP)
O segredo é você, mesmo não tendo muita confiança, criar sua autoconfiança, sua autoestima. E conversar com as pessoas que te dão apoio. Por exemplo, em uma conversa com a Maurren, eu disse que não estava esperando muita coisa do Pan. E ela disse: “É quando a gente menos espera que consegue as melhores marcas, os grandes resultados”.
As lesões começaram a minar as forças da menina que nasceu nos Estados Unidos e apareceu como grande promessa do atletismo nacional ao vencer os 100m rasos no Troféu Brasil, então com 17 anos. Hoje, aos 20, retomou o fôlego. Está pronta para mais.
*GLOBOESPORTE.COM/jogos pan-americanos
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