POLÍTICA
Brasília (AE) - O governo vai negociar com o Congresso e a presidenta da República vai funcionar como uma articuladora política. A presidenta aproveitou ontem a posse dos novos ministros das Relações Institucionais, Ideli Salvati, e da Pesca, Luiz Sérgio, para dizer que comandará as negociações necessárias para a aprovação dos projetos de interesse do governo no Congresso.
fabio rodrigues pozzebom/abr
Dilma Rousseff empossa a ex-senadora Ideli Salvatti no cargo de ministra das Relações Institucionais
Na tentativa de deixar claro o recado sobre a nova forma que pretende dar ao governo, agora que fez uma minirreforma ministerial e mudou a Casa Civil e a coordenação política, afirmou que não vê "dicotomia entre um governo técnico e um governo político". E acrescentou, lançando pontes de negociação sobre os outros Poderes: "A afinidade do meu governo com a política se manifesta no imenso respeito pelo Congresso Nacional e pelo Poder Judiciário".
Segundo Dilma, a experiência mostra que nenhum país do mundo conseguiu um elevado padrão de desenvolvimento sem eficiência nas suas atividades governamentais e absorção das técnicas mais avançadas disponíveis. Ela buscou até dispensar a fama de "gerentona". Disse que tem convicção de que as decisões políticas constituem a base das opções governamentais. Lembrou que o governo dispõe de ampla maioria em sua base e prometeu respeitar as minorias.
O Congresso espera a retribuição das promessas de mudança da presidenta em forma de cargos e emendas parlamentares. O líder do governo na Câmara, Cândido Vacarezza (PT-SP), elogiou o discurso de Dilma. E fez cobranças para a manutenção do clima de paz. "De urgente temos de ver a liberação das emendas dos parlamentares e as nomeações para o segundo e terceiro escalões com os nomes oferecidos pelos partidos aliados". A retomada das nomeações começou na sexta-feira, quando Dilma Rousseff atendeu os pedidos do PSB, PT e PMDB e pôs Jurandir Santiago na presidência do Banco do Nordeste.
Firme e afável
Ao tomar tomar, a nova ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti destacou, que "será firme nos princípios e afável na abordagem" no posto responsável pela articulação política do governo. "Minha vida política foi marcada pelo excesso de paixão, mas aprendi muito", disse Ideli, no evento em que trocou de cargo com Luiz Sérgio, que agora assume o Ministério da Pesca e Aquicultura.
Líder do governo no Senado durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, Ideli notabilizou-se por defender o governo em duros embates no Congresso, como durante o escândalo do mensalão. "Meu trabalho será conversar, conversar, conversar, negociar (...). Minha missão é garantir o bom diálogo entre o Parlamento e o governo."
A troca de cargos entre Ideli e Luiz Sérgio põe fim ao rearranjo iniciado com a demissão, na semana passada, do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, até então o principal articulador político do governo.
Com a substituição de Palocci pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), considerada uma política com perfil de gestora, já haviam surgido rumores de que Luiz Sérgio deixaria a Secretaria das Relações Institucionais, já que a base aliada estaria insatisfeita com sua interlocução com o governo. Ele acabou ficando no ministério da Pesca.
*TRIBUNA DO NORTE
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