terça-feira, 21 de junho de 2011

RN tem 3º pior índice do país na geração de empregos

Andrielle Mendes
Repórter


O Rio Grande do Norte teve o terceiro pior desempenho na geração de empregos formais no Brasil entre janeiro e maio, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, divulgados ontem. Nos primeiros cinco meses, o número de demissões superou em 1.952 o de contratações, contrariando as projeções iniciais para o estado. No ranking nacional, o Rio Grande do Norte aparece atrás de Alagoas, que demitiu mais de 30 mil pessoas, e da Paraíba, que demitiu quase quatro mil empregados até maio. O desempenho do RN no mês também foi o terceiro pior em todo o País. Esta foi a segunda vez em nove anos que o estado fechou maio com saldo negativo. Para o economista Aldemir Freire, do IBGE, o desempenho ficou muito abaixo do esperado.

Ana Silva
As indústrias têxtil e de confecções estão entre as que mais têm dispensado pessoal, segundo o Caged

Segundo ele, a indústria têxtil, que demitiu mais de 700 empregados em maio, foi a grande responsável pelo baixo desempenho do RN. Nos últimos oito meses, o setor enfrenta uma alta de quase 200% no preço do algodão em pluma, matéria-prima. A alta encareceu o produto e obrigou fábricas de todos os portes a enxugar os custos. Em Jardim de Piranhas, município onde a atividade têxtil é a base da economia, a alta do algodão provocou o fechamento de 80 tecelagens de um total de 200 e a demissão de mais de 2 mil pessoas nos últimos meses, segundo a Associação de Tecelagens do Seridó. Embora afete a indústria têxtil como um todo, a alta atinge em cheio as pequenas tecelagens. A maior parte das fábricas ou estão produzindo menos ou fecharam as portas. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que acompanha a produção de grãos no País, a alta dos preços foi provocada pela forte redução dos estoques mundiais. O problema é nacional e afeta principalmente fábricas de baixo capital e pouca capacidade de investimento.

Apesar do cenário, o Rio Grande do Norte pode fechar o ano com saldo positivo, contratando mais do que demitindo. Isso se a construção civil se mantiver aquecida e a agropecuária, setor que demitiu 3.492 a mais do que contratou nos primeiros cinco meses do ano, volte a admitir funcionários no segundo semestre com o fim das entressafras. "Também não acredito que a indústria não vá demitir tanto no segundo semestre", completa Aldemir.

Embora as perspectivas sejam boas, o economista não acredita que os números alcançados em 2011 superem os registrados em 2010, ano considerado atípico por vários segmentos da economia.

Desacelerado

O RN já começou o ano de 2011 demitindo mais do que contratando. Em janeiro, o número de demitidos superou em 2.243 o de contratados. A situação só mudou em abril, quando o número de contratados superou em 371 o de demitidos. Apesar da leve recuperação, o RN fechou o primeiro quadrimestre (período entre janeiro e abril) com quase 2,4 mil empregos a menos, quinto pior desempenho do estado desde 2003, quando o Ministério de Trabalho e Emprego começou a disponibilizar a série histórica.

A exemplo do que ocorreu nos meses anteriores no estado, os setores do comércio, serviços e construção civil foram os que tiveram maior saldo de contratações até o momento. No outro lado da ponta, a indústria de transformação, capitaneada pela indústria têxtil, e a agropecuária, que costuma demitir milhares de funcionários no período da entressafra.

Nacionalmente, os números do mercado de trabalho em maio, não deixam dúvida de que o desempenho do emprego no País está em desaceleração. Por qualquer perspectiva que se olhe, o resultado foi menor do que seus similares, aponta matéria da Agência Estado. Foram gerados 252 mil postos com carteira assinada, já descontadas as demissões do período. Em abril, de acordo com dados revisados, o saldo foi de 294 mil.

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