Marcela Rahal
Do UOL, em São Paulo
Ano de eleição municipal e a situação se repete em várias cidades do Brasil: de olho nas urnas, políticos lançam ou apressam obras que, em muitos casos, estavam paradas ou cujos cronogramas previam outras datas de inauguração, para não mencionar a necessidade ou a prioridade de algumas dessas obras. São ruas com trechos interdidados, praças fechadas, recapeamentos de vias, calçadas onde a passagem de pedestres se torna quase impossível e outras variedades. Alguns municípios viram verdadeiros "canteiros de obras" nesta época. Pela legislação eleitoral, candidatos à eleição só podem participar de inaugurações de obras até o dia 7 de julho.
A prática de concentrar inaugurações de obras em anos eleitorais é recorrente no país e ruim para a gestão pública, avalia o professor do Departamento de Gestão Pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Marco Antonio Teixeira.
“É muito comum os governantes do Brasil fazerem isso. Deixarem seu pacote de investimentos para o ano eleitoral, exatamente para aumentar a sua popularidade para ter condições de se reeleger ou de fazer o seu próprio sucessor”, diz.
Abaixo, disponibilizamos a primeira videorreportagem feita pelo UOL em formato acessível para pessoas com deficiência auditiva e visual, com recursos de audiodescrição, legenda e inclusão de um intérprete de libras.
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Pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada), com base em dados de 1995 a 2011, revela que o investimento público de prefeituras, governos estaduais e federal, sempre aumenta em ano de eleição. Em contrapartida, quando não há disputa por cargos, há contenção de despesas.
Com um orçamento quase 9% maior do que em 2011, que somam aproximadamente R$ 38 bilhões, a gestão do prefeito Gilberto Kassab, do PSD, terá à disposição cerca de R$ 6 bilhões para investir em obras neste ano, em São Paulo. E, se seguir a lógica dos últimos anos eleitorais, a prefeitura vai usar boa parte desse dinheiro.
Em 2008, quando concorreu à reeleição, Kassab gastou 73% da verba prevista para investimentos. Em 2010, quando apoiou José Serra nas eleições presidenciais, o número também subiu: 97% da verba foi gasta. Já em 2009 e 2011, os investimentos caíram para 60 e 58%, respectivamente.
Vídeo inclusivo
O UOL inicia nesta sexta-feira (16) a produção de videorreportagens acessíveis para pessoas com deficiência visual e auditiva. O objetivo é disponibilizar conteúdo com prestação de serviço para as eleições municipais deste ano.
Atualmente, existem pelo menos 45 milhões de pessoas com deficiência visual e auditiva em todo o Brasil, de acordo com dados do Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo o presidente da Associação dos Surdos de São Paulo, Paulo Vieira, a falta de legenda e intérprete de libra nos meios de comunicação faz com que a pessoa com deficiência fique alheia ao processo político.
“As pessoas surdas só têm informação se alguém lhes conta algo ou se eles leem e, mesmo assim, existe a barreira da língua”, exemplifica.
Para as pessoas com deficiência visual, é necessário o recurso da audiodescrição, feita por um profissional especializado, que vai descrever as imagens que aparecem no vídeo. Segundo o especialista em audiodescrição e que mantém um site, que disponibiliza vídeos acessíveis as pessoas com deficiência visual, Marco Antonio de Queiroz, o recurso é fundamental para a compreensão do vídeo.
“Toda a nossa imaginação é delineada pela descrição. Você não tem o visual na sua frente. Essa é a importância da audiodescrição. Sem audiodescrição o vídeo pode ficar completamente sem sentido”.
*UOL.Eleições 2012
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