Justiça já concedeu a quebra do sigilo eletrônico dele junto à Microsoft,

Do G1, com informações do Jornal Nacional

Esta era a fisionomia do autor do massacre até o mês passado: barba comprida e olhar fixo para a câmera. A foto faz parte do perfil de Wellington Menezes de Oliveira no programa de mensagens instantâneas MSN.
O assassino se apresentava como "Wellington Treze". Ele mantinha contato com pelo menos seis pessoas.
A Justiça já concedeu a quebra do sigilo eletrônico de Wellington junto à empresa Microsoft, responsável pelo programa MSN.
Pelas evidências que recolheu até agora, a polícia acredita que Wellington tenha agido sozinho no planejamento e na execução do massacre. As conversas do assassino na internet são a peça que falta para descartar completamente a participação de outras pessoas no crime.
“O momento agora é de verificar se ele estava sozinho e, por isso, a investigação será encerrada no âmbito da Policia Civil, ou se ele agia em coautoria ou participação de alguém e se existia alguma participação criminosa”, afirmou a delegada Helen Sardenberg, da Delegacia de Combate aos Crimes de Informática.
Reflexão sobre o terrorismo
Durante a coleta de provas, a polícia encontrou material que pode levar a uma investigação diferente da que apura o ataque de Realengo. Em manuscritos deixados na casa do assassino - divulgados pelo Fantástico - há várias referências a um suposto grupo. São papéis antigos, provavelmente anteriores à morte da mãe de Wellington, há dois anos, que relatam uma rotina de orações e reflexão sobre o terrorismo.
"Estou fora do grupo, mas faço todos os dias a minha oração do meio-dia, que é a do reconhecimento a Deus, e as outras cinco, que são da dedicação a Deus, e umas quatro horas do dia passo lendo o Alcorão. Não o livro, porque ficou com o grupo, mas partes que eu copiei para mim. E o resto do tempo eu fico meditando no lido e algumas vezes meditando no 11 de Setembro"
Ele cita dois nomes de homens com os quais supostamente manteria contato: Abdul e Phillip. Não é possível dizer se estas pessoas existem ou se são fruto da imaginação de Wellington.
"Tenho certeza que foi o meu pai quem os mandou aqui no Brasil. Ele reconheceu o Abdul e mandou que ele "viec" com os outros precisamente ao Rio..."
"Tive uma briga com o Abdul e descobri que o Phillip usava meu PC para ver pornografia. Com respeito ao Phillip, eu já esperava isso (...) mas do Abdul eu não esperava isso... Nos dávamos bem e ele sempre foi flexível nas conversas e dessa vez ele foi muito rígido."
Os manuscritos também trazem referências à formação religiosa de Wellington entre as Testemunhas de Jeová, cuja igreja ele dizia continuar frequentando. Além da carta, a polícia também encontrou anotações que reforçam a obsessão de Wellington por atentados terroristas: "torres gêmeas"; "retornar fotos e dados sobre tais condições climáticas na malásia no mês de setembro"; "torres altas"; "procurar aviões da malásia"; "voos"; "aeroportos".
Em entrevista à repórter Sonia Bridi por telefone, um sobrinho de Wellington mencionou também que o tio teria uma espécie de orientador espiritual.
“Os e-mails que ele me mandava eram muito grandes, né? Muitas vezes, eu não lia tudo, mas eu lembro de alguns que ele falava que tinha um cara...”
O sobrinho disse também que encaminhou os e-mails para a delegada Helen Sardenberg, que está analisando o computador encontrado na casa do assassino.
“Eu disponibilizei para ela justamente para ela estar vendo quem era esse cara que dava conselhos a ele”, disse.
Na casa do assassino também foi encontrada uma carta redigida pouco antes do massacre, em que Wellington relata episódios de agressão sofridos na adolescência. Ele usa esses acontecimentos para tentar justificar o crime.
Polícia Federal apóia investigação
Em Brasília, o ministro da Justiça disse que a Polícia Federal vai apoiar a investigação conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. “Nós temos que investigar todas as alternativas para verificar se alguém manteve contato com ele ou o induziu a este tipo de prática. A Polícia Civil do Rio de Janeiro vem conduzindo muito bem estas investigações, a Polícia Federal está dando apoio solicitado e necessário para que isso seja esclarecido”, afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Líderes das Testemunhas de Jeová e da religião islâmica no Rio de Janeiro declararam que Wellington não era membro de suas religiões e expressaram solidariedade às famílias das vítimas.
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