A luta de pessoas com Síndrome de Down por uma oportunidade no mercado de trabalho ganha novo capítulo. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ricardo Motta, anunciou um convênio com a Associação da Síndrome de Down do RN e Associação Pais e Amigos, e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil (APABB) para a criação de vagas nos quadros do Legislativo para pessoas com Síndrome de Down. A iniciativa pioneira no Brasil visa promover igualdade de oportunidades. “Espero, sinceramente, que esse nosso gesto sirva de exemplo e de motivação para que outros poderes do nosso Rio Grande do Norte incorporem ao seu quadro de servidores, pessoas com Síndrome de Down”, afirmou Ricardo Motta.
O anúncio foi feito durante a audiência pública sobre a Síndrome de Down, realizada no auditório da Assembleia, e contou com a presença de pessoas e organizações comprometidas com a causa. A desembargadora aposentada Margarida Seabra, uma das fundadoras da Associação da Síndrome de Down, e relatou a história de luta de 30 anos em prol dos direitos das pessoas com Síndrome de Down. “Todas as conquistas destes anos de luta podem ir num passe de mágica. Por isso é importante atitudes como esta da Assembleia. A discriminação ainda continua aí, e temos que ficar vigilantes”, afirmou Margarida Seabra.
O secretário Estadual de Saúde e pai de uma jovem com Síndrome de Down, Domício Arruda, relatou as dificuldades, há quase três décadas, de pais na hora de estimular os filhos ainda bebê. “Quando começamos a luta não existia fonoaudiólogo em Natal na época. Olívia tem 30 anos hoje, e acho que ela é feliz. E é isso que buscamos”, disse. Domício prometeu interiorizar o Centro de Reabilitação Infantil (CRI), referência no atendimento às crianças com deficiências de todos os tipos. A promotora do Direito das Pessoas com Deficiência, Rebeca Nunes, também esteve presente e defendeu a inclusão de pessoas com Síndrome de Down na rede regular de ensino. “As crianças, seja qual for a deficiência, ou Down, vai para lá para aprender, e não vai só para se socializar”.
Durante a audiência, jovens com Síndrome de Down relataram os desafios e conquistas pessoais. O jovem Fábio Azevedo da Costa emocionou a todos ao falar sobre situações de preconceito e discriminação, e explicar o modo como se impõe para ser respeitado. “Alguns dizem olha o doido. Mas Síndrome de Down não é ser doido”, falou Fábio. A Apae de Parnamirim, associação da qual Fábio faz parte, solicitou à Assembleia Legislativa o apoio para colocar em prática um projeto de inclusão digital. O presidente Ricardo Motta prometeu estudar a forma legal de viabilizar a parceria.
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