Assaltos a shopping, casas e ônibus
Um grupo de evangélicos na zona Sul de Natal, uma família que passava o veraneio em uma praia do litoral Norte e os funcionários de uma loja de um plano privado de saúde, instalado no maior shopping da capital, foram as vítimas de assaltos ocorridos nas últimas 48 horas sem que nenhum dos bandidos fosse preso pela polícia. A essa série de ocorrências, junta-se a onda de assaltos a ônibus. Foram nove, nos 10 primeiros dias do ano, segundo o Seturn. Ontem, a PM deu início às blitzen para tentar coibir a ação dos bandidos.
Júnior Santos
Policiais param os ônibus e revistam todos os passageiros homens, pois revista em mulheres só é permitida por policiais femininas
O primeiro assalto da série das últimas 48 horas ocorreu no final da noite de quarta-feira, nas dunas as margens da avenida da Integração, Candelária. Por volta das 23h de quarta, um grupo de evangélicos que faziam um culto ao ar livre, quando dois homens armados renderam o grupo. Foram levados celulares, dinheiro, documentos e um golf branco pertencente a uma das vítimas.
A PM foi acionada e, de acordo com informações do tenente Vinícius, do 5º Batalhão da Polícia Militar, várias equipes fizeram buscas nas proximidades da área onde ocorreu o assalto. O carro levado pelos bandidos foi localizado em seguida, em uma estrada de acesso ao bairro de Cidade Nova, próximo ao Parque da Cidade. Ao se aproximar, a patrulhada PM foi recebida a bala pelos dois assaltantes. Apesar da reação dos policiais, a dupla conseguiu fugir pelas dunas que cercam o local. O golf tomado no assalto foi abandonado no local.
Quase ao mesmo tempo em que ocorria o assalto na zona Sul da capital, uma família de veranistas na praia de Caraúbas (litoral norte) foi rendida por quatro homens armados que invadiram a casa. O grupo estava encapuzado e, apesar da violência com que agiram, nenhuma das vítimas ficou ferida. Na fuga, os bandidos levaram equipamentos eletrônicos, câmeras fotográficas, celulares e videogames, além de jóias e uma quantia não revelada em dinheiro.
Os quatro bandidos fugiram a pé. Uma das vítimas conseguiu chamar a polícia, na delegacia de Barra de Maxanranguape (sede do município), distante cerca de 8 km da praia de Caraúbas. Uma hora depois, na única viatura que existe para cobrir a região entre Maxaranguape e Pititinga, a polícia chegou à casa assaltada.
Mais espetacular - sem que também ninguém tenha sido preso - foi o assalto no meio da tarde a uma agência de atendimento de uma operadora de planos de saúde que funciona no Midway Mall. Segundo a assessoria do plano de saúde, a agência é responsável por receber pagamentos por partes dos usuários do plano de saúde. Os bandidos levaram os valores que estavam no caixa - quantia não revelada - e pertences dos funcionários. Os bandidos fizeram disparos para criar confusão entre os frequentadores e afastar os seguranças do estacionamento do shopping, facilitando a fuga.
Responsável pela assessoria de imprensa do Midway Mall, a agência Oficina da Notícia informou que a superintendência do shopping estava apurando o caso do assalto à loja da Amil e que ainda não tinha dados suficientes para se posicionar sobre o fato.
Polícia Militar inicia operação para inibir assalto a ônibus
A "Operação Transporte Seguro", deflagrada pela Polícia Militar do Rio Grande do Norte, a fim de inibir os assaltos a ônibus, que chegou à média de um por dia nos primeiros dez dias de janeiro, não rendeu muitos frutos nas blitzen feitas, ontem de manhã e à tarde, em Natal.
Até o fim da tarde de ontem, por exemplo, policiais da Rocam e do 4º Batalhão da PM só haviam detido durante blitz realizada na avenida Tomaz Landin, na altura da ponte de Igapó, o motociclista Allan Bruno de Holanda, que estava com a documentação do veículo atrasada. Depois, a Polícia levantou a ficha dele e descobriu que ele responde a um processo por assalto à mão armada.
"Fui condenado a três anos e oito meses e já paguei quase dois anos", disse Allan Bruno, que está em liberdade condicional e anteontem havia se apresentado ao juízo no Fórum Miguel de Seabra Fagundes.
A Polícia estava parando principalmente os motoqueiros. E só por volta das 17h40 é que foi parado um ônibus da empresa Via Sul, que faz a linha 50 - Serrambi/Santa Catarina. Apenas os homens desceram do veículo para serem revistados, como o estudante Carlos Antônio da Silva, que não se sentiu transtornado com a medida: "É melhor para a segurança dos passageiros, do que ser assaltado no meio do caminho".
O motorista da Via Sul, Francisco Rósio de Lima, disse que já foi assaltado uma vez. "Quando isso ocorre a empresa dá três ou cinco dias para a gente se recuperar do susto". Ele também disse trabalhar há 16 anos na empresa e que depois do assalto, quando fazia outra linha, pediu para mudar por medo de ser reconhecido pelos assaltantes.
Além da ponte de Igapó, houve blitz à tarde, na avenida Engenheiro Roberto Freire, em Ponta Negra. Pela manhã, as blitzen ocorreram em sete pontos da cidade, mas não houve detenção de nenhuma pessoal e nem foram encontradas armas.
Delegado diz que número de assaltos cresceu
Para o delegado geral da Polícia Civil, Fábio Rogério, os últimos casos de assaltos em Natal e cidades vizinhas não significam um surto de insegurança. Fábio Rogério afirma que situações de violência acontecem todos os dias e tendem a aumentar no veraneio. "As ocorrências acontecem diariamente. Não dá pra tapar o sol com a peneira e dizer que não há. Além do mais, no verão tudo aumenta", aponta.
Fábio Rogério explica que como o fluxo de pessoas aumenta no verão, com a chegada dos turistas, a atenção dos bandidos também se volta para esse "público-alvo". "Isso não acontece somente em Natal, mas em todo o Brasil. O número de ocorrências cresce e também se concentra em áreas específicas", diz.
Já o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Francisco Canindé de Araújo, não identifica algumas das ocorrências com o aumento típico do verão. "A questão do Midway Mall é de segurança privada. Não é de segurança pública. A Polícia não pode fazer nada a não ser que seja chamada", diz. Já no que diz respeito ao assalto no prolongamento da Prudente de Morais, o coronel acredita que as vítimas cometeram um erro. "As pessoas estavam em um local afastado, sem iluminação, e depois das 23h. É um local de risco", aponta o comandante-geral. "Não vejo nexo nenhum de aumento de criminalidade. São situações isoladas", encerra o coronel Araújo.
Até o fechamento desta edição, nenhum suspeito dos crimes citados havia sido detido ou identificado.
*Tribuna do Norte
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