Assalto seguido de sequestro durou pouco mais de uma hora e terminou com cinco feridos, um em estado grave. Dois criminosos foram presos, e pelo menos um fugiu
Cecília Ritto, do Rio de Janeiro
Sequestro de ônibus no Rio durou pouco mais de uma hora - Gustavo Stephan
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A volta para casa na noite desta terça-feira reacendeu a memória do sequestro do ônibus 174, uma tragédia que os cariocas (e o Brasil) jamais esquecerão. Depois de assaltar um ônibus na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio de Janeiro, bandidos usando armas curtas e uma granada fizeram 20 passageiros reféns. O ônibus, que faz a linha da Praça XV até o município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foi perseguido pela polícia ao longo da avenida, uma das mais movimentadas da cidade. Às 20h20, o veículo foi interceptado e cercado por cinco carros do 5º Batalhão da Polícia Militar (São Cristóvão). Houve tiroteio.
Pelo menos quatro pessoas, entre elas um policial, foram baleadas, e atendidas no Hospital Souza Aguiar, que fica perto dali. O caso mais grave foi o de uma mulher, que ficou em estado grave após ser atingida no tórax e submetida a uma cirurgia. Às 21h30m, o comandante geral da Polícia Militar, Mário Sérgio Duarte, informou que dois bandidos se renderam. Eles foram encaminhados à 6ª DP, assim como todos os passageiros do ônibus. Pelo menos um dos homens que participaram da ação fugiu. Os feridos com nomes já confirmados são Eliza Mônica Pereira, de 46 anos, Fabiana Gomes da Silva, ambas passageiras do ônibus; Alcir Pereira, carona de um carro que passava pelo local, e um PM, que foi levado para o Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio.
Na avaliação de Duarte, diante da gravidade da situação - um veículo em movimento invadido por homens fortemente armados - a operação conduzida por policiias do 5º BPM e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi bem sucedida. Dois policiais que faziam patrulha na Presidente Vargas perceberam que havia uma movimentação estranha no ônibus e pediram reforço, dando início à perseguição que impediu uma tragédia nos moldes do 174, que terminou com dois mortos - uma refém, baleada no local, e o sequestrador, morto pela polícia.
Confusão - No entanto, a operação teve pelo menos um elemento de confusão e improviso que poderia ter posto a perder o bom desempenho das forças de segurança. Um dos bandidos fugiu a pé, levando consigo um refém. Na fuga, largou esse refém e fez dois outros ao roubar um Zafira, veículo que utilizou para se refugiar na favela do Mandela, que fica no Complexo de Manguinhos, na zona Norte. Foi perseguido por policiais que utilizaram um Fiesta abandonado por um motorista em meio ao tumulto. Lá chegando, libertou os dois, abandonou o carro e embrenhou-se na favela.
O trânsito da região, próximo ao centro administrativo da Prefeitura, ficou completamente interrompido, e só começou a ser liberado depois de 22h. O sequestro aconteceu num entroncamento importante, que dá acesso à zona Norte da cidade, ao Túnel Rebouças - que liga a zona Norte à zona Sul - e também à Baixada Fluminense e à Ponte Rio-Niteroi. No meio da confusão dois homens procuravam por sua mãe, Adeilde Torres Gomes, de 72 anos, que costuma voltar para casa nessa linha de ônibus. Ela realmente estava a bordo, mas nada sofreu. E fez contato pelo celular, já da delegacia, para onde foi levada com os outros passageiros, como testemunha.
Perto da meia-noite, o ônibus chegou rebocado à 6ª DP. Sem um dos pneus, e com a lateral esquerda praticamente destruída por tiros, o veículo era uma imagem da quase tragédia que aconteceu na Avenida Presidente Vargas. Assustados os passageiros que foram à delegacia prestar depoimento, não quiseram contar muito do que viram. Mas uma delas nem piscou antes de afirmar que os bandidos não atiraram. Todos os tiros foram disparados de fora do ônibus.
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