NATAL
O pedreiro Lenilson Soares da Silva, 21 anos, morreu, por volta das 16h de ontem, após cair do nono andar de um prédio em construção localizado na avenida Abel Cabral, em Nova Parnamirim. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas ao chegar ao local, nada pôde fazer. Lenilson morreu na hora. A causa do acidente será investigada pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT/RN).
Aldair dantas
Acidente teria ocorrido no 9º andar do edifício que está em construção em Nova Parnamirim
O acidente ocorreu quando Lenilson tentava passar do elevador externo de serviço para o nono pavimento da segunda torre do condomínio Nimbus, pertencente à construtora MRV Engenharia. Entre o elevador e o prédio, havia um vão com cerca de 50 centímetros. O operário, quando se deslocava, perdeu o equilíbrio e caiu de uma altura de aproximadamente 27 metros.
Nenhum representante da construtora quis falar com a imprensa para explicar os motivos do acidente. Apenas um engenheiro limitou-se a fornecer o telefone da empresa que tem matriz em Minas Gerais e afirmou, sem se identificar, "que todos os procedimentos necessários seriam tomados". Ainda de acordo com o engenheiro, 300 operários trabalham na construção das sete torres que fazem parte do condomínio. O funcionário também explicou que uma psicóloga da empresa foi a responsável por avisar à família da vítima sobre o acidente fatal. Lenilson Soares da Silva nasceu e morava no município de São José do Mipibu.
Abalados com a morte do companheiro, os operários que estavam no local pararam de trabalhar e se concentraram no lado externo do prédio. Ninguém quis comentar sobre as condições de segurança da obra. No entanto, Luciano Ribeiro, diretor financeiro do Sindicato dos Trabalhadores em Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Norte (Sintracomp/RN), afirma que um dos motivos da queda do operário foi a falta de uma passarela de acesso. "Em cada pavimento, é preciso que tenha uma passarela que faça a ligação entre o elevador externo e o prédio. No local do elevador não existia a passarela que poderia ter evitado o acidente", pondera.
A imprensa foi proibida pelos funcionários da MRV de entrar no local. Os representantes do sindicato também não puderam entrar. O engenheiro responsável pela obra disse apenas que estava cumprindo ordens e não podia deixar ninguém ter acesso ao local do acidente. "Estranho essa atitude da construtora. Quando ocorre acidentes, sempre vamos verificar o que aconteceu. Logicamente que não mexemos no corpo nem atrapalhamos o serviço dos peritos e da polícia", disse Luciano.
O Instituto Técnico Científico de Polícia (Itep) chegou ao local por volta das 18h para fazer a remoção do corpo. Moisés Martins, fiscal do Ministério do Trabalho, também esteve no local, mas não quis comentar o caso. "Estou chegando agora e ainda vamos ver e analisar o que aconteceu. Não posso falar nada", disse antes de entrar no condomínio em construção.
Segundo Marcos Gonçalves, advogado do Sintracomp/RN, caso seja comprovado que a culpa do acidente é da construtora, esta pode responder por responsabilidades cível, criminal e administrativa. "As causas serão avaliadas pela DRT/RN para se chegar ao responsável pela morte", disse.
Na manhã de hoje, os operários da MRV Engenharia, juntamente com representantes do Sintracomp/RN, irão se reunir em assembleia, em frente à obra, para reivindicar melhorias de segurança do trabalho. "A intenção é chamar a atenção dos empresários para melhorar a condição dos trabalhadores. A segurança dos operários precisa ser prioridade", diz Luciano.
De acordo com a DRT/RN, o número de acidentes de trabalho vem caindo nos últimos anos. Em 2009, foram registrados 47 acidentes, sendo 13 com vítimas graves. Ano passado, o número reduziu para 26. Desses, 4 foram com vítimas fatais. Na assembleia desta manhã, o Sintracomp/RN irá divulgar o número de acidentes desse ano em todo Rio Grande do Norte.
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