quarta-feira, 3 de agosto de 2011

FMI elogia o Brasil, mas alerta para o superaquecimento

Fundo reconhece avanço mas sugere atenção a ritmo de expansão do crédito

Economia

Carolina Guerra
Em relatório, FMI comenta economia brasileira ( Alex Wong/Getty Images)

A recomendação do fundo é que o
governo brasileiro continue a
combinar uma série de medidas para
enfrentar as pressões
macroeconômicas de curto prazo



O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta quarta-feira um relatório sobre o Brasil em que reconhece que o país fez avanços notáveis na última década, embora haja sinais de superaquecimento na economia. “Graças a um sólido arcabouço de política econômica e ao compromisso sustentado com o controle da inflação e dos níveis de dívida pública, a economia tornou-se mais resistentes a choques externos”, apontou o documento.

Para a diretoria do FMI, os indicadores econômicos em geral são favoráveis. As questões que o governo deveria concentrar sua atenção porém, são o ritmo de expansão do crédito e a continuada dependência de captações externas. “Como porcentagem do PIB, o crédito saltou de 20% em 2004 para 46% em 2010. O crédito bancário ao setor privado continua em rápida ascensão, com um incremento de 20% em abril de 2011”, revelou o relatório. Outra questão levantada é "o vigor da demanda e o aperto nas condições do mercado de trabalho, aliados aos choques nos preços dos produtos básicos que levaram à subida da inflação".

A recomendação do fundo é que o governo brasileiro continue a combinar uma série de medidas para enfrentar as pressões macroeconômicas de curto prazo. Para o médio e longo prazo as autoridades precisam implementar reformas estruturais importantes na previdência, no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e flexibilizar o orçamento. Outra observação é que medidas para melhorar o clima de negócios e ampliar a competitividade reduziriam as taxas de juros, que são estruturalmente elevadas, e favoreceriam as perspectivas de crescimento nos próximos anos.

Ainda segundo o relatório, o Brasil continua a ser um dos destinos preferidos dos investidores internacionais, devido ao cenário econômico favorável e possibilidade de rendimentos elevados. Com isso, houve também um forte aumento do fluxo de Investimento Estrangeiro Direto, o que leva o governo à tentar implementar medidas de controle de fluxo de capitais – que, até agora, surtido pouco efeito. E isso configura em uma das principais razões para a valorização do real. Para produzir o documento, especialistas do FMI estiveram no Brasil para recolher as informações avaliadas pela diretoria do órgão.

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