sexta-feira, 25 de maio de 2012

Governo divulga decisão final sobre Código Florestal nesta sextaComente

Camila Campanerut
Do UOL, em Brasília

ONGs realizam "Serenata pelas Florestas" para pedir veto ao Código Florestal, em Brasília

Após mais de sete horas de reunião entre a presidente Dilma Rousseff e ministros, o governo parece ter definido sua posição final sobre o texto do Código Florestal aprovado em abril no Congresso. A presidente pode vetar ou sancionar o projeto de lei. Segundo o vice-presidente Michel Temer, Dilma irá vetar trechos do texto.
Foi marcada, para as 14h desta sexta-feira (25), o prazo final para a presidente dar seu parecer, uma coletiva com os ministros Mendes Ribeiro (Agricultura), Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário) para anunciarem o posicionamento oficial do governo.
Pela manhã, às 9h, Dilma deve se reunir com os três líderes do governo: na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP); Eduardo Braga (PMDB-AM), no Senado; e senador José Pimentel (PT-CE), no Congresso.
O encontro é para estabelecer como serão preenchidas as lacunas que ficarão na lei que regula o uso de vegetação nativa em propriedades privadas do país. Isso porque o texto aprovado na Câmara já deixava algumas questões cruciais sem definição (como a área a ser reflorestada em margens de rios com largura maior a 10 metros) e, com o veto, novos pontos não serão abrangidos pela lei. As possibilidades vão de decreto presidencial e Medida Provisória a apoio a novos projetos já criados no Senado e na Câmara.
A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse que "a reação da opinião pública confirmou a tese que defendíamos de que seria melhor ter apostado no acordo do Senado" e ainda acrescentou que "não há empecilho de ter uma nova proposta sobre este tema no Congresso".
Protestos
Reprodução



Mauricio de Sousa ainda divulgou imagem de Chico Bento pedindo o veto à Presidente no Facebook."Palavras do brasileirinho Chico Bento", escreveu o perfil oficial da Turma da Mônica 

A ONG Avaaz entregou na manhã desta quinta-feira (24) um abaixo assinado com dois milhões de assinaturas com apelo à presidente da República Dilma Rousseff pelo veto total do projeto que reforma o Código Florestal, aprovado no último dia 25 de abril na Câmara dos Deputados.


“O texto aprovado é um texto horrível. É muito difícil pensar uma solução que respeite algum pedaço desse texto, é o texto do desmatamento. A gente quer o veto total ao desmatamento. Esse texto com aquilo que está lá tem de ser inteiramente rechaçado”, afirmou o diretor de campanhas da Avaaz, Pedro Abramovay.
Ruralistas x Ambientalistas
Os representantes do agronegócio querem que a lei amplie a área de produção (de agricultura e pecuária, entre outros) e não obrigue os proprietários a pagarem pelo reflorestamento ou multas. Eles afirmam que as alterações podem diminuir a quantidade de alimentos disponível no país. Já os ecologistas defendem a necessidade de uma maior proteção ao ambiente e à biodiversidade, além de cumprimento de multas já estabelecidas pela lei anterior.
O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional recomendou à presidente que vete integralmente o projeto de lei por considerar que ele traria"graves impactos sobre a segurança alimentar e nutricional da população brasileira". Segundo o relatório, o texto tem dispositivos que ameaçam destruir as principais riquezas do Brasil: seus recursos florestais e hídricos.
"Para este Conselho é possível produzir alimentos em harmonia com a natureza ou com baixo impacto sobre o meio ambiente (é o caso dos sistemas agroecológicos e da produção orgânica). Além disso, vem de longe o entendimento de que os problemas da fome e dos altos preços dos alimentos não são resultado da baixa produção de alimentos, mas sim de estruturas sociopolíticas e econômicas injustas – que o Projeto de Código Florestal tende a agravar. Ademais, sabe-se que parcela significativa das terras hoje ocupadas estão subutilizadas", afirma o relatório do Consea.
Os pequenos proprietários de terra também se mostraram contrários ao texto aprovado no Congresso, por "tratar como iguais" os latifundiários e pequenos. Esta distinção deve ser mais um ponto a ser definido posteriormente.
Próximos passos do veto
As partes do texto que foram vetadas devem ser comunicadas em 48h para o presidente do Senado, com os motivos do veto. Ele será, então, apreciado em sessão conjunta do Congresso, dentro de 30 dias a contar de seu recebimento. Se o prazo de deliberação for esgotado, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, para votação final.
Para derrubá-lo, é necessária a maioria absoluta. Seria preciso o apoio de 257 deputados e 42 senadores. A votação é feita conjuntamente, mas a apuração é feita de forma separada. Começa-se a apurar pela Câmara e, se conseguirem o número mínimo necessário, tem início a apuração do Senado.
Se o veto das partes do texto for derrubado, o presidente do Congresso deve comunicar o fato à presidente e enviar o texto aprovado no Congresso, para que seja promulgado e publicado.
Por outro lado, se o veto parcial não for derrubado, o que foi rejeitado pelo veto somente poderá estar em novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.
Entenda por que o novo Código Florestal pode aumentar o desmatamento
UOL Notícias Meio Ambiente

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