Mais uma vez punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o Palmeiras ficará quase um mês sem jogar no Pacaembu. Pela atuação que teve neste sábado, poderia passar até mais tempo longe da torcida, que se irritou com a falta de criatividade no 0 a 0 contra o América-RN, time que briga para não voltar à terceira divisão.
O resultado não muda a condição de líder do Verdão na Série B do Brasileiro. O time, na verdade, ampliou para dez pontos a vantagem para a segunda colocada Chapecoense, que tem um jogo a menos, mas reduziu sua distância para o time que está na quarta posição e é o clube com mais pontos entre os que estão fora da zona de acesso. Mas nada que mude a provável classificação antecipada do maior campeão do Brasil.
O que ficou na despedida do Pacaembu não preocupa, mas frustra. A diretoria optou por aceitar as suspensões de Wesley e Mendieta para tê-los enquanto Valdivia ficar com a seleção chilena, mas o camisa 10 não fará falta se repetir a péssima atuação desta tarde.
Assim como toda a equipe, que se limitou a cruzar para a área e não foi além de um chute no travessão, supera pela cera e retranca de um rival que só não fez o seu porque Fernando Prass executou milagre ao defender com os pés um chute de Adriano Pardal, aos 31 minutos do segundo tempo.
Em busca de melhor atuação, e de três pontos que antecipem a sua volta à Série A, o Palmeiras enfrenta o Oeste às 21h50 (de Brasília) de terça-feira, em São José do Rio Preto. O América-RN, ainda na briga para não ser rebaixado, atua no mesmo dia e horário contra o Bragantino, em Goianinha (RN).
O jogo – Logo aos três minutos, o Palmeiras percebeu o que teria pela frente quando o goleiro do América-RN, Andrey, começou a fazer cera logo que encostou em Valdivia na grande área, gerando um confronto entre ambos que teve até o camisa 1 acusando o chileno de ter bafo. Na briga para não cair para a terceira divisão, o time nordestino irritava ainda mais o palmeirense com sua postura extremamente defensiva, inclusive com um paredão na grande área. E faltou criatividade para escapar dele.
Há alguns jogos, Gilson Kleina tem optado por poupar Valdivia mesmo quando ele está em campo, tirando qualquer responsabilidade do chileno em marcar o adversário. Para isso, porém, o faz revezar com Alan Kardec, virando centroavante, apesar da baixa estatura, e diminuindo suas chances de chegar com a bola dominada à área. Comprometendo o poderio ofensivo da equipe.
Para pressionar o adversário, o Verdão tinha duplas em cada ponta, com Vinicius e Juninho pela esquerda e Leandro e Luis Felipe do outro lado, sendo que o último era o único a atuar com eficiência, embora limitando-se a cruzar. O lateral direito teve pouco espaço para entrar na área finalizando – na única que teve, obrigou o goleiro a fazer boa defesa.
Diante da posse de bola inútil dos anfitriões, mesmo com Valdivia saindo lateralmente da área só para tocar curto, o América-RN assustou na única vez em que passou do meio-campo com vontade de atacar no primeiro tempo. Aos 18 minutos, Adriano Pardal driblou Henrique como quis e a bola atravessou a linha do gol sem Vinicius Pacheco chegar a tempo de desviar.
A torcida vaiava a cera de Andrey, punido com cartão amarelo aos 40 minutos do primeiro tempo, da mesma forma que se incomodava com a pouca produção ofensiva. Em cruzamentos ou cobranças de escanteios, única possibilidade de levar perigo, o time acertou o travessão com Alan Kardec e viu o zagueiro Cléber quase marcar contra. Mas só.
Aos 25 minutos, Kleina ainda perdeu Luis Felipe, que sentiu mal estar e foi trocado por Wendel, muito mais defensivo. Charles, substituto do suspenso Wesley, passou a frequentar mais o campo ofensivo e propiciou o toque de bola mesmo na grande área americana, mas Andrey tinha colegas se agrupando até na pequena área para bloquear as finalizações.
Fernando Dantas/Gazeta Press
O goleiro Andrey tentou provocar Valdivia desde o início do jogo, acusando-o até de ter bafo
Antes do intervalo, os palmeirenses, que compareceram em bom número neste sábado ao Pacaembu, chegaram a ser enganados. Aos 35 minutos, quando Leandro conseguiu driblar os adversários que tinha pela frente, tocou para Valdivia bater de primeira da pequena área. A bola passou rente ao ângulo esquerdo de Andrey e balançou as redes pelo lado de fora, fazendo muitos comemorarem gol à toa.
Aos 42 minutos do primeiro tempo, uma cabeçada de Alan Kardec em cima de Andrey fechou os trabalhos ofensivos do Verdão. No intervalo, Kleina resolveu recusar Valdivia para ficar entre o círculo central e a grande área, onde realmente rende, mas o chileno estava em tarde pouco inspirada, errando passes que mesmo jogadores sem a sua qualidade não erram.
O América-RN percebeu que poderia atacar e teve seus jogadores aproveitando as costas da zaga palmeirense, mas não tinha capacidade nem de fazer Fernando Prass trabalhar. O clube potiguar era melhor cometendo faltas e com seus jogadores se contorcendo de dores a cada vez que algum adversário se aproximava.
Na frente, bastou Leandro não dominar passe de Charles, já um meia para compensar a má atuação de Valdivia, para ser trocado aos 15 minutos. Mas Vinicius continuava em campo, para surpresa da maioria dos presentes: o atacante mal tocava na bola, o que forçava Wendel a marcar e atacar intensamente como única opção na frente.
Os erros do Palmeiras eram tantos que o América-RN, mesmo com sua total prioridade à defesa, ficou mais com a bola. A posse era tão grande que Adriano Pardal só não fez o gol aos 31 minutos porque Fernando Prass fez milagre ao defender com os pés. Um retrato da atuação nada inspirada do Verdão.
Kleina via que seu time se limitava a cruzar na área, e não tentou mudar isso. Quando trocou o inútil Vinicius, colocou Caio, mais um centroavante para brigar pelo alto. O garoto, porém, mostrou em seu primeiro lance que não tinha condições de levar perigo, desperdiçando um raro bom passe de Valdivia nesta tarde. Não era o dia do Palmeiras.