sábado, 16 de fevereiro de 2019

Drogas: Volume de apreensões da PF cresce 868% em 9 anos

Da reação com Tribuna do Norte
Por Luiz Henrique GomesRepórter
A última semana revelou a presença incontestável do tráfico de drogas no Rio Grande do Norte. Em dois dias, a Polícia Federal fez as maiores apreensões da história do estado no Porto de Natal, totalizando 3,2 toneladas de cocaína em menos de dois meses de 2019. Há nove anos, em 2010, o valor que a mesma Polícia Federal encontrou é praticamente nove vezes menor: 393,5 kg. O crescimento entre o período é de 868%.

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A droga também mudou. Hoje, a cocaína é a mercadoria mais rentável no universo do tráfico, principalmente quando exportada para a Europa. O valor chega a US$ 35 mil por quilo, segundo o relatório “A nova geração de narcotraficantes colombianos pós-FARC: 'Os invisíveis'”, do centro de pesquisa sobre o crime organizado Insight Crime. A agência de polícia europeia (Europol) estima que são consumidas entre 72 e 110 toneladas de cocaína no bloco em um ano.

Em 2010, somente 7,7 kg de cocaína foram detidos no estado. A maior apreensão na época foi de maconha, de 199,8 kg. Outra que puxou o volume foi o crack (droga que é a mistura da cocaína com materiais como bicarbonato de sódio), de 185 kg. A maconha seguiu sendo a grande droga apreendida pela Polícia Federal até o ano passado, quando 1.600 kgs de cocaína foram encontrados, contra 9,6 kg de maconha. A quantidade, apesar de pequena, não reflete um tráfico ainda intenso de maconha no estado – no último dia 7, a Polícia Civil do RN encontrou 3 toneladas dessa droga em um 'bunker'.

Para o delegado da Polícia Federal Agostinho Cascardo, delegado regional de investigação e do combate ao crime organizado, a quantidade de cocaína apreendida é grande porque a rota de navios passou a existir. Segundo conta, o tráfico internacional é antigo no estado e no Brasil, mas funcionava principalmente por meio dos aviões de carga e 'mulas' (pessoas que transportam a droga no estômago). A grande diferença é que com os navios se transporta toneladas.

“O Brasil sempre foi um corredor de drogas. As drogas são produzidas na Bolívia, Peru e Colômbia, entram pelas fronteiras do Brasil e saem por avião ou navio. Antes, eram exportados mais por avião, agora está sendo mais por navio”, explica o delegado, em entrevista feita com a reportagem na última quinta-feira, 14. “A diferença do navio para o avião é: quando eu trabalhava no Aeroporto do Galeão, quando a gente achava 30 kg de cocaína isso era considerado uma grande apreensão. Mas aqui é tonelada. Porto é tonelada porque é contêiner”.

Maconha

A quantidade de maconha apreendida pela Polícia Federal no ano passado é pequena, mas a Polícia Civil do Rio Grande do Norte, por outro lado, fez uma operação recente que mostra o tráfico intenso que ainda existe de maconha no estado. No último dia 7, foram encontrados 3 toneladas da droga em Macaíba, região da Grande Natal. Trata-se da maior apreensão de drogas feita pela Polícia Civil no estado.

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