quarta-feira, 22 de setembro de 2010

CGU determina revisão de contrato

Brasília (AE) - Um dia depois de o presidente dos Correios, David José de Matos, anunciar a manutenção dos contratos milionários da estatal com a empresa Master Top Airlines (MTA) - pivô da crise que levou à demissão de Erenice Guerra da Casa Civil - o ministro Jorge Hage (Controladoria Geral da União) disse ontem que um dos contratos foi feito sem licitação e pode ser suspenso.

O contrato analisado por auditores da CGU foi assinado em maio deste ano, no valor de R$ 19,6 milhões, para o transporte aéreo de cargas em seis trechos diferentes. Outros três contratos dos Correios com a MTA tratam do transporte de cargas entre São Paulo e as cidades de Recife, Salvador e Manaus. Ao todo, os negócios somam R$ 59,9 milhões. Parte deles só perderá a vigência em julho do ano que vem.

Ontem, após a demissão do coronel Eduardo Artur Silva da diretoria de Operações dos Correios, David Matos anunciou que os contratos seriam mantidos porque haviam sido feitos por meio de pregão eletrônico - informação contestada pela CGU. Matos também foi indicado em julho pela ex-ministra da Casa Civil. O coronel, subordinado a ele, era ligado à MTA, que se preparava para se transformar em transportadora oficial de cargas da estatal. Irregularidades nos transportes de cargas foram detectadas em várias auditorias feitas nos Correios desde 2005, quando a empresa foi pivô do escândalo do mensalão, depois de um flagrante de pagamento de propina.

Outro foco de atenção da CGU é o plano de contingência da estatal preparado para 10 de novembro, quando terminam os contratos com os franqueados da estatal. Esse plano tem custo estimado em R$ 426 milhões.

“A ECT tem sido foco de preocupação da CGU desde a crise de 2005 Um dos motivos que levaram a essa preocupação especial é inclusive o volume de recursos que a empresa movimenta”, observou o ministro Jorge Hage ao Estado.

Erenice deve sair do conselho do BNDES

Rio de Janeiro (AE) - Depois de deixar a Casa Civil na semana passada sob a suspeita de nepotismo e favorecimento a um suposto esquema de tráfico de influência no governo com a participação de seu filho, a ex-ministra Erenice Guerra também deve perder sua cadeira no conselho de administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A substituição da ex-ministra é dada como certa nos bastidores do banco.

Erenice, que fazia parte do conselho fiscal do banco desde abril de 2008, foi transferida para uma posição mais importante, no conselho de administração, em maio deste ano, após substituir a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, na Casa Civil. Ela chegou a participar da última reunião trimestral do conselho do BNDES, em agosto, mas a informação que circula no banco é de que ela não participará da próxima.

A demora em substituir Erenice, mesmo depois de ela ter pedido demissão sob uma séria de denúncias, é atribuída apenas ao fato de o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, estar em viagem oficial aos Estados Unidos. Ele é o responsável pela indicação de Erenice para a posição no conselho e deverá indicar o substituto dela na volta ao Brasil.

A assessoria de imprensa do BNDES, no entanto, não quis comentar o assunto, alegando que não é atribuição da diretoria executiva do banco nomear membros do conselho de administração. A indicação dos membros do conselho é do MDIC, ao qual o BNDES está subordinado. Além do cargo no BNDES, pelo qual recebe remuneração de R$ 5,1 mil, Erenice mantinha até ontem cadeira no conselho da Eletrobras.

Serra aponta esquema de quadrilha

São Paulo (AE) - O candidato do PSDB à sucessão presidencial, José Serra, disse ontem que as suspeitas de irregularidades na Casa Civil, envolvendo a ex-ministra Erenice Guerra e familiares, apontam para a existência de um “esquema de quadrilha”. O tucano ironizou declarações da sua principal adversária, a candidata Dilma Rousseff (PT), que disse ontem, em entrevista à Rede Globo, que não pode ser responsabilizada “pelo que faz o filho ou o parente de alguém”.

“O problema que tem no governo federal não é de filho, é de sistema. O que se armou na Casa Civil, que é o ministério ao lado da Presidência da República, foi um esquema de quadrilha, de corrupção. Isso está claro”, afirmou Serra, após se reunir com artistas, na capital paulista.

“Todo mundo tem o direito de se defender, mas não é um problema de ser filho ou de não ser filho. A coisa vai muito mais longe”, criticou o candidato, que quis limitar a sua declaração sobre o tema. “Não quero virar cronista diário de cada novidade.” Durante seu discurso, o tucano disse que o governo federal “banalizou os escândalos” ao reagir à série de denúncias de corrupção nos últimos oito anos.

Ao falar sobre a sua proposta para os Correios, caso seja eleito, Serra ironizou a recente crise na instituição e disse que irá “estatizar” a empresa. “Os Correios são do governo, mas estão sendo utilizados para fins privados.”

O candidato disse ainda que o PT implantou um novo tipo de patrimonialismo no Brasil. “O PT é o bolchevismo sem utopia. É o fim em si mesmo”, afirmou. “Agora, temos a república sindicalista, que está lá apenas para curtir o poder”, provocou.

Fonte: TRIBUNA DO NORTE

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