quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cidade dos ventos




Posição dos coqueiros mostra força do vendaval na Praia do Meio Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press





Ventanias açoitam a capital potiguar com rajadas de até 70km/h

Desde o mês de agosto o natalense vem sentindo ventos mais fortes principalmente no litoral. Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), neste período - durante os meses de agosto, setembro e outubro - os ventos no litoral nordestino sofrem um aumento natural. Este ano, porém, o litoral potiguar está registrando ventos bem acima da velocidade média esperada, com rajadas de até 70km/h. A discrepância notada este ano representa alguns riscos, como o aumento das marés, consequentemente o avanço do mar. Quem convive próximo às praias do nosso litoral pode ter uma noção maior dos efeitos, mas na capital as pessoas que frequentam as praias não se dizem incomodadas diretamente com o fato.

Segundo Gilmar Bistrot, meteorologista da Emparn, o aumento da velocidade média dos ventos foi sentida com mais intensidade esse ano em virtude da alta pressão do Atlântico Sul, na costa brasileira. Outro fator favorável à incidência de fortes ventos é o fenômeno La-Niña, na costa do Equador, que possibilita uma maior circulação de ventos na região nordeste. Em agosto a velocidade média foi de 18,72km/h e para este mês o esperado é de 20km/h.

Os ventos também provocam alterações diretas no mar. Entre agosto e outubro, período de maior intensidade de ventos, o nível do mar geralmente aumenta entre 1m e 2m em virtude do aumento do ventos, já este ano a variação pode chegar a até 4m. Ele explica que as regiões mais afetadas são as praias do Litoral Norte, onde o terreno é plano e favorece o avanço do mar. Já em Natal, as praias que mais oferecem condição de avanço são a da Redinha e a Praia do Meio. "Já no Litoral Sul e nas outras praias de Natal, a condição do relevo faz com que o mar não avance tanto quanto nesses locais", ressaltou.

No calçadão da Praia do Meio, próximo à estátua de Iemanjá, uma imensa cratera se formou em virtude da força das ondas e o mar segue avançando até a barreira de concreto do calçadão. Apesar disso, frequentadores e comerciantes não se sentem incomodados ou afetados diretamente com a questão, mas dizem temer estragos. "Por enquanto não está interferindo em nada, até porque nós já estamos acostumados e as pessoas gostam da ventania na praia", disse o comerciante Pedro Cícero, 42 anos. "O que a gente percebe é que o mar está avançado cada vez mais, principalmente nesse período", afirmou o eletrotécnico Carlos Bezerra, 50.

O movimento nas praias parece não ter diminuído devido aos ventos. O que aumentou foram os riscos. O cabo Wellington de Souza, guarda-vidas do Corpo de Bombeiros, alerta para o perigo do banho de mar em épocas de maior intensidade dos ventos. "As correntes de maré sempre mudam e isso pode ser perigoso para o banhista", disse. Ele diz que é preciso estar atento às mudanças repentinas do mar e aos banhistas. "Quando a gente vê que uma pessoa está entrando muito no mar, nós já alertamos e também estamos sempre alertando na praia que os ventos estão mais fortes e o mar está mais agitado", afirmou o guarda-vidas.

Cuidados

O meteorologista Gilmar Bistrot alerta para os cuidados que se deve ter em períodos de ventos com maior velocidade. Segundo ele, árvores, coberturas e estruturas metálicas merecem atenção especial e manutenção adequada para evitar acidentes, como o do último dia 18 de agosto, quando um semáforo da Avenida Nascimento de Castro caiu sobre um automóvel. "Precisa de um cuidado constante".

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Luan Xavier // luanxavier.rn@dabr.com.br
Especial para o Diário de Natal

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