Informações da Agência Sebrae de Notícias (ASN RN)
A bebida que é a cara do brasileiro e que está sendo degustada pelos europeus também tem um gostinho potiguar. O Rio Grande do Norte enviou o primeiro lote de cachaça orgânica certificada para Alemanha via transporte aéreo. A Cachaça Extrema exportou 500 litros da bebida fabricada no município de Pureza (distante 59 quilômetros de Natal) para um importador alemão. A carga foi embarcada no voo da Lufthansa, que partiu do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante no dia 24 de julho.
A próxima remessa está prevista para setembro, quando serão exportados mais 2,5 mil litros do destilado. A operação foi consolidada como a primeira exportação de cachaça orgânica do estado.
Na Alemanha, a garrafa de 750 mililitros da Extrema está sendo comercializada sob o rótulo de ‘Passarinho’ por uma empresa que é especializada na venda de biocachaças para produção de caipirinhas no mercado alemão. O processo de exportação levou aproximadamente seis meses para cumprir exigências tributárias, legais e sanitárias por se tratar de um produto, que é uma bebida alcoólica, com selo de orgânico.
A remessa é fruto da parceira da Agroindustrial Extrema, que fabrica o produto, com a 3D Indústria de Bebidas, responsável pelo envasamento e comercialização da marca. Para chegar ao mercado internacional, as duas empresas contaram com o suporte do Sebrae no Rio Grande do Norte. Através do Plano Nacional da Cultura Exportadora, foi feito um diagnóstico e um plano de ação estratégico e comercial, tendo como alvo o mercado internacional.
A equipe técnica da Unidade de Acesso a Mercados do Sebrae elaborou o planejamento logístico e paletização do produto. Por se tratar de uma bebida que seria exportada via transporte aéreo, foi necessário identificar fornecedores capazes de unitizar o produto a para entrar no mercado europeu. A pedido do comprador, a exportação foi feita a granel em bombonas de cinco litros, próprias para o transporte de combustível, uma exigência da Lufthansa, companhia aérea que efetuou o transporte da mercadoria.
Para o diretor da Extrema, Anderson Faheina, a exportação foi uma estratégia de diversificação mercadológica para não depender apenas do mercado nacional. “Esse envio representa uma expansão e diversificação mercadológica. Essa exportação só foi possível porque a Extrema é uma cachaça orgânica, pois a Alemanha já compra essa bebida, mas o importador teve interesse por se tratar de um produto certificado com o selo de orgânico”, explica o empresário.
Produção anual
Atualmente, a empresa produz 50 mil litros de cachaça de alambique por ano, que abastecem o mercado nacional – 15% da produção vai para o Centro-Sul do Brasil e o restante fica no mercado regional. No entanto, a perspectiva, com a entrada no cenário estrangeiro, é de ampliar a produção em cerca de 30%. Segundo Anderson Faheina, a previsão e de que os pedidos internacionais fiquem entre 10 a 15 mil litros da bebida por ano. E o segundo lote já está programado para o próximo mês. “Estamos aguardando a cana de açúcar matura para abastecer os estoques e atender o pedido”. Dessa vez, serão exportados 2,5 mil litros do produto para o mesmo comprador.
“Abrimos mercado e conseguimos know-how. Teremos capacidade instalada para atender os pedidos internacionais. No exterior, nosso foco serão os outros países europeus e os Estados Unidos, mas sem deixar de suprir os compradores internos”, defende o empresário.
Para o diretor técnico do Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti, a chegada da cachaça de alambique do estado no exterior representa um marco para o segmento. “A entrada da Extrema num mercado tão exigente e qualificado, como é o europeu, é estratégica para a cachaça artesanal potiguar. A internacionalização é importante não apenas para a marca Extrema mas também para o setor e para a nossa pauta de exportação. E o Sebrae realizou um trabalho acertado para que isso ocorresse com sucesso”, diz o diretor.
Desde 2006, a agroindústria vem sendo atendida pelo Projeto Setorial Cachaças Potiguares, que ofertou consultorias orientadas para internacionalização a partir do ano seguinte. Além disso, a empresa contou com capacitações do Sebrae Mais na área de Marketing Avançado e consultorias do Sebraetec, que viabilizaram a certificação de produto orgânico, obtida em 2010 e renovada anualmente.
“Para fechar negócio, foram necessárias três reuniões por Skype e uma troca de mais de 80 e-mails. Do início da negociação até a exportação, foram três meses e meio. A ajuda do Sebrae foi essencial na fase de planejamento logístico, e também com a paletização”, explica Daniel Motta, da 3D. Segundo ele, o maior desafio agora é preparar a produção para atender a demanda do mercado internacional, pois há redes de lojas e distribuidoras de bebidas em Portugal, França e Estados Unidos interessadas no produto potiguar.
“Em fevereiro deste ano, começamos a executar o modelo de negócio que criamos, a empresa A F Souza sendo a produtora da cachaça e a 3D Indústria de Bebidas fazendo o processo de industrialização. Em menos de seis meses de parceria, conseguimos realizar a nossa primeira exportação, que é o sonho de todo produtor de cachaça”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário