Da redação com TRIBUNA DO NORTE
Por Yuno Silva - Repórter
As chuvas esparsas que molham o solo potiguar sem grande intensidade e de maneira irregular, desde o mês de fevereiro, não foram, nem serão capazes de tirar o Rio Grande do Norte da situação de seca. O diagnóstico é da gerência de meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn). A estação chuvosa, que segue até o início de junho, entrou na segunda metade do período, e a expectativa da Emparn é pela dissipação de um bloqueio climático formado há cerca de 20 dias nas camadas mais altas da atmosfera que impedem a precipitação de nuvens carregadas.
saiba mais
“Ainda são esperadas chuvas para o mês de maio, mas não temos como garantir a ocorrência enquanto a Zona de Convergência Intertropical estiver abaixo da circulação de ventos nos níveis mais altos da atmosfera. Mesmo com o aquecimento (atmosférico) na costa da África, que produz instabilidade aqui na região Nordeste do Brasil, as condições de vento não são favoráveis”, explicou Gilmar Bristot, gerente de meteorologia da Emparn.
Bristot informou que a partir desta quinta (27) é esperada a volta da formação de nuvens carregadas na região Agreste e no Litoral Leste do RN. “No caso do Agreste e Litoral Leste, para se confirmar as chuvas de maio, dependemos da pressão no Atlântico sul que precisa foralecer os ventos Alísios (que vêm de regiões sub-tropicais)”. De qualquer maneira, acrescentou o especialista, é preciso “ter cautela no uso dos recursos para garantir o abastecimento”.
A distribuição das chuvas no Estado contemplou, com índices considerados normais, as regiões Oeste e Central e algumas áreas do Seridó. Os melhores resultados foram registrados no Meio Oeste, sobretudo na Chapada do Apodi, Vale do Açu e em Mossoró, enquanto as chuvas no Alto Oeste ficaram abaixo da média. A chuva nas regiões Agreste, Trairi e da Baixa Verde também ficaram abaixo do normal.
“Abril não está correspondendo às previsões, esperávamos mais chuvas e melhor distribuição no período. Este mês, as precipitações acabaram se concentraram no litoral sul”, disse Gilmar Bristot. O meteorologista acredita que 2017 é um ano de transição, entre o longo período de seca (que já dura cinco anos) e a projeção de tempos mais úmidos a partir do próximo ano.
A partir do gráfico climático gerado pela Emparn para o mês de abril, atualizado até o dia 26, os índices pluviométricos acumulados identificam 79 municípios como muitos secos, 43 secos e 22 estão em condições normais. Nenhuma cidade foi enquadrada como chuvosa e/ou muito chuvosa. No acumulado do ano, a Emparn identifica 120 municípios como muitos secos, 21 como secos e apenas três como normal.
Piranhas-Açu
A irregularidade das chuvas afetou a recarga dos principais reservatórios do RN. A barragem Armando Ribeiro Gonçalves, a maior do Estado com capacidade para armazenar 2,4 bilhões de metros cúbicos de água, está com apenas 19,13% da capacidade. O reservatório é abastecido pelo rio Piranhas-Açu, que por sua vez ganha volume com auxílio do sistema Coremas-MãeD'Água, da Paraíba, onde não houve uma recarga significativa.
Para se ter uma idéia da crise hídrica, o açude Coremas está com 8,6% de sua capacidade enquanto as comportas do Mãe D'Água (que está com 5,5% da capacidade) estão fechadas, situação que reflete diretamente no leito do Rio Piranhas.
Monitoramento
A Emparn está com dificuldade para monitorar a precipitação em algumas cidades, como Alto do Rodrigues e Nísia Floresta – por isso há ressalvas a serem consideradas no mapa de distribuição espacial das chuvas. A meta é, em 2018, instalar 100 tele-pluviômetros e 15 estações automáticas (que medem mais variáveis climatológicas). Os equipamentos fazem a leitura e enviam os dados automaticamente. A aquisição dos novos equipamentos estão em processo de licitação, e a previsão, segundo Gilmer Bristot, gerente de meteorologia da Emparn, é que sejam instalados até 2018.
Números
79 municípios foram enquadrados pela Emparn como muito secos em abril;
43 municípios foram considerados secos;
22 cidades tiveram índice de chuvas normal até o dia 25 de abril;
03 reservatórios, se não chover, deverão entrar em volume morto até junho de 2017;
03 reservatórios devem atingir o volume morto até dezembro deste ano (entre eles o Armando Ribeiro Gonçalves);
18 açudes já estão em volume morto (reserva técnica);
11 açudes estão secos (entre eles o Itans e o Gargalheiras).
Nenhum comentário:
Postar um comentário