Quem investiu na substituição do cajueiro gigantes pelo anão-precoce está conseguindo produzir. A última grande safra de caju de Serra do Mel aconteceu em 2011.
Da redação com Agência Brasil
Por Hugo Andrade, Inter TV Costa Branca
Depois de seis anos seguidos enfrentando seca e perdas, os cajucultores de Serra do Mel, no interior do Rio Grande do Norte, têm muito o que comemorar. Quem investiu na substituição dos cajueiros gigantes pelo anão-precoce está conseguindo produzir. A colheita já começou e a expectativa para este ano é de uma boa safra.
Aos poucos, a paisagem dos cajueiros dizimados pela seca prolongada vai ficando para trás. Na propriedade de Ademar Nunes, na Vila Goiás, em Serra do Mel, a colheita do caju começou de forma intensa: em 15 dias, foram mais de 12 toneladas da fruta. “Esse ano a expectativa da gente é boa, porque choveu bastante. Desde 2011 que, durante esse mês, não não tinha chovido”, comemora o produtor.
Nesse início de safra, a caixa com 20 quilos de caju, sem a castanha, é vendida, em média, a R$17. A produção vai para indústrias de polpa e suco, além de abastecer os mercados da região. Na cajucultura, a castanha ganha atenção especial atualmente, o quilo chega a custar até R$ 8. Muitos produtores estocam as amêndoas pra garantir maior lucro ao longo do ano.
“No começo, agora, ela tá num preço bom e a gente vai vendendo. Mas daqui pro mês de setembro ela baixa. A gente armazena aqui, no próximo ano a gente vende talvez até de seis reais. Aí já tem um lucro grande”, explica Anderson Gurgel, que também é produtor na região.
Dos 135 hectares da propriedade, 75 são utilizados na produção de caju. A maioria dos cajueiros é da espécie anão-precoce. A variedade se adaptou bem ao clima da região e trouxe vantagens para os produtores, como o crescimento rápido da planta e a colheita prolongada.
“O cajueiro precoce, ele chega cedo e termina tarde. Então esse ano eu já colhi 3 mil quilos de castanha. No gigante ainda não colhi nada. Quando o gigante for chegar à produção dele, nesse precoce eu já tenho colhido uns 10 mil quilos de castanha”, acrescenta Ademar Nunes.
Os benefícios do cajueiro anão-precoce frente ao cajueiro gigante também geram empregos temporários. Neste primeiro mês de safra, o produtor contratou 12 pessoas pra trabalhar na colheita do caju. Até setembro, a quantidade de trabalhadores nos pomares deve dobrar. “Começando mês de junho, nós trabalha seis meses do ano, e entra o mês de janeiro e fevereiro tirando caju também”, conta Manoel Silva, trabalhador das produções de caju.
A última grande safra de caju de Serra do Mel aconteceu em 2011. Naquele ano, de acordo com o IBGE, foram colhidas 15 mil toneladas. Nos últimos seis anos, a seca prejudicou a cajucultura na região, mas a chuva voltou a animar os produtores. Os pés estão carregados e a produção de 2017 pode surpreender. “Promete. Promete bom, mesmo, mas em muitos cantos aqui não vai haver. Porque não tem o cajueiro mais vivo, mas, onde tem o cajueiro vivo, dá muita castanha esse ano”, disse Ademar Nunes.
Mesmo com as dificuldades causadas pela seca, o produtor Emanoel Martins conseguiu manter 15 hectares de cajueiro gigante na propriedade dele. “A produção esse ano é pras pessoas que zelaram. A gente não vai ter uma produção, assim, normal, mas a gente vai ter uma produção razoável, que pelo menos vai dar pra gente sair das contas. A gente tando dentro, trabalhando todo dia, tendo fé, consegue”, garante Martins.
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