terça-feira, 11 de abril de 2017

Fortaleza/CE: Alunas protestam contra machismo no nome de time de universidade

O nome do time “Habeas Pernas”, de alunos do curso de Direito, gerou polêmica em torno de apologia ao assédio sexual na Uni7

Da redação com AGORA RN
Informações da Tribuna do Ceará



















Gerou revolta o nome e o escudo escolhidos por um time de futebol em um campeonato de uma universidade privada de Fortaleza. A equipe “Habeas Pernas” tem no símbolo a ilustração de uma mulher em posição pornográfica. Estudantes denunciaram o caráter machista das escolhas da equipe, ressaltando que fazem apologia ao assédio e ao abuso sexual de mulheres.

Um protesto foi realizado na manhã desta segunda-feira (10) em repúdio ao ocorrido na Faculdade de Direito da Universidade 7 de Setembro (Uni7). Uma nova manifestação está marcada para as 20 horas também desta segunda-feira.

A estudante de Direito da Uni7 Amanda Campos é uma das manifestantes. Ela afirma lutar para que o caso não seja encarado com uma mera piada, como os integrantes do time teriam afirmado que foi. Ela espera que o caso gere um debate sobre o machismo.

“Estamos em uma faculdade de Direito. Nos surpreendemos com um juiz que pergunta a uma mulher que queria fazer aborto por que ela abriu as pernas, mas é aí que começa”, afirma.

“Não queremos crucificar os meninos do time, a faculdade ou o centro acadêmico. O que queremos é o mínimo de respeito aqui dentro. Queríamos que o nome e o escudo não tivessem sequer passado pela inscrição”. Ela diz ainda esperar um posicionamento da universidade sobre o caso.

Em nota de esclarecimento, o centro acadêmico Agerson Tabosa (Caat), que organizou o torneio, afirmou não ter sido apresentado ao escudo no momento da inscrição do time e que não presumiu o caráter machista do nome da equipe.

“Habeas Pernas, apenas o nome, de forma razoável, pode ser entendido como um trocadilho com a prática futebolística de driblar ou, em outras palavras, passar a bola entre as pernas do adversário”, diz a nota.

O CA ainda afirmou ter entrado em contato com os integrantes do time, no sábado (8), dia em que foi realizado o campeonato, solicitando que o símbolo da equipe fosse coberto durante as partidas, o que teria sido aceito. No entanto, as fitas adesivas usadas para cobrir o escudo desprenderam-se dos uniformes durante as partidas e não foram repostas “em razão do tardar da noite e da natureza sucessiva dos jogos”.

“Ainda que toda a situação deva ser discutida de forma pública e razoável, mostrou-se impossível, no dia do evento, alguma posição do Caat de forma mais incisiva, uma vez que, para tal, mostra-se necessária uma apuração séria de todos os fatos, o que, por sua vez, precisa de tempo. Se tomássemos alguma medida mais séria sem qualquer deliberação apurada e sem previsão no regulamento, seria um demonstrativo de inconsequência, o que não condiz com a atuação de um Caat sério”.

A exclusão da equipe do campeonato, como exigida pelos manifestantes, não combinaria com a “promoção do companheirismo e descontração” buscada pela competição. A exclusão também acarretaria, argumenta o CA, no cancelamento do evento. O centro acadêmico afirmou que, a partir da próxima edição do torneio, o regulamento impedirá “qualquer forma de manifestação machista ou que incite violência de qualquer natureza”. Também afirma que será promovida uma reunião geral pública, debatendo o tema. Confira a nota na íntegra:

Repercussão

O caso não se restringiu aos muros da faculdade, tomando grande repercussão, sobretudo, na internet. Uma das principais postagens sobre o assunto já contava com mais de 300 compartilhamentos somente em um perfil até as 8h30 desta segunda-feira.

“Não me entra na cabeça que alguém tenha um déficit de criatividade tão grande que só consiga pensar em um nome que desrespeita as mulheres. Não me entra na cabeça a falta de bom senso de quem quer que esteja nessa equipe. É machismo. O que nós estamos presenciando é machismo puro”, dizia o texto.

Amanda Campos, que também postou o texto, teve outros 200 compartilhamentos. Em média, os outros pessoas que publicaram o texto têm 50 compartilhamentos em média, afirma Amanda.

A repercussão do caso gerou reação contra quem denunciou o machismo do time. As manifestantes passaram a ser xingadas mesmo por pessoas de fora da instituição, relata Amanda. Houve desde quem as mandasse “lavar louça” a quem fizesse xingamentos de baixo calão, como “vagabundas” e “vadias”. Uma das estudantes, exemplifica Amanda, passou a ser atacada por integrantes de um grupo no Facebook de São Paulo.

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